terça-feira, 4 de agosto de 2009

Onde estamos? Pra onde vamos?

Bem, por uns tempos n ei de voltar a repetir Zizeck, mas cá vai mais uma dose. Desta vez em entrevista à Democracy Now...

Precisamos de saber realmente onde estamos e perceber o mundo actual, precisamos novamente de grandes actos colectivos...

100% verdade, grande parte da esquerda ou claudicou completamente, ou acantonou-se nas suas fortalezas... É preciso construir uma análise rigorosa destes novos tempos, o que implica tb dissecar a história recente, dos final dos anos 70 para cá...

Sinceramente irrita-me o PC achar que a queda da URSS deveu-se a meia dúzia de aparatchiks que se deixaram deslumbrar pelas riquezas do Ocidente, de igual modo qd leio q "Trotsky já tinha previsto a queda da URSS tal e qual ela se deu" tb fico de cabelos em pé! Então a nossa análise do que se passou lá fica-se pelo que um tipo q morreu em 1940(menos de metade da vida da URSS, que n engloba nada da segunda onda revolucionária mundial do pós guerra...) e em 1921 advogou aquilo que o Estaline implementou em 1929 (e nessa altura ele criticou... enfim...)? Que pobreza de análise, precisamos de bem mais q isto...

Precisamos de uma análise séria acerca do socialismo real e sua queda... Sem verdadeiramente perceber os falhanços dessa experiência e aprender com ela como esperamos nós re-erguer um projecto Universal e Emancipatório? Se n olharmos para última tentativa concreta de executar um projecto desse tipo estamos práqui a navegar à vista...

Em paralelo temos de olhar para o "Brave New World" que enfrentamos, temos de reinterpretá-lo, Marx, Trotsky, Lenine, todos eles à sua maneira fizeram isso no seu tempo... Nos dias que correm a análise anda muito dispersa e pior... quando Lenine ou Trotsky fizeram as suas análises, fizeram-no com um objectivo, essas análises eram instrumentos ao serviço do partido/movimento popular (Lenine mais Partido, Trotsky mais Movimento Popular) na sua luta emancipatória/Revolucionária... Balanço e Perspectivas é, em traços largos, um guião de acção para a Revolução Russa, uma análise do campo de batalha e o papel de cada classe nessa luta... Nele Trotsky, inclusive, estilhaça alguns supostos clichés da análise Marxista da altura.

Pena que hoje em dia, em grande medida, ou temos masturbações intelectuais académicas q pouco servem a luta concreta, ou compilações de clichés e citações de pessoas que nasceram à dois séculos!!! Que tb pouco ou nenhum contributo dão à luta social... Bem, tb estou a ser mauzinho, à sempre excepções, mas poucas...

É que mais do que nunca necessitamos de ser Radicais na análise e acção! Mas radical n é andar com t-shirts do Lenine (tb n faz mal...), atirar pedras a Mac Donalds (é sempre melhor q nada... olhem pa França), ou mimetizar o léxico/iconografia soviética.
Não! É nos dias de hoje, com os temas de hoje, as preocupações de hoje e as pessoas de hoje (que n vivem, trabalham e convivem como à 100 anos atrás) construir slogans, programa e acções que sejam capazes de dar uma resposta Justa, Igual e em Liberdade aos: problemas ecológicos, das migrações, da produção e distribuição de bens e serviços, dos conflitos étnico-religiosos e de convivência entre culturas num mundo cada vez mais exíguo...

Por isto é que gosto mt de Chavéz é dos poucos que consegue ser um Radical à séria. O Bloco poderá sê-lo tb, veremos.



PS - A foto acima é de 1917, os marinheiros exibem uma bandeira onde está escrito "morte à burguesia".
Por vezes dá-se a ideia que a Revolução de Fevereiro, foi a "boa", genuinamente popular e limitada no programa (democracia e umas migalhas)... Depois os papões Bolcheviques manipularam as massas, fizeram um golpe de estado em Outubro e implementaram um programa bem mais radical... Muito longe da verdade esta versão... As deserções em massa do exército, ocupações de terra e fábricas, os Sovietes em sessão quase contínua... Não aconteceram por ordem dos Bolcheviques, foram acções que partiram das massas, assim como a insurreição de Julho de 1917... Os Bolcheviques "consolidaram"(bem isto agora dava pano pa mangas...) muitas das demandas do movimento, não as inventaram, ou foram sequer os que tomaram a iniciativa de iniciar a Revolução...

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