quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Debate sobre a Cimeira de Copenhaga, agir pelo clima??? Não será mais agir pela sobrevivência da Civilização???

Amanhã realiza-se um importantíssimo debate:



Mas este debate tem muito mais haver com a gestão de recursos escassos do que com alterações climáticas... O que quero dizer é que as alterações climáticas são apenas um item dos problemas de sustentabilidade que a nossa civilização enfrenta... Ou seja, mesmo que aceitássemos os argumentos dos cépticos que põe em causa a relação entre a actividade humana/emissão de CO2 e as alterações climáticas - opinião que o autor deste Blog não partilha, uma vez que já existe um grande consenso entre a comunidade científica que, de facto, as emissões de CO2 estão a dar um grande contributo para o aquecimento global... - o que é facto é que problemas bem mais graves vislumbram-se no horizonte fruto do nosso consumo voraz (e completamente desigual) dos recursos naturais...

Vejam a seguinte tabela:





Estes dados (valores per capita!!!), provenientes do site Nation Master, podem não ser fiéis ao milímetro, mas dão bem ideia das ordens de grandeza em causa. Imaginem que a China e a Etiópia atingiam valores per capita de nº de veículos motorizados e de Km de Autoestrada semelhantes aos portugueses, não dá pa imaginar, a não ser num mundo de fantasia, porque simplesmente não há petróleo (que para além de combustível, não nos esqueçamos, tb é a matéria prima utilizada para produzir plásticos, betume, alcatrão e fertilizantes, por exemplo...), não há minérios, não há recursos neste planeta que possibilitem que cada Chinês ou Etíope tenha o nosso nível de vida... ponto final....

Mas e então, dizemos aos Chineses e Etíopes pa ficarem quietinhos e pararem de crescer (e vejam a distância que eles estão de nós!!!), enquanto nós ainda nem reduzir o nosso consumo de recursos conseguimos???? Aliás como se eles nos ouvissem!!!

Tod@s sabemos que a China está ainda numa fase de crescimento e que o seu consumo de bens e matérias primas tem crescido de forma exponencial e assim se vai manter nos próximos tempos, talvez não saibam é que também na Etiópia estão a lançar-se (com apoio...CHINÊS) grandes obras públicas desde estradas, a barragens e caminhos de ferro... só para terem ideia na Etiópia no último ano lançou-se a construção de 13 novas Universidades...

Mesmo que, com o actual modo de produção, o mundo "Ocidental" tivesse real vontade e conseguisse, começar a reduzir os seus gastos de matérias-primas, o crescimento no resto do mundo tornaria esse facto irrelevante. No entanto... a terra não estica... comé que isso se resolve então???

Bem, podemos acreditar na "fada dos dentes" e que os líderes mundiais reunidos em torno de uma mesa - com uma certa pressão de manifestações "folclóricas"  organizadas por um caleidoscópio de ONGs&Cª Lda - chegam a um acordo e decidem viver em paz e repartir de forma mais equitativa os recursos e mudar completamente o actual modo de produção (mais uma vez olhem pós números da tabela...).
Ou podemos ser mais realistas e perceber que com a manutenção do actual status quo político-social o que se avizinha no futuro a médio prazo é um explodir de conflitos em torno do controlo dos recursos naturais...

Acabo com a menção a dois filmes, um é o "Day After Tomorrow", aquele em que começa tudo a congelar devido a uma alteração na corrente do golfo, bem essa não é a maior fantasia do filme... a maior fantasia vem no final quando milhões de refugiados do Norte procuram asilo nos países do Sul (no filme a cena é especificamente os gringos a passarem pó México...)... Dá ideia que houve uma catástrofe, milhões morreram, mas as estruturas de poder mantém-se... Bem... Um cataclismo daqueles a acontecer lançaria um tal caos políticó-social que o Mad Max pareceria um retrato do paraíso...

Bem mais relevante para este debate que as fantasias do "Day after Tomorrow", tanto que é uma história real, é o seguinte filme que estreia dia 18 de Dezembro



É a história de Hypitia de Alexandria e do fim do mundo clássico, um autêntico retrocesso civilizacional que ocorreu há 1600 anos...

É que nestas discussões falta muita perspectiva histórica!!! E se bem que a ciência é fundamental para percebermos o que está em jogo, não é aí que estão as questões fundamentais... Não é saber se mais x emissões ou menos y emissões de CO2 vão fazer aumentar o nível das águas mais um metro ou quinze... antes disso a humanidade vai matar-se à paulada para controlar os recursos escassos!!!

Camaradas, a responsabilidade sobre os nossos ombros é gigantesca, não estamos a lutar para "Salvar as Baleias" ou o "periquito de bico amarelo da papua nova guiné", não está em causa o desaparecimento de meia dúzia de atóis no pacífico, ou o Terreiro do Paço ficar inundado...
está em causa a manutenção de um nível mínimo de Civilização!!!

Rosa Luxemburgo, no início do século XX, analisando as tendências no mundo dessa altura, lançou um aviso "Socialismo ou Barbárie"... No início do século XXI esse aviso é ainda mais sério!!!

Ou há uma Revolução Social Progressista ou espera nos a Guerra e a Barbárie! (Vejam o link)

1 comentário:

Anónimo disse...

O Krugman tinha uma proposta muito interessante para o problema do clima: todas as emissões de GEE no mundo teriam que pagar exactamente a mesma taxa (com um valor bem alto), revertendo o valor para o estado onde a emissão tinha sido criada.
Resolvia-se o problema das guerrinhas entre países sobre as quotas, cada um ficava com os seus impostos, deixaria de haver pressão para cada um aligeirar a legislação ambiental, deixaria de haver deslocações de indústrias poluentes, e acima de tudo os habitantes pobres do planeta quase não notariam a taxa. Os do norte rico, esses sim.
atanasio