domingo, 12 de julho de 2009

Interessante, Sofisticado e... Para Tod@s!





Mais um espectáculo à pala à porta do teatro São Carlos. Muito bom mesmo, conseguiram (pelo que vi) montar um espectáculo de qualidade, com alguma sofisticação e acessível a toda a gente. Acessível porque aberto, pelo espaço (onde até cabe bastante gente... mas aqui até caberia mais se fosse num largo maior!) e também pelo conteúdo dos espectáculos... não facilitaram, mas tb não escolheram peças ultra-experimentalistas que é da malta ficar "what the fu&% is this?".

Aliás no público vê-se um pouco de tudo, muita gente de idade, muitos casais jovens com seus petizes... Gente que nunca entraria num teatro para ver o espectáculo (eu incluo-me um bocado neste grupo), mas que desta forma até se aperalta um bocado e vai ao largo ver a Companhia Nacional de Bailado...

Até é bom pq serve pa quebrar uma data de pré-conceitos que envolvem estas artes, por vezes consideradas mais de "elite", quer da parte da população em geral, quer da parte dos "Artistas". Não conheço bem esse mundo (o das Artes), mas há coisas de por os cabelos em pé, lembro-me de há uns anos ter tido conhecimento de uma polémica - é que em certos super mercados estavam a passar música clássica, alguns puristas insurgiram-se contra o facto argumentando qq coisa no género "que esse n era espaço que desse dignidade aquele tipo de música", criticando a experiência....
Esta é daquelas situações em que se justifica mandar esses "artistas" para um campo de reeducação, com megafones a transmitir mensagens, enquanto eles vão partindo pedra na serra da estrela... Estou a brincar, lol, mas é o q dá vontade.

Voltando ao Festival ao Largo, pode ser que o sucesso motive mais a própria comunidade artística a voltar-se para a Rua e pró Povo, em vez de se fechar em Academias, Ateliers e seus outros "Templos"(atenção tb axo são precisos essas sacristias! só que deveriam ser mais um suporte do que o espaço central da Arte)... E parece-me, sinceramente, que fazer Arte para o "Povo" não implica cedências e compromissos com qualidade ou arrojo, não, implica isso sim maior criatividade, inteligência e coragem... Implica conseguir fazer uma síntese de diversas qualidades, claro que nem todos têm essa capacidade, mas lá está nem todos somos, nem temos de ser, "Artistas".

De qq das formas se há coisa que deve ser quase 100% livre é a Arte, aliás só assim conseguirá desempenhar a sua função social.

Este debate acaba por se cruzar um pouco com uma sessão que assisti o outro dia de uma conferência intitulada "On Walls" do Iscte. Uma das comunicações era acerca da "Gentrificação e Movimentos Sociais Urbanos de Resistência" (fui lá pq outra das comunicações era sobre "Apropriação do espaço público, Caso de estudo um Barrio de Caracas", foi fixe e mt importante dar essa dimensão da Revolução Bolivariana...), ora os fenómenos de gentrificação (fantástico, a wikipédia já tem entradas que nem existem nos dicionários, a Internet vai mudar profundamente a linguagem, nomeadamente na sua forma escrita, os puristas q se cuidem...) estão muito associados a processos de reabilitação Urbana e muito cuidado é preciso para que reabilitação não acabe por ser sinónimo de centro da cidade = elites+postal pa inglês ver.

Aliás, Lisboa parece ir de forma atabalhoada seguindo um pouco esse caminho, o que seria uma catástrofe... Agora, também não sejamos básicos ao ponto de criticar iniciativas como esta (festival ao largo), ou um quiosque bem localizado no Camões como exemplos de "gentrificação", são mas é exemplo de aumento dos níveis de qualidade de vida e da própria qualidade do espaço público.
Mais, no debate, tb se disse que a reabilitação urbana provoca sempre alguma "gentrificação" por elevar os preços na área de intervenção, etc... ora isso não tem de ser assim, há muitos esquemas e regulamentações que podem ser aplicados e mais determinante ainda, julgo eu, o facto de novas populações de rendimentos mais altos reocuparem a cidade não é por si só negativo. Antes pelo contrário, desde que, isso n seja feito à custa de expulsar os actuais residentes e se a reabilitação for orientada prioritariamente para a população agora obrigada a ir pós subúrbios, nomeadamente jovens.

Mas lá está, se daí resultar uma dinâmica em que algumas áreas até se tornem "hubs" culturais e até for "bem" ir pa algumas zonas do centro, fine by me, aliás, óptimo! Porque maior dinâmica terá a cidade e mais viva, cosmopolita e florescente ela será. Não pode é ser só e sobretudo isso!

Mas a bem da verdade, o estado calamitoso em que está Lisboa até pode ser uma ajuda, isto porque esta cidade está de tal forma abandonada, que há espaço de sobra pa isto tudo... Isto tem é que ser gerido de forma racional e tendo como objectivo o bem comum, o conjunto da Res Publica. Se n for todo este espaço vazio que existe será devorado pelos interesses e o que n der guita é deixado ao abandono, com uma ou duas experiências folclóricas só pa compor o ramalhete(q é o q se passa agora...). Bem, agora é q me lembro, q até fiz um trabalho sobre isto mm!

Enfim, fiquem mas é com um clip do show! Um grupo de cantares do sul de Itália e a Companhia Nacional de Bailado...


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