Irei começar como quase toda a gente, como uma espécie de treinador de bancada, Louçã esteve abaixo do que seria esperado. Sim, no sentido em que o esperado (pelo menos por mim) seria que estivesse muito mais ao ataque e entala-se mais o Sócrates. De facto, Sócrates é esperto e recorreu à esperteza para, no mínimo, ocupar tempo precioso que poderia ser usado contra si. Louçã respondeu e bem, mas ficou o soundbyte e a sensação que foi apanhado de surpresa. Sendo assim:
- 1º Sócretinos ganham algum ânimo e pelo menos têm onde se agarrar para reclamar vitória;
- 2º Maior beneficiário é Paulo Portas, há muito eleitorado indeciso entre BE e CDS (pois é bébé...), esta tirada dos "Benefícios" assusta os mais alérgicos ao Comunismo e pode afastar alguns descontentes furiosos com Sócrates do BE para o CDS, daí como disse aqui, a importância vital do debate com Paulo Portas.
Outra nota, Sócrates utilizou terrorismo verbal e desrespeitou completamente as regras ao interromper constantemente Louçã, sobretudo a questão das nacionalizações podia ter sido melhor explicada por Louçã não fossem essas tácticas Sócratistas... E algum comentador ou seja quem for (a n ser Bloquistas...) critica Sócrates por isso??? Ele foi eficaz, ponto final.
O mundo não é dos "meninos bonzinhos" que cumprem as regras. Louçã não devia ter dado quartel, nem tão pouco o ter tratado por engenheiro (coisa que Sócrates não é).
Mas... para lá do imediato fica muito mais, concordo muito com Zé Neves, o que é facto é que nesta campanha eleitoral os temas e propostas em debate são os da "Esquerda Radical", isso só por si é positivo, mas muito insuficiente (o centrão esconde-se e agita o espantalho do "Radicalismo" na esperança q tudo fique na mesma e se piorar, que piore para os de sempre....), no entanto, se a "Esquerda Radical" tiver cabeça pode ser um enorme trunfo.
Envolvi-me em aceso diálogo a propósito deste post, aqui fica, até com alguns toques mais "pitorescos" um excerto dessa troca de argumentos:
De Francisco a 8 de Setembro de 2009 às 23:05
Foi a táctica típica de agitar o espantalho, não achem é que a população seja assim tão estúpida.
É muito mais simples, claro, eficiente e justo acabar com benefícios fiscais (aquilo é quase preciso um doutoramento pa preencher as declarações...) e ter serviços públicos universais e gratuitos, gratuitos não só a nível de isenção de taxas, mas como muito bem disse Louçã, por exemplo no secundário fornecendo GRATUITAMENTE os manuais (aliás pq é q não tão na net em PDF?)
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De Silver a 8 de Setembro de 2009 às 23:10
Francisco (Furtado? Se sim, aceita um abraço), não se trata de agitar espantalhos. A realidade é simples. Uma extrema esquerda forte assusta os empresários. Sem empresários não há emprego.
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De Francisco a 8 de Setembro de 2009 às 23:45
Desde quando? Já pensas-te nisso? É que a humanidade tem 7 000 anos de história ...
Pensar que os problemas da ecologia/sustentabilidade; crise económica; conflitos geoestratégicos entre potências novas e velhas se vão resolver sem uma alteração profunda do nosso modo de vida e quotidiano é pura ilusão.
Gente com garra e iniciativa sempre será necessária, gerir organizações e instituições sempre será necessário. Mas pensar que o actual modelo de "empresários" e "empresas" irá subsistir eternamente é pura fantasia...
Quanto mais cedo aceitarmos as mudanças de paradigma q se impõe melhor...
De Silver a 9 de Setembro de 2009 às 00:05
Posso admitir que é necessário uma mudança de paradigma. Mas não te estás a referir aos velhos modelos soviéticos, ou estás? É que esses já foram testados sem sucesso...
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De Francisco a 8 de Setembro de 2009 às 23:47
Já agora até te dava um abraço, se soubesse quem eras, LOL
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De Silver a 9 de Setembro de 2009 às 00:05
Nuno Abrantes ;)
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De Francisco a 9 de Setembro de 2009 às 00:15
Oi Nuno! Claro q sim, estou a ver.
Pois o q te digo é q estamos em 2009 e não em 1917... E é um facto q esse sistema falhou logo era preciso ser muita nhurro para querer fazer um replay.
Agora tb te digo que as análises que se fazem ao contributo da URSS para o desenvolvimento da humanidade são, no mínimo, extremamente tendenciosas e deformadas (regra geral)...
De resto o programa do BE só peca, na minha opinião, por defeito. Mas axo um excelente ponto de partida (e está mt , mt longe dos planos quinquenais ou do comunismo de guerra Soviéticos)
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Tal como em várias discussões que tive com malta que vive ainda na Revolução Interplanetária, volto a reafirmar: O Programa do Bloco (que já teve mais de 150 000 downloads!!!) é um programa de transformação Radical da sociedade e economia portuguesa!
E é assim mesmo que tem de ser e é isso que é necessário e por nada menos que isso dará o povo a confiança ao BE para liderar uma espécie de Frente Popular que chegue ao governo.
É neste ponto em que já foram mencionadas "mudanças de paradigma" e livros escolares disponíveis em PDF que decido por aqui uma pequena parte do prefácio à "Contribuição à Crítica da Economia Política” de Karl Marx, estas poucas linhas condensam o mais determinante e fulcral do pensamento de Marx (na minha opinião), condensa anos e anos de história e de lutas:
Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social.
Li este excerto num debate acerca de direitos de autor, livre partilha na Net e Partido Pirata, que decorreu no Socialismo 2009, um debate que precedeu esta conferência. Finalmente, já era tempo do BE fazer esta discussão que é das mais fundamentais, repito, das mais fundamentais que a Esquerda e toda a sociedade se confronta. Aliás as notícias são cada vez mais frequentes e o desajuste das relações de produção face às novas forças produtivas cada vez mais evidente!
Mas vamos com calma,
Vale a pena explicar em que consiste, provavelmente, a mais radical alteração das forças produtivas dos nossos tempos.
É que a "informática" permite codificar em 0 e 1 tudo o que é produção simbólica, tudo o que sejam textos, som e imagens e dessa forma permite que essa informação:
1 - Seja muitíssimo mais fácil de manipular/editar;
2 - Faz com que os custos da partilha, difusão e reprodução da informação sejam drasticamente reduzidos (é tudo energia, ou quase... deixa de existir necessidade de suporte físico para este tipo de produtos).
No fundo os tais 0 e 1 (o Byte é uma sequência de 8 desses zeros e uns, é esse o tijolo em que assenta todos os ficheiros e softwares existentes) não são mais do que uma espécie de código morse (porque é 0 ou um se existe transmissão d um sinal elétrico ou não), mas muito mais estruturado e organizado de forma a que o caudal de informação que se transmite pode ser muito maior e mais complexo.
Ou seja, toda a produção simbólico pode hoje em dia ser partilhada, disponibilizada, editada e reproduzida a um custo que é uma fracção mínima do que acontecia à 15 anos...
Ainda me lembro de usar um Walkman... Uma cassete de 90 minutos (as maiores e diziam que faziam mal pois eram muito pesadas) tinha prái umas 30 músicas e se ouvia duas vezes a cassete tinha de mudar de pilhas. Hoje em dia o pequeno leitor que tenho permite-me ouvir mais de 800 músicas e a bateria dura prái três dias e não tenho qu e ter um monte de cassetes que mesmo assim ficam longe de ter a mm informação que tenho hoje em dia no leitor, para n falar que até posso ver imagens, editar playlists, etc...
É que agora é tudo zeros e uns, é tudo energia e código, antes era preciso fita, um motor para rodar a fita, no fundo muito mais matéria, mais recursos e mais dispêndio de energia... para obter um serviço, um resultado final muito mais limitado do que é possível hoje em dia apenas manipulando energia...
Os direitos de autor, tal como existem, são uma relíquia da história. Mas não apenas os direitos de autor... Estas novas ferramentas de manipulação e partilha de informação têm aplicação em numerosos outros campos (vejam este trabalho q fiz acerca dos sistemas de transportes urbanos). Na economia esta alteração permite tirar um muitíssimo maior partido das economias de escala, que é o que empresas como a Wal Mart, Amazon ou a Google andam já a fazer.
Por exemplo as directivas europeias que obrigam os estados a privatizar (e num certo sentido ainda mais anti-económico) espartilhar as empresas de transporte (nomeadamente nos caminhos de ferro) são completamente abestrusas e só servem para dar rendas aos amigos!!! São as relações de produção desajustadas à nova realidade das forças produtivas. São um colete de forças!!!
Neste momento os avanços nestas áreas são das melhores ferramentas ao serviço da humanidade para superar o problema cada vez mais crescente de delapidação do nosso suporte de vida (destruição da natureza) e da escassez dos recursos naturais. Não é por acaso que a NASA já não se pode dar ao luxo de queimar triliões de recursos (literalmente, aquilo era uma brutalidade de desperdício, pesquisem na net os pormenores técnicos se tiverem curiosidade) para por um homem na Lua. A era da abundância material terminou!
O que nos pode safar é exactamente a gestão muito mais inteligente dos recursos e a partilha de informação que a internet e a informática permitem. Um texto extraordinário que recomendo é este, Is Paradigm Shift too Difficult in U.K. Transport? Dá uma boa ideia das mudanças no quotidiano que serão necessárias se não quisermos ir parar a um cenário Mad Max.
Revolução Social
Quando Marx fala em Revolução Social no excerto acima tinha uma ideia mais precisa que aquela que eu axo mais correcta (vejam o texto completo). Ou seja, qd ele diz que "De formas de
desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social." esta revolução social não significa apenas uma revolução como a francesa (passagem do feudalismo pa capitalismo, ou mundo antigo para o moderno), ou a Russa (capitalismo para comunismo) até porque axo essa estratificação da história da humanidade demasiado esquemática e eurocêntrica, mas enfim... A questão é que essa contradição gera inevitavelmente grandes conflitos, a emergência de novos movimentos, ideias, culturas, valores, etc...
As forças produtivas sujeitas às velhas relações de produção ficam como num colete de forças... São precisas novas relações para arranjar um novo equilíbrio, de preferência que liberte as forças produtivas de forma a atingirem o máximo potencial.
As soluções encontradas e os conflitos gerados podem ser de vários tipos:
- As Revoluções Nacionais, os movimentos Fascistas dos anos 20-30...
- Foi o aumento dos lucros obtidos com o sistema esclavagista no sul dos EUA com a invenção de um novo engenho (em 1794) que facilitava o processamento do algodão, que conduziu ao aumento da escravatura em meados do século XIX no Sul, na verdade esse modo de produção torna-se de tal modo competitivo, que um confronto violento com o Norte Industrial-Capitalista torna-se inevitável. A mais brutal guerra travada pelos EUA, uma guerra "entre irmãos"...
- Um exemplo mais recente e "caseiro" na área das Artes é este mesmo (felizmente graças à combatividade do Artista parece que os abutres recuaram). Este tipo de polémicas é possível pq hoje em dia um indivíduo criativo com um computador e uma máquina fotográfica consegue produzir Arte e difundi-la até mais longe do que uma instituição com n funcionários e uma estrutura muito mais pesada...
Em conclusão, cabeçada é garantido que vai haver, não há volta a dar, a questão é que tipo de novas relações de produção emergirão dos conflitos que se avizinham (até já temos um partido pirata tb! era de falar com eles) .
Lenine disse que o Comunismo era a Eletricidade e os Sovietes, básicamente progresso e democracia. Refino, a Esquerda Radical e Popular, luta por maior justiça, liberdade e igualdade...mas a óptica não é a de defender os "coitadinos e pobrezinhos", nem tão pouco como certos sectores propagam, o propósito do Comunismo não é a pura resistência e defesa das relações existentes (mesmo quando a transformação afecte momentaneamente certas clientelas actuais da esquerda, seja no mundo das artes ou nos sindicatos... à pois é bébé).
Não, o grande argumento da Esquerda Radical e Popular, face à contradição central exposta, é o de lutar por novas relações de produção que libertem ao máximo as forças produtivas e o façam no sentido de garantirem maior liberdade, igualdade e justiça para todos/as.
Por isso é que se fazem Revoluções, é porque vai nesse sentido estratégico que é tão positivo o programa do BE, por isso a direcção do BE face aos truques rasteiros do imediatismo deve manter-se no plano mais alto. Porque a malta não é estúpida e percebe que novas soluções, com grande dose de radicalidade, mais do que positivas são absolutamente necessárias...
Até porque a revolução há de sempre acontecer pode é ter um sentido muito, muito tenebroso, porque a técnica é uma ferramenta com muitos gumes e se o potencial destas novas tecnologias para o acesso e democratização do saber e da gestão inteligente (de tudo!!) é impressionante, não é menos o imenso potencial de controlo...
Portanto, Camaradas, com toda a serenidade, com o máximo de coragem e inteligência, não hesitemos em ser os porta-estandarte das soluções de transformação radical que o momento impõe. Só com elas poderemos ganhar a confiança das massas e com elas, e como parte integrante delas, construir uma nova, mais justa, próspera, livre e fraterna República.
PS - Já me apelidaram de "Cromo" em vários comentários da Blogosfera, sabem que mais, nem imaginam quanto... e melhor, há muitos mais, e piores q eu, MothaFucka Geeks out there! A Revolução só será se for tb uma beca Geek.
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