A verdade é que não muitos... A começar pelos primeiros interessados e autores da façanha, os alemães de leste (Alemães de Leste lamentam queda do muro). Aliás este é um dado incontornável e que nos devia fazer a todos reflectir antes de começar a debitar a propaganda do regime de forma mal digerida. 20 anos após este evento determinante parece que as celebraçõs são algo envergonhadas, belíssimo sinal, 20 anos após a queda do muro a verdade é que o seu fantasma ainda mete medo... É que para celebrar tão rotunda vitória do Capitalismo e do Império Estado Unidense esperava umas celebrações bem mais revanchistas e efusivas....
Falso, claro que é também com a maioria de Alemães de Leste que fazem um balanço positivo do que foi a RDA que se vai re-construir o "comunismo" (ou construir o neo-comunismo), aliás não serão esses mesmos que enchem as hostes do tão celebrado (até pelo autor deste Blog) Die Link???
Sinceramente, só celebrarei a queda do muro quando:
2º - Quando a "Esquerda" conseguir reconstruir uma grande narrativa (ou pelo menos uns tópicos estruturados) que seja percepcionada pela maioria (ou um grupo significativo) como resposta à crise actual e alternativa ao sistema capitalista que nos está a conduzir ao abismo. (vejam estas sondagens)
A verdade é que a queda do muro não só fez ruir o "Socialismo Real" nos países libertados pelo exército vermelho após a II Guerra Mundial e na própria URSS, fez mais, com a queda do muro e desse bloco a própria social democracia europeia perdeu uma das suas muletas. É que os "30 anos gloriosos" do pós-guerra, a instauração do well fare state, o chamado "Estado Social Europeu", só existiram devido a:
- Luta dos trabalhadores e suas organizações na europa Ocidental;
- existência de um bloco Geo-político alternativo, o mundo do "Socialismo Real".
Não fosse o VIII Exército da Guarda a por a bandeira vermelha com foice martelo no Reichstag em 45 e queria ver onde é que estava o "Estado Social Europeu" e o plano Marshal e essas coisas boas todas (sim pq são, ou foram...cada vez mais o tempo verbal a aplicar é o passado e não o presente...).
Ora bem, sem esse bloco alternativo, com o descrédito final do sistema que se propunha ser mais avançado (grande, grande diferença com algumas alternativas tradicionalistas que despontam hoje, tais como o fundamentalismo islâmico) e com pretensão Universalista (outra diferença de monta face a outras alternativas), o Capitalismo ficou sem adversários. Esse sim foi o grande resultado da queda do muro, deixar com rédea solta o grande capital e os seus interesses, o que se reflecte em guerras imperiais à cara podre (tipo Iraque); retrocessos civilizacionais (como o fundamentalismo tradicionalista a ocupar no mundo islâmico o papel de alternativa que antes pertencia à esquerda nacionalista e comunista); fragilização da cidadania no Ocidente (fim do pleno emprego; insegurança no trabalho; destruição de serviços públicos gratuitos e Universais)...
Dito isto há dois factos de relevância a sublinhar:
1º - O facto de não celebrar não significa que do acto não se tenham produzido efeitos positivos, claro que é positivo o fim da censura, das prisões políticas, enfim dos estados autoritários do Leste. Mas mm isso pode ser sol de pouca dura, a extrema direita tem muita força na Croácia, Polónia ou Hungria e a liberdade de expressão nesses países já se encontra limitada (na República Checa a Juventude Comunista chegou a ser ilegalizada e Paramilitares nazis atacam militantes de esquerda em todos esses países), dependendo de como a crise evoluir veremos se não retornam a regimes do tipo que tinham antes de 1939 (ditaduras de direita tradicionalistas, muitas conduzidas por militares).
2º - O "Socialismo Real" era uma alternativa com prazo de vida limitado, em 1989 já pouco havia a fazer, e se em 1989 já tinha os dias contados quanto mais em 2009!!! Ou seja, a alternativa à crise social, económica e ambiental não poderá ter como modelo aquilo que já se viu ter falido. Mas isso não significa que tudo no "socialismo real" é pa ir pó lixo, muito de positivo tb houve (dito pelos próprios). Aliás devo confessar que não sei se mais do que "comunista" o movimento emancipatório do século XXI não se deveria apelidar de "neo-comunista", exactamente para se perceber que para os desafios do século XXI um novo grande projecto é necessário.
No fundo o que pretendo argumentar aqui é que a morte do "herói" não significa que já não necessitemos doutro. Por outras palavras, como aqui referi também, a Esquerda Radical e Popular precisa de um novo projecto emancipador de massas, um projecto que não seja o comunismo do Século XX, mas que tem de ser um projecto Universal e Global, não apenas uma espécie de "federação de causas e movimentos de minorias"... O reerguer dessa alternativa implica uma revisão séria do que foi o Projecto e Realidade Comunista no século XX uma coisa que ainda está por fazer... implica ir à história e aprender com outros que não apena os Bolsheviques, implica, sobretudo, estar atento ao mundo de hoje e procurar pistas para a alternativa, nas novas tecnologias de informação e partilha do conhecimento; no novo cenário geo-político; no desafio da sustentabilidade ambiental (basicamente com preocupação de manter o nosso suporte de vida); nos movimentos anti-imperialistas do momento (na América Latina e Médio Oriente); no surgimento de novos actores para-estatais (tipo máfias das favelas brasileiras; ou alguns multi-milionários em África) e de sinais que o neoliberalismo possa vir a descambar numa espécie de "neo-feudalismo" (nuns sítios mais do que ouros, e com mais força em certos sectores de actividade do que noutros)...
Conseguiremos reerguer o estandarte?
Como no início do século XX afirmou Rosa Luxemburgo a questão que se coloca no início deste é novamente: "Socialismo ou Barbárie"...
PS- as imagens acima são desta banda desenhada fenomenal...
Also known as the Goddess of Truth, this ancient and immensely powerful immortal has kept a watch over her people for untold centuries, wandering their battlefields and guiding home the souls of the dead.(...)
(...)As this terrible era was being born, Pravda inspired her people to resist this dark age. The People's Revolution rose up in her name, and what transpired would result in the formation of the United Republics of the Red Star.
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