sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Rocky



Na Sic Notícias tem tado a passar umas reportagens sobre a "vida pessoal" dos líderes partidários dos 5 maiores partidos... A do Paulo Portas "como você nunca o viu" é deliciosa... Um pormenor da casa dele é que tem uma espécie de poster de Corto Maltese (que roda e muda para a Sharon Stone e depois pó Churchill...)... Achei estranho e interessante, mas talvez faça sentido... É que afinal Corto Maltese é um livre pensador aventureiro. Corre o mundo envolvendo-se em aventuras e romances, quase sempre colocando-se do lado dos mais fracos... Deve ser o lado Românticó-Aventureiro de Portas... Aliás, quem noutra entrevista já confessou ter tb um especial apreço por esta personagem é Francisco Louçã...

Cá por mim não sei... é de uma elegância e de um estilo dificilmente igualáveis (não é por acaso q é poster boy da DIOR)... de um lado pó outro, sempre em fantásticas epopeias... mas não sei... sempre o axei uma beca estranho, descomprometido, demasiado blasé? Ás vezes faz me lembrar o Principezinho do Saint Exupéry, não sei bem porquê. Mas talvez a minha falta de fascínio deva-se ao facto de não o axar (mm com todas as suas virtudes) uma figura inspiradora...


O poster que tenho em casa é de outro personagem...

Quem está na minha parede é Rocky, sim Rocky Balboa, Rocky I, filme escrito e protagonizado por Stallone, vencedor do óscar para melhor filme de 1976 (e a competição era fortíssima, nem tinha ideia) , conta-nos a estória de um pugilista que falhou a sua chance e agora deambula pela cintura industrial de Filadélfia, ocasionalmente faz "cobranças" para um pequeno "Boss" mafioso... Mas tem o coração mole de mais...


Com sorte e preserverança consegue uma segunda oportunidade, um combate contra Apolo, o campeão dos pesos pesados, isto pq o agente de Apolo axa piada ao seu cognome "The Italian Stalion"... 
 As condições de vida de Rocky são precárias, então as de treino... Uma das ajudas que arranja é de um tipo que trabalha num matadouro e deixa-o treinar na arca-frigorífica onde guardam as carcaças... Rocky utiliza-as como saco de box... O homem acaba por "patrociná-lo" e dá-lhe uns bons bifes de vez enquanto... Corre ao longo do caminho de ferro, passa por fábricas com enormes chaminés a deitar fumo... Há aquela cena memorável em que sobe as escadas do museu de arte de Filadélfia (nesse local existe agora uma estátua à Personagem)... tem um fato de treino sujo e velho... 
Pelo meio há também uma história de amor, mas a rapariga por quem se apaixona não é uma Deusa da Renascença ou uma Bomba Plantinada... Adrian é meio escanzelada, mas é boa rapariga, tímida e um pouco cerebral... 
O filme acaba com o combate entre Rocky e Apolo, e sabem que mais, Rocky perde, perde o combate final, mas é o grande vencedor... Aguenta os 15 rounds e dá um espectáculo de Box, perde aos pontos, mas ganha o coração do público, de todos os que o apoiaram desde sempre, e mais, ganha o respeito e torna-se um Herói na comunidade onde está inserido... Mas no final só lhe interessa a Adrian...
Abaixo coloco uma cena do Rocky II, é engraçada porque é basicamente um remake da mesma cena do Rocky I, só que aqui Rocky já não corre sozinho, aqui já é um herói Popular...



Para além da estória altamente inspiradora, poucos são os filmes, com este sucesso, que têm como protagonista um homem deste meio e têm como cenário de fundo os subúrbios Industriais...

Mas há um senão, um senão que dava para uma muito longa conversa sobre a propaganda reaganista e parte da base sociológica de apoio à contra-revolução conservadora, pelo menos nos EUA, é que Rocky IV, o mais famoso de toda a série, é uma peça de propaganda brutal!!! Talvez das mais eficazes da guerra fria... O Rocky de 1976, herói da classe operária, transforma-se em 1985 no anjo vingador da Santa América contra o Império do mal... Um Cruzado da guerra-fria... Para isto ter acontecido há muita "esquerda" que, com diferentes erros, deu um grande contributo para que este fenómeno "degenerativo" tenha ocorrido...
(axo q tão a perceber que o Rocky n deixa de ser uma grande metáfora)


Se este discurso de Churchill marca o início da guerra fria, este abaixo de Rocky faz descer o pano, é uma ode fúnebre à URSS, profético, acutilante, brutal... No som, palavras e imagem... Gorbatchov põe-se de pé e aplaude o discurso, aceita a conversão... Não foi tb isso que, de facto, se passou?



(aqui podem ver a cena em que eles iniciam o combate e Ivan Drago tem a tirada "I must Break you", a máquina de destruição do Império do mal logo no início do filme tinha dito "I can not be defeated"... afinal havia outra... Mensagens curtas, claras, o essencial...Resultou)

Rocky é Grande, pó bem e pó mal...

PS - Já agora, lembrei-me disto

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