quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Primeiras Impressões

Antes de me lançar a um texto de análise à, periclitante, situação actual do Médio-Oriente, decidi fazer uma espécie de revisão da matéria dada… Nesse sentido publiquei já neste blog um texto elaborado antes de iniciada a guerra do Iraque, o post “Recapitulando”.
O texto que abaixo segue foi escrito pouco depois de começada a invasão (para aí em Junho-Julho de 2003). Elaborei-o para um boletim de preparação do acampamento de Jovens da IV.
Espero acabar este fim-de-semana o texto que tenho vindo a fazer sobre a situação na Venezuela, assim que o acabar vou então escrever o “Solução Global ou Guerra Total”, sobre Iraque, Irão & Cª Lda.


Caos na Babilónia

Com o final da 1ª guerra mundial o Império Otomano é desmembrado e o Médio-Oriente é repartido entre Franceses e Britânicos. De três ex-províncias otomanas os Britânicos criam o Iraque, habitado por Curdos a norte, Árabes sunitas na zona central, Árabes xiitas no sul, mais as minorias Assírias (cristãos) e de Turcomanos. Logo em 1919 há uma revolta em Najaf, em 1920 há outra que se alastra por todo o sul xiita e a que se juntam os Curdos. Para sufocar a revolta o na altura secretário da Guerra de sua Majestade, SirWinston Churchill, aprova o uso de armas químicas por parte da RAF (Royal Air Force) contra as "tribos incivilizadas". Em 1921 entregam o trono ao rei Feisal, que continuou a ter de lidar com sublevações curdas...

Esta monarquia fantoche foi derrubada a 14 de julho de 1958, num golpe de estado dinamizado por um grupo de oficiais do exército, os "Oficiais Livres". Estes tinham alguns ideais socialistas e sobretudo vontade de libertar os países árabes do domínio dos EUA. Nesse mesmo dia enormes manifestações (100 mil pessoas em Bagdad) varreram tudo o que poderia ter restado do anterior regime, transformando o golpe numa verdadeira revolução Foi instaurada um novo governo com Abdel Karim Kassem (um dos .Oficiais Livres} à cabeça.

Os comunistas Iraquianos tiveram um papel determinante nestes acontecimentos, fundado em 1934 o PCI (partido comunista Iraquiano) tinha grande influência junto dos trabalhadores (sobretudo nos ferroviários e indústria do petróleo) e foi a principal força de oposição há monarquia Com a revolução de 58 não só passaram a estar presentes no governo, como em 1959 organizaram uma manifestação com um milhão de pessoas em Bagdad (nesses tempos o pais tinha seis milhões e meio de habitantes), no entanto logo a partir de 1960 começa a vaga de repressão sobre o partido que continuará até ao inicio dos anos 80, depois disso apenas na zona Curda os comunistas mantiveram alguma influência...

Em 1963 há um novo golpe de estado com o envolvimento do partido Ba'ath, até 1968 a situação permanece instável com uma sucessão de golpes e contra-golpes. É a partir de 68 que o Ba'ath agarra definitivamente a situação (com apoios da CIA) primeiro com AI-Bakr e a partir de 79 com o famoso Saddam Hussein

Durante todo este período, o estado é o principal motor de desenvolvimento económico. a par disso transforma-se também na instituição que através da repressão e controlo social mantém o pais unido e submetido ao regime Ba'athista Apesar da férrea ditadura é inegável que o Iraque foi dos países da região onde as mulheres tinham menos restrições na vida pública e as minorias religiosas gozavam de maior liberdade. A vontade de afirmar uma política independente e até antagónica em relação aos EUA é também uma marca do regime. Exemplificativo disso são atitudes como o apoio dado aos Palestinianos e a aproximação feita à ex-URSS. .

As relações com o "Uncle SAM" dão uma reviravolta em 1979, devido à Revolução Islâmica no Irão que depões o Xá da Pérsia, outro monarca fantoche americano. Para sangrar esta revolta os EUA recorrem a Saddam, também receoso dessa sublevação que poderia desestabilizar o seu regime. O Iraque passa então a aliado dos EUA. Recebe apoio militar e logístico na invasão do Irão e subsequente guerra (1980-1989), para além de assistência na supressão de revoltas Curdas. (nesta altura Saddam utilizou armas químicas), para tal chegou a receber o apoio de tropas turcas enviadas pela NATO...

Em 1991 a situação dá mais uma cambalhota. Com a situação interna a degradar-se e sentindo as costas quentes a nível externo, Saddam faz uma fuga em frente e invade o Koweit... A partir desse momento é descrito como a encarnação do mal na terra, desencadeia-se a guerra do golfo. Mesmo assim o regime não cai, as tropas da coligação "libertam" o Koweit e infligem pesadas baixas (cerca de 150 mil homens. na maioria jovens recrutas) ao exército Iraquiano, mas a Guarda Republicana e as tropas mais leais a Saddam estavam em lugar seguro quando começou o "fogo de artifício". Terminada a guerra dão-se insurreições no Sul Xiita e no norte Curdo, Bagdad e arredores mantém-se controlada por Saddam. As forças poupadas durante a guerra são agora lançadas e esmagam as revoltas populares, datam dessa altura a maior parte das valas comuns agora encontradas. George Bush I fica a assistir, pior seria surgir um estado democrático e independente na região. Brent Scowcroft, conselheiro do Presidente para a segurança Nacional não teve papas na língua "O que acontecerá se da primeira vez que se realizem eleições no Iraque acabarem por ser os radicais a vencê-las? 0 que é que fazemos? Obviamente não os deixaremos tomar o governo"*1

Chegados ao ano da graça de 2003, o status quo mantido após a guerra do golfo é quebrado. Movidos por uma política ultra agressiva, que vê na componente militar um dos principais, se não o principal pilar da manutenção da supremacia mundial norte-americana (numa altura em que a sua supremacia económica é cada vez mais contestada) os novos senhores de Washington exibem o seu poder primeiro no Afeganistão e em seguida no Iraque. Este era o elo mais fraco na geo-política do médio oriente. Isolado no plano internacional, Com um exército debilitado, um regime sem grande sustentação, uma posição central nessa importante região do golfo e nadando em abundantes reservas petrolíferas, o Iraque era um fruto maduro pronto a ser devorado até ao caroço.

Ao quarto dia de guerra relatos*2 de militares das forças da " coligação fazem um retracto da situação: o Major Graham Prowse dos Royal Enginners diz a propósito da captura dos campos petrolíferos de Rumaila (dos maiores do mundo) "Os rapazes fizeram um trabalho magnífico.. Salvámos a maior parte das infra-estruturas.. Temos alguns poços a arder, mas nada da dimensão que estávamos à espera.”; Robert Macleod da 7ª Brigada Aérea de Assalto no sul de Basra fala noutro tom "Esta gente ainda está cheia de armas, nós não sabemos se é o exército, ou civis que pegam em armas que estão a disparar contra nós.”; O sargento dos Marines Stephen Francois afirma" Há muita pilhagem a acontecer", isto após os seus homens terem apanhado um grupo que estava a saquear mísseis terra-ar, granadas, morteiros, etc...

Os objectivos militares da operação anglo-americana eram dois: assegurar rapidamente o controlo sobre a infra-estrutura petrolífera, chegar a Bagdad e derrubar o regime... Ambos estes objectivos foram atingidos a questão é que a coligação não só destruiu o regime, como o próprio aparelho de estado cessou de funcionar à medida que as tropas iam avançando. Num país em que todos os principais serviços eram assegurados pelo estado e este empregava mais de 50% da população é fácil perceber a situação de caos gerada. Sem qualquer força organizada preparada para tomar o lugar do Ba'ath o poder diluiu-se. A pilhagem generalizou-se, as máfias e os oportunistas prosperam, a criminalidade disparou. Segundo Bernardo Ribeiro e Cátia Palma*3, dois médicos portugueses a prestar auxílio num Hospital a 40 Km de Bagdad, as três maiores causas de tratamento hospitalar são os ferimentos de bala, acidentes de viação e dirréia (porque a água não é tratada). Segundo estes o nível de segurança tem vindo a diminuir, mas a presença militar americana é cada vez mais reforçada, existem inúmeros check-points com tanques por toda Bagdad

Já seria de esperar que o poder dos religiosos saí-se reforçado com a guerra, em muitos locais a mesquita foi a única instituição que permaneceu ligada ao tecido social, a única fonte de poder respeitada por um considerável número de gente. Foi a partir de muitas mesquitas que se travaram os excessos das pilhagens, se restabeleceu a segurança nos bairros, se reactivaram alguns serviços básicos e até se constituíram juntas que governam muitas localidades desde aqueda do regime. As Fatwas, ou decretos religiosos, substituíram a lei secular para .largas camadas da sociedade Iraquiana... O reverso da medalha é que começam a surgir fenómenos nunca vistos, como a obrigatoriedade das mulheres usarem véus em determinados locais públicos, ataques a lojas de bebidas alcoólicas e a cinemas que passam filmes estrangeiros.

Entretanto surgem outros sinais mais promissores, sindicatos, organizações de estudantes e mulheres estão a renascer, em inúmeras fábricas, escolas e hospitais, são os trabalhadores que passaram a gerir as operações e que sanearam os militantes do partido Ba'ath dos seus postos. Têm se desenvolvido greves e manifestações de trabalhadores do petróleo, dos portos, ferroviários, policias, ex-militares e desempregados contra a ocupação Anglo-Americana e as medidas que têm sido tomadas - a privatização de serviços, desmantelamento do exército deixando 400 mil homens sem meios de subsistência, ou pura e simplesmente o abandono de todas as responsabilidades referentes a hospitais, estações eléctricas e outras estruturas básicas que permitem a um povo viver dentro de níveis mínimos de dignidade. De referir que o primeiro jornal da era pós-Saddam a ser distribuído em Bagdad foi o orgão oficial (Tariq al Shaab) do revigorado Partido comunista Iraquiano e que no dia 14 de julho houve uma manifestação (imprensa fala em milhares de pessoas) dinamizada pelo PC iraquiano comemorando a revolução de 1958.
É de esperar um aumento no número de emboscadas e ataques sofridos pelos soldados Americanos, é difícil dizer quem está por trás deles... ex-guardas republicanos e agentes de Saddam? Grupos de militares desmobilizados e de desempregados sem nada que fazer? Pessoas que tiveram familiares e amigos mortos na guerra ou que foram humilhadas durante buscas efectuadas pelos gringos? Fanáticos islâmicos? A resposta mais provável é que seja de tudo um pouco. A forma como são realizados os ataques é reveladora. Uma coisa é um soldado abatido por um sniper, ou um carro armadilhado explodir e destruir um jeep Americano, outra, bem diferente, é como aconteceu numa cidade Xiita fronteiriça com o Irão, Majar al-Kabir, em que uma multidão armada até aos dentes cercou 6 soldados britânicos na estação de policia e dizimou-os. Segundo os locais foi uma acção de retaliação contra os Britânicos, pois estes no mesmo dia mais cedo tinham disparado no mercado da cidade contra uma multidão vitimando várias pessoas... Para além destas acções visando directamente os ocupantes também têm sido sabotados oleodutos e instalações petrolíferas, bem como assassinados iraquianos que colaboram com as forças invasoras. No entanto, é na zona de Bagdad e arredores de maioria sunita (foram estas as populações mais beneficiadas nos tempos de Saddam e agora com mais a perder) que se têm concentrado o grosso dos incidentes, no sul Xiita mais dominado pelos clérigos a estratégia tem sido a de organizar manifestações pacíficas a pedir um governo representativo do povo iraquiano.

Aliás, os principais partidos e grupos organizados no Iraque, destacados dirigentes religiosos (xiitas e sunitas), bem como muitos lideres tribais são cautelosos quanto a uma ruptura com as forças invasoras: "estamos a acalmar as pessoas, esta não é a altura ideal para a jihad", diz AI-Ubaidi (Imã da principal mesquita sunita de Bagdad), "As pessoas pedem-nos para lançarmos a Jihad, nós estamos a convencê-Ias que temos de esperar para ver se os americanos irão permitir que os Iraquianos se governem a si próprios. Temos de esperar para ver, depois tomaremos uma decisão."*4. É neste contexto que muitas destas forças (incluindo Hamid Majid Mousa, secretário geral do PC Iraquiano) aceitaram fazer parte do pseudo embrião de governo nomeado pelos americanos denominado "Conselho Iraquiano".

É claro que através, apenas, da presença militar será impossível controlar o Iraque. Por mais numerosos e bem armados que estejam os marines, sem ligações à sociedade iraquiana, sem uma infra-estrutura social e política de apoio será impossível derrotar um inimigo que pode sei qualquer um dos 24 milhões de cidadãos Iraquianos.

Contudo, por agora são os EUA quem mais ordena na pessoa do Governador L. Paul Bremer III, não tendo muita experiência na reconstrução de um país, o seu currículo não deixa de ser invejável. Nos anos 80 foi responsável por programas de contra-insurgência na América Latina, eufemismo para organizador de esquadrões de morte que arrasam vilas inteiras. Na sua lista de prioridades, para além do mais que óbvio controlo do petróleo, está também o projecto de reestruturação total da economia. O objectivo é destruir o modelo centrado no controlo estatal, por uma sociedade de mercado pura e dura em que as empresas norte-americanas para além dos contratos de reconstrução (pagos com o petróleo Iraquiano) irão adquirir as empresas estatais lucrativas e destruir todas as outras, de forma a abrir o mercado aos seus produtos. Já estão a trabalhar na reconversão (saque seria a palavra correcta...) da indústria alimentar, têxtil e outras do Iraque importantes executivos de multinacionais Estado Unidenses. A ideia a médio prazo é propagar este sistema neo-liberal por toda a região... A aposta é muito alta, tanto ao nível dos riscos, como dos ganhos. Donald Rumsfeld (conhecido dos amigos como "o príncipe das trevas" ou "Darth Vader") diz-nos "É duro? Claro, Vão ser mortas mais pessoas? De certeza. Custa dinheiro? Podem apostar É possível dizer ao mundo ou a quem quer que seja precisamente quanto vai custar ou quanto tempo vai durar? Não."*5

Neste momento o Iraque é um caldeirão de forças e interesses contraditórios, no entanto uma coisa é certa, qualquer esboço de democracia e autodeterminação para o povo iraquiano só será possível com a retirada das tropas Anglo-Americanas e a derrota do seu projecto imperial para o Iraque e Médio-Oriente. Mais! Uma derrota no Iraque afectará todo o projecto de reconstrução económica, política e social para o século XXI dos neo-conservadores estejam eles na Casa Branca ou no Palácio de São Bento. Não será apenas uma lição para o aventureirismo militar mais arrogante "à lá gringo", será uma derrota para as políticas ultra-securitárias pós-11 de setembro, para a expansão desenfreada do mais selvagem neo-liberalismo.
O papel do movimento anti-guerra é fundamentar. Todos os obstáculos postos à ocupação pelo movimento global serão um contributo para a libertação do povo Iraquiano, cada passo dado pelos Iraquianos a caminho da autodeterminação será uma vitória para o movimento. O que acontecer na mítica Babilónia irá marcar o destino da humanidade por muitos e bons anos.

*1 Int'1 Socialist Review 2003/07/14
*2 Financial Times 2003/03/24
*3 Público 2003/07/11
*4San Francisco Chronicle 2003/07/14
*5público 2003/07/15

Sites:
Antiwar.com; www.iraqwar.ru; www.zmag.org; www.iraqcp.org; www.guardian.co.uk; www.latimes.com; www.almuajaha.com

Outros Referendos

Não só por cá têm ocorrido referendos, nas últimas eleições para o Congresso e Senados Norte-Americanos, dia 7 de Novembro (a história tem destas piadas...), numa série de estados houve referendos, destaco o do Dakota do Sul onde foi a votação uma proposta para reverter a legalização do aborto.
Os movimentos “pro-choice”, como lá (e tb cá...) são chamados, ganharam a batalha. Mas os eleitores não opinaram apenas sobre o aborto, fizeram-se consultas sobre a legalização da Marijuana, casamentos entre homossexuais e aumento do salário mínimo.
O sim ao aumento do salário mínimo ganhou em todos os estados onde se realizou este referendo, a legalização da marijuana foi derrotada mas por curta margem nalguns lados. Os casamentos homossexuais, aliás a proposta não era de legalizá-los, antes de impedir que seja feita legislação no sentido de legalizá-los! Esse tipo de proposta passou em todos os estados onde ocorreu.
Para verem os resultados mais em detalhe cliquem no link abaixo, também anexo um pequeno artigo sobre o referendo do Dakota.

http://edition.cnn.com/ELECTION/2006/pages/results/ballot.measures/

South Dakota abortion ban rejected
SIOUX FALLS, S.D. (AP) — A ballot measure that would ban nearly all abortions in South Dakota was rejected on Tuesday.

With 59% of the precincts reporting, opponents of the ban had 55%, or 98,182 votes, to the supporters' 45%, or 79,444 votes.
Jan Nicolay, leader of the group seeking to reject the measure, said the returns indicate that voters understood that the proposed law was too extreme because it did not include exceptions for rape, incest or the health of a pregnant woman.
Lance Weber, 49, of Sturgis said he does not like abortion but voted against the measure because it would not allow abortions for rape and incest.
"I still feel like there is a gray area in that particular matter, and I feel there needs to be some exceptions," Weber told the Associated Press.
MORE INFO: Ballot initiatives by county
But other voters like Inez Grenz, 62, of Eureka said they had waited a long time to vote against abortion.
"This was the chance of a lifetime," Grenz said. "I'm just against abortion. I'm pro-life. I'm a Christian and I vote my values."
The South Dakota campaigns working for and against the measure, which would ban nearly all abortions in the state, said they planned to work hard on Election Day to get their supporters to the polls.
The Legislature passed the law last winter in an attempt to prompt a court challenge aimed at getting the U.S. Supreme Court to overturn its 1973 Roe v. Wade decision that legalized abortion in the nation.
Instead of filing a lawsuit, however, opponents gathered petition signatures to place the measure on the general election ballot for a statewide vote.
The campaign turned quickly from the overall issue of abortion rights when opponents attacked the law as extreme, arguing that it goes too far because it would not allow abortions in cases of rape, incest or a threat to the life of a pregnant woman.
Supporters countered that the law would allow doctors to protect the lives of pregnant women with medical problems. They also argued that rape and incest victims would be protected by a provision that says nothing in the abortion ban would prevent women from getting emergency contraceptives up to the point a pregnancy could be determined.
The debate not only split the general public, but also the medical community. Ads run by both sides featured doctors giving their interpretation of the law.
Regardless of the outcome in Tuesday's election, the battle was expected to continue. If voters approved the ban, the measure was likely to be challenged in court. If the ban was rejected, lawmakers opposed to abortion could pass a less restrictive measure next year, one that includes exceptions for rape and incest victims.
Combined spending by the two campaigns exceeded $4 million, considered a lot in a state a population of only about 750,000. Campaign finance reports filed in the campaign's last week revealed that an unidentified donor had given at least $750,000 to help the ban's supporters.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Ganda Vitória!

Mai Nada!


Os recentes resultados do referendo sobre o Aborto são uma fonte de alegria para tod@s @s progressistas deste país!!!
Não só porque este resultado abre portas para a resolução deste grave problema, mas também porque é a vitória de uma certa concepção de sociedade. Uma sociedade que baseia as suas regras de convivência na tolerância e não na perseguição, na procura de soluções para os problemas e não na atribuição das culpas e no lançamento de excomunhões. Aposta na liberdade e responsabilidade dos seus elementos (neste caso da população feminina) e não na sua sujeição a um moralismo balofo.
Esta é também a vitória da laicidade sobre a fé religiosa enquanto orientadora das regras de convivência em sociedade, é uma vitória do Portugal moderno sobre o conservadorismo. É uma grande derrota para a Igreja Católica enquanto instituição, nomeadamente para os sectores mais reaccionários como a OPUS DEI.

Assim dá vontade de dizer: Bem vindos ao século XXI! Outros obviamente não têm a mesma opinião… Num artigo publicado hoje o Dr. Rui Ramos, historiador revisionista, opinion maker, cronista da corte a dar ares de intelectual de Direita, insurge-se contra esta visão. Diz nos ele “o «não» de domingo não representa o Portugal antigo: é apenas a outra metade de um país fundamentalmente plural”, mais à frente sai-se com esta pérola “Se algo define a «modernidade», não é o triunfo exclusivo desta ou daquela ideologia ou modo de vida, mas a institucionalização do pluralismo.”
Bem, vamos lá ver, então o «não» é, tão somente, “outra metade”… Mas outra metade que se distingue porquê??? Se o Dr. aceita que existem duas metades é porque algo as distingue! Pode é dar argumentos que o «não», não é tradicionalista, não é conservador, não é católico e ultra-montano… Mas se disser isso qq pessoa com 2 dedos de testa manda-o ir passear… Pode ainda ir mais longe, no fundo é isso que tenta fazer, e dizer que lá por se ser conservador, católico tradicionalista, não se deixa de ser “moderno”… E aqui entra a tese da “institucionalização do pluralismo”(toma lá que é pa aprenderes!), gostaria era q o Dr. me explicá-se como se chegou ao tal pluralismo…
Para acabar com o feudalismo, com Senhores e Vassalos, para se acabar com o absolutismo divinamente iluminado, foi preciso uma Revolução Inglesa em 1640, uma Revolução Americana nos anos 70 do século XVIII e last but not least a Revolução Francesa. Cortou-se a cabeça a Luís XVI e a Carlos I de Inglaterra. Sem Maximilien Robespierre e Jacobinos os valores de igualdade perante a lei, de um estado de cidadãos e não de vassalos, não teria triunfado!
O próprio sufrágio universal foi uma árdua batalha travada pelo movimento operário contra a Burguesia e os sectores mais reaccionários da sociedade… Uma das vezes que fui a Bruxelas tive a oportunidade de ver uma exposição, exactamente, acerca da conquista desse direito na Bélgica. Era num armazém, num velho bairro operário, agora habitado por imigrantes do norte de África, nessa exposição percorria-se todo o século XIX e primeira metade do XX até se obter essa conquista! Era claro o confronto entre as duas “metades”, socialistas e sindicatos em batalha pelo direito ao voto e direita católica a resistir!
O pluralismo, com q o Doutor enche a boca não foi acordado entre parceiros iguais numa amena conversa à volta de uma mesa enquanto tomava-se chá! Foi uma luta, muitas vezes brutal, entre modernos e conservadores, entre progressistas e reaccionários! Igualar as duas metades é só possível com falácias e truques de linguagem. A história, e os rumos que ela toma, está em constante disputa entre vários actores, ideologias, grupos de interesse…
Cabe a qualquer cidadão responsável o direito e dever, de reflectir sobre qual o melhor rumo a seguir de acordo com o que pensa que é mais benéfico para si e para a sociedade no seu conjunto.
Dizer que isto é tudo a mesma coisa é no fundo fazer a apologia do status quo e dos poderes instituídos! É exactamente esse o pano de fundo sobre o qual o Dr. Rui Ramos vai escrevendo os seus sermões.
Caríssimo a reacção foi derrotada, os modernos venceram esta batalha e mai nada!

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Que se passa na Venezuela? (IV)

Continuação do texto "Revolução? Bolivariana? O fenómeno Chavista e o socialismo do século XXI"

Desafios

Contudo, todas as rosas têm espinhos e o fantasma populista não nos abandona tão facilmente. Primeiro, é verdade que a Revolução acaba por estar muito dependente da figura do seu líder, que por muitos é idolatrado como um santo, de forma quase mística. A inexistência de movimentos sociais sólidos aquando do início do processo, não sendo responsabilidade da direcção bolivariana pode condicionar as suas acções. A vontade de seguir em frente e aprofundar o processo com uma base social muito dispersa, pode resvalar numa obediência cega ao líder providencial e produzir uma deriva autoritária até agora não manifestada.

Segundo, o aparelho de estado ele próprio, não sei se sustentará as medidas, nomeadamente as missões que têm vindo a ser implementadas, correndo-se o risco de muitas delas não passarem de medidas had oc, que não alterem, de forma sustentada, a natureza das relações sociais e económicas de forma a eliminar o flagelo da miséria e a posição subordinada de grande parte da população. Mesmo assim, nada poderá ser como dantes na Venezuela…

Terceiro, a própria flutuação do preço do petróleo pode condicionar as políticas seguidas.
Mas a política não se faz com as condições ideais, faz-se com as que a realidade fornece e a inexistência dos referidos sólidos movimentos não pode ser desculpa para a inacção. Existindo uma forte vontade de mudança latente na maioria da população não existia organização ou objectivo político que polariza-se essas forças de forma a conseguir-se operar uma transformação. Ora, o projecto bolívariano deu resposta a esse vazio político e foi capaz de polarizar forças suficientes para desencadear o impressionante processo de transformação social que decorre na Venezuela e alterar, de forma determinante, a relação de forças. Para essa polarização ser possível a própria figura de Chavéz foi decisiva e ainda é. Acaba assim por ser uma vantagem e não um handicap, ela só se torna potencialmente perigosa na medida em que o próprio processo é bem sucedido e ao se prosseguir a estratégia revolucionária esse potencial perigo é atenuado, uma vez que implica a criação de organizações sociais (movimentos, partidos…) fortes e bem enraizadas no tecido social. A recente decisão de criar um partido que una todas as correntes bolivarianas, vem exactamente nesse sentido.

Se nos lembrarmos da História descobrimos que todos os movimentos, revolucionários ou reformistas, que produziram transformações radicais na sociedade acabam por gerar e ser conduzidos por líderes míticos, Lénine também tinha os seus altares (literalmente), as grandes revoluções socialistas do nosso século todas geraram os seus ícones, de Ho Chi Min no Vietnam a Fidel Castro em Cuba, o movimento pelos direitos civis teve Martin Luther King e o que dizer de Ghandi????
Porque, aqui, as palavras polarizar e focar são decisiva... Por maior descontentamento social e vontade de empreender acções radicais que exista se não existirem um ou dois objectivos facilmente identificáveis e elementos polarizadores da acção (e aí os símbolos, incluindo os líderes são essenciais, mas também a existência de movimentos minimamente disciplinados) pode-se até conseguir abalar, por vezes derrubar o governo existente, mas não substituí-lo por um novo tipo de poder, basta olhar para o que se passou na Argentina em 2001, no Maio de 68, ou com a Revolução Espanhola[1].

A existência, por si só, de partidos organizados e com tradição de esquerda, no mínimo radical-reformista, apoiados por fortes movimentos sociais, também não significa que uma vez atingido o poder consigam operar alterações significativas na vida social, económica, política. Os recentes eventos no Brasil e Itália são paradigmas disso mesmo. Daí o papel central que joga a táctica e estratégia política nos caminhos que a História toma, para o bem e para o mal.

A questão da transformação do aparelho de estado é decisiva, mas é também de difícil resposta, aliás nenhum movimento por mais revolucionário e por melhor estratégia que tenha tido deu a este problema uma resposta totalmente satisfatória, não há soluções ideias, há as melhores possíveis ou as menos más, uma vez ao leme as hipóteses de falhar são muitas, mas pior é deixar outros a conduzir o barco...
Há duas questões decisivas aqui a fazer, primeiro, é se dadas as circunstâncias as decisões tomadas pela direcção da Revolução bolivariana têm sido as mais consequentes com os objectivos a que se propôs[2], se têm contribuído para a alteração da relação de forças? Se há quem ache que não, pergunto-me então porque é que em mais nenhum lado se conseguiu fazer tanta diferença... Segundo, qual deve ser o papel dos Revolucionários face ao processo e à sua direcção? E aqui autonomia e pensamento crítico não são certamente sinónimos de desconfiança complacente....

[1] Neste sentido vale a pena reflectir sobre influência da morte de Durruti no desenrolar da Revolução Espanhola
[2] “La revolución es un instrumento para lograr fines mayores: la independencia, el desarrollo integral, el progreso social, el desarrollo de una nueva sociedad”.
Hugo Chavez, Activación de la Planta Termoeléctrica “Pedro Camejo”,Valencia, Edo. Carabobo; 21 de marzo de 2006

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Que se passa na Venezuela? (III)

continuação do texto "Revolução? Bolivariana?... O Fenómeno Chavista e o socialismo do século XXI"

Populismo

Yo no juego con el pueblo venezolano, sus sentimientos o con su emoción, ¡yo vivo com ese sentimiento!, ¡soy parte de ese sentimiento!, y junto a todos ustedes lucho para hacer realidad la esperanza nacida y el optimismo que ahora nos baña.[1]

É talvez o que mais se ouve quando se fala de Hugo Chavéz, contudo para saber até que ponto o fenómeno aqui em causa é populista e sendo, até que ponto isso limita/condena a Revolução ao insucesso é necessário discutir-se, mesmo que de forma breve, o que se entende por populismo.
Antes de mais direi que as organizações, lideres, de natureza populista têm um discurso fortemente emocional, na procura da empatia e identificação com os sectores mais desfavorecidos da população, ou que numa dada conjuntura, não sendo os mais desafortunados, são alvo de uma regressão acentuada do seu nível de vida, esses discurso demagógico traduz-se no concreto em políticas do tipo paternalistas/caritativas que podendo, nos melhores dos casos, atenuar o sofrimento dos “pobrezinhos”, ou do “homem comum”, ou das “pessoas simples”, não ataca os mecanismos que perpetuam essa situação, até porque o objectivo, consciente ou não, não é o da emancipação popular, antes a manutenção do movimento popular num estado de fidelidade canina ao “grande protector”, ou “campeão do homem comum”.
Péron e o Peronismo é um destes casos, mesmo assim Péron quando no poder ainda tomou algumas das tais medidas atenuadoras, um dos seus sucessores, Carlos Ménem, apenas utilizou o discurso para chegar ao poder, uma vez lá seguiu a cartilha neo-liberal sem tirar nem por… O fenómeno Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro e Isaltino são também casos de estudo. Não saindo do nosso rectângulo, Sócrates quando cortou alguns dos privilégios à classe política, como forma de legitimar a sua política de ataque total ao estado social deu-nos um bom cheirinho do que é o populismo.
Portanto para se definir como populista esta ou aquela medida, ou a natureza de uma dado movimento, tem de se ir para além do tom do discurso… Porque é inegável que para um intelectual europeu de classe média, como é o caso da maioria dos que lerem este texto, a postura, algumas das referências, o tom do discurso e até o background profissional de Hugo Chavéz remete para uma certa mitologia de coronel tapioca à sombra da bananeira. Contudo, é fácil de concordar, que essa é uma imagem, no mínimo superficial. Para além do discurso há que, acima disso, descobrir o sentido das medidas implementadas e da estratégia seguida pelo movimento em estudo.
Ora, as políticas implementadas e o seu sentido é claramente emancipatório, não se pretende um povo agradecido e subserviente, reforça-se a sua capacidade de actuação autónoma e auto-confiança, a prioridade dada à educação e alfabetização demonstram-no tal como tudo o que acima já foi exposto. Outro bom sinal é a concordância que existe entre o discurso e a práctica, as promessas e compromissos tomados são respeitados e mesmo que os mais ambiciosos sejam impossíveis de atingir no curto prazo (como o da criação de um bloco político Latino Americano semelhante ao sonhado por Bolívar), vêem se passos dados no sentido de alcançar esses objectivos.
Voltando à linguagem, tod@s sabemos que para a nossa mensagem chegar às mentes da população e provocar reflexão, identificação, acção, ou pura e simplesmente, discussão, no fundo, para que ela conte, é necessário antes de mais que seja perceptível e que sejam estabelecidos pontos em comum entre as várias partes em diálogo. Assim sendo, no país das Miss Universo e das famosas telenovelas (aquelas mal dobradas do início da TVI) à que adequar o discurso e para objectivos semelhantes ele não tomará a mesma forma em Paris, Caracas ou Lisboa. Isto não significa termos de limitar o discurso e referências ao mínimo denominador comum, desta forma não seria possível evoluir, a mestria de comunicação de Chavéz está em conseguir captar a atenção e empatia, não deixando de introduzir sementes de reflexão. É interessante analisar a evolução dos termos e conceitos utilizados ao longo destes anos, o socialismo, embora referido, não ocupava o lugar central que tem vindo a ocupar no léxico Bolivariano dos últimos tempos, veja-se o desafio lançado para a construção do Socialismo do século XXI.
A evolução do discurso, sustentado pela realidade vivida no terreno, revela o que tem sido o progresso deste processo. Como se vai conquistando espaço para romper cada vez mais barreiras, como são sustentados os passos dados, como cada avanço da revolução serve de apoio a outros novos avanços.

Se queremos salvar o nosso povo da pobreza, da miséria, da exploração e contribuir para a salvação do mundo da destruição da vida no planeta, descartemos o capitalismo. Não há outro caminho. Tem-se tentado caminhos mistos, intermédios, como o capitalismo humano. Essa é uma grande farsa: capitalismo humano não há, é como dizer do diabo que há um diabo santo ou um santo diabo. O único caminho que o nosso povo tem para sair do buraco onde há séculos fomos enterrados, é o caminho do socialismo, que devemos inventar nós próprios aqui: o socialismo à venezuelana, um socialismo adequado ao tempo em que vivemos.[2]

[1] Aló Presidente Nro. 249, Elorza, estado Apure; 19 de marzo de 2006
[2] Hugo Chavéz

Recapitulando

Agora, que a situação catastrófica em que se encontra o Iraque, é assumida por todos, convém relembrar que houve MILHÕES que antes do mergulho no abismo alertaram para as consequências da invasão. Convém relembrar também, antes da anunciada escalada no conflito, que por todo o mundo existem cúmplices deste hediondo crime, nomeadamente, os governos que apoiaram o ataque e os “opinion makers” que do alto das suas tribunas o justificaram.
Abaixo segue um texto por mim elaborado e que depois de discutido e retocado foi publicado num panfleto do BE, a imagem montada com auxílio de um bom amigo (“Compagnhon de route” do movimento) foi a capa desse panfleto.

Uma guerra feita à medida

Depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001, Bush declarou guerra ao “terrorismo” e ameaçou os países que para ele são “o eixo do mal”. A partir de agora o Governo dos EUA, acha-se com legitimidade para atacar quem quiser, quando quiser, pelos motivos que quiser.
Recentemente já tínhamos visto amostras deste estilo, como a recusa em assinar o tratado de Quioto (que prevê a diminuição da emissão de gases poluentes a nível mundial), ou a recusa em reconhecer a autoridade do Tribunal Penal Internacional, já para não falar no apoio a Israel na ocupação ilegal dos territórios Palestinianos. A administração Bush prepara-se para assumir sem rodeios que o mundo é o seu quintal para dele fazer o que bem entender...
O próximo passo para assegurar este domínio global é o anunciado ataque ao Iraque. O “eixo do bem” (encabeçado por Ariel Sharon, Tony Blair e George Bush) já decidiu que Saddam é um alvo a abater. Que Saddam é um tirano isso já sabemos, mas é o mesmo tirano que foi aliado dos EUA e deles recebeu armas e apoio. inclusive, quando utilizou armas químicas contra a minoria Curda do Iraque e contra os Iranianos. Se a preocupação é a defesa da Democracia então porque não começar pelos próprios aliados dos EUA, o Paquistão, a Arábia Saudita e outros que tais?
Mais uma vez será a população civil, que já sofre com um embargo de dez anos, a verdadeira vítima. Sofrerá com os bombardeamentos e restantes consequências da guerra. Para quê? Para se instalarem novas bases militares americanas na região e colocar em Bagdade um regime submisso aos interesses Norte-Americanos...
Com uma grave crise económica em mãos, esta guerra é uma necessidade para alguns sectores da sociedade Americana. É preciso justificar os enormes gastos com a industria de armamento e assegurar um controle firme sobre o petróleo, não apenas no Iraque, mas em toda a região do médio oriente.
Somos, portanto, claramente contra esta aventura guerreira e a nova ordem imperial que lhe está subjacente, independentemente dela ser ou não abençoada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão mais que permeável às pressões e chantagens de Washington. Segundo um elemento da administração Bush “A ONU apoia os Estados Unidos, ou então será uma instituição irrelevante”... está tudo dito.
Por cá, em Portugal, temos um governo e um primeiro ministro totalmente amestrados. Dizem que sim a tudo o que vem da boca do senhor Bush. Durão Barroso sabe bem que está a ser hipócrita, pois na verdade, Portugal vendeu armas ao regime Iraquiano enquanto ele era Ministro dos Negócios Estrangeiros. E agora vem dizer que aquela ditadura é horrenda (como se no passado não tivesse sido) e precisa ser deposta. A verdade é que quem fala mais alto é sempre o dinheiro, seja do petróleo ou da venda de armas.
Entretanto, no passado dia 15 de fevereiro, dezenas de milhões de pessoas desceram à rua, naquilo que foi a primeira manifestação global de sempre. Surgiu um novo actor na política mundial, não serão os “senhores do mundo” os únicos a fazer a História. De Tóquio a Berlim, de Sidney a Nova Yorque ergueu-se uma voz pela Paz, contra a administração Bush e seus vassalos, tais como, Durão, Aznar, Berlusconi e Tony Blair. Ficou claro que o seu apoio à Guerra não corresponde à vontade das populações que era suposto representarem...
A força deste movimento popular à escala planetária poderá impedir a guerra ao Iraque e evitar uma caminhada para um mundo mais violento, desigual e autoritário, contribuindo para a construção de um outro mundo, não só possível, como cada vez mais necessário!

SABIAS QUE...

A nova doutrina estratégica dos EUA é «actuar no sentido de impedir que qualquer país possa vir a obter poder militar equivalente ao dos EUA».

Os EUA foram o único país a utilizar armas Nucleares contra populações civis, em 1945 contra as cidades de Hiroxima e Nagasaki.

Em 1988 o Iraque utilizou armas químicas contra civis ( a minoria Curda do Norte do país), usando helicópteros vendidos pelos EUA e com o conhecimento deles. Nessa altura não houve nenhuma ameaça de invasão ao Iraque.

Israel, o maior aliado dos Estados Unidos, já desrespeitou dezenas de resoluções das Nações Unidas e ocupa, ilegalmente, desde 1967 os territórios Palestinianos.

Os EUA gastam 31% das despesas militares efectuadas por todo o mundo.

Sadam Hussein foi um aliado dos EUA, recebendo armas e apoio na guerra Irão-Iraque. Nessa altura Sadam era tão ditador como actualmente.

Mais de cem mil crianças Iraquianas morreram por falta de cuidados médicos e fome, devido ao embargo imposto ao Iraque após a guerra de 1992 que ainda se mantém.



Lista de intervenções militares dos EUA após a Segunda Guerra Mundial:



China 1945-46
Coreia 1950-53
China 1950-53
Guatemala 1954
Indonésia 1958
Cuba 1959-60
Guatemala 1960
Congo 1964
Peru 1965
Laos 1964-73
Vietname 1961-73
Camboja 1969-70
Guatemala 1967-69
Granada 1983
Líbano 1984
Líbia 1986
El Salvador 1980s
Nicarágua 1980s
Panamá 1989
Iraque 1991-99
Sudão 1998
Afeganistão1998
Jugoslávia1999
Afeganistão 2001



NENHUMA destas intervenções levou à instauração de um regime democrático, apesar dessa ser a desculpa utilizada a maior parte das vezes.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

O que se passa na venezuela? (II)

Continuação do texto "Revolução? Bolivariana? O Fenómeno Chavista e o Socialismo do século XXI".

Breve Historial

Quando Carlos Andrés Pérez enviou a Força Armada à rua para reprimir aquela explosão social e se dá um massacre, nós, os militares bolivarianos do MBR-200 percebemos que tínhamos ultrapassado o limite e decidimos que era preciso ir às armas.[1]

A 27 de fevereiro de 1989 em Caracas dá-se o motim conhecido como Caracazo, em resposta a uma série de medidas draconianas (aumento do preço dos transportes, combustíveis, etc...) impostas pelo governo do então presidente Carlos Andrés Pérez, a população, sobretudo dos “Barrios” que cercam a capital, desce em fúria ao centro da cidade, expressando o seu descontentamento em actos de vandalismo e pilhagem generalizada, a resposta não se faz esperar e o exército é chamado a reprimir os protestos. Nunca houve uma contagem oficial do número de vítimas da repressão, grupos de defesa dos direitos humanos calculam que cerca de 3000 pessoas foram mortas pelo exército[2].

É no rescaldo destes acontecimentos que a 4 de fevereiro de 1992 Chávez e outros militares do movimento MBR-200(Movimento Bolivariano Revolucionário 200 – duzentos pelo bicentenário do nascimento de Bolívar) em articulação com sectores civis lançam uma rebelião com o objectivo de derrubar o governo e convocar uma assembleia constituinte. A rebelião falha e muitos dos revoltosos são presos, no entanto ganham reconhecimento público e o gesto é olhado com admiração por parte da população. Uma das condições que Chavés pediu em troca da rendição foram 5 minutos de tempo de antena na televisão, a sua mensagem ficou gravada na memória dos venezuelanos.
Saídos da prisão (em 1994) Chavéz e restantes companheiros descartam os planos insurreccionais, mas não a tentativa de refundar a república. Percorrem o país de lés a lés a aprofundar e propagar a ideia de lançar uma Assembleia Constituinte, vão, também, lançando as bases de uma nova organização popular de massas. Nos primeiros dois anos recusam-se a concorrer às eleições chegando a apelar à abstenção, a partir de 1996 decidem tomar o caminho das urnas.

Vamos à Presidência da República para convocar o Poder Popular, a Assembleia Constituinte.[3]

Em 1998 Chavéz apoiado pelo Movimento V República (fundado por si e outros camaradas militares), PCV (Partido Comunista Venezuelano), PPT (Pátria para Todos), PODEMOS e outras organizações políticas e sociais vence as eleições contra o candidato da situação[4]. É convocada uma Assembleia Nacional Constituinte, os movimentos sociais organizam-se e entregam as suas propostas, a nova constituição, considerada a mais progressista de toda a América latina, é aprovada em referendo a 15 de Dezembro de 1999.

A constituição constitui a República em Estado democrático social de direito e justiça, e estabelece modelos alternativos à democracia representativa e ao neoliberalismo, cujas insuficiências têm permitido a consolidação de uma sociedade marcada pela opulência, a exclusão e a pobreza.[5]

Ao contrário de muitas outras experiências, na Venezuela a direcção do movimento é consequente com as suas palavras, assim, numa altura em que o preço do Petróleo não superava os 30 dólares, com um estado inoperante e o país em crise, o Governo lança o Plano Bolívar 2000.

Há dez anos saímos para massacrar esse povo; agora, vamos enchê-lo de amor, vamos preparar o campo de acção, vamos atrás da miséria, o inimigo é a morte. Vamos enchê-los de rajadas de vida em vez de rajadas de morte[6]

Às várias componentes das forças armadas foi pedido que elaborassem planos de acordo com as suas especialidades e recursos, que respondessem às necessidades da população. Foram montados hospitais de campanha que prestaram cuidados de saúde a quem antes nunca tinha tido essa oportunidade, em conjunto com a população construíram-se casas e outras infra-estruturas, estradas foram executadas com custo muito menor do que seguindo métodos mais tradicionais, as populações em zonas remotas foram servidas por aviões e helicópteros fornecidos por rotas sociais montadas pela Força Aérea. Esta campanha cívico-militar criou fortes ligações entre as populações assistidas e o exército, passados poucos anos esta relação seria decisiva na derrota do golpe reaccionário.
É logo por esta altura que se fomenta a criação dos Círculos Bolivarianos, pequenas estruturas organizadas localmente, são fóruns de discussão teórica, prestam apoio às populações e à sua auto-organização, nomeadamente na definição do modo como é gasto o dinheiro público nas suas comunidades (ao estilo do orçamento participativo de Porto Alegre).

Em 2001, a assembleia nacional aprova 49 leis (reforma agrária, reforço do controle do estado sobre a indústria petrolífera, protecção da pesca artesanal, ordenamento sustentável do litoral, impulso das cooperativas…) operacionalizando os princípios mais gerais estabelecidos pela constituição.
Chegados a este ponto a elite venezuelana e os seus mestres em Washington decidem que é tempo de acabar com a festa, afinal o homem não era só conversa… Entre os muitos factores que contribuíram para tomarem a decisão de derrubar o governo destaco os seguintes: O fim do regabofe na PVDSA[7] (que embora pública, na prática era um feudo dos seus gestores de topo e do capital internacional a eles ligado); a perspectiva de reforma agrária e, mais do os últimos, a crescente sensação de que os pobres, os até aí excluídos, os trabalhadores, os mestizos dos Barrios estavam a invadir a cena política, a fazer valer as suas posições com uma autoconfiança crescente. No fundo o Governo Bolívariano não era o seu governo, não defendia os seus interesses, até o facto de Chaves ser mestiço os incomodava, à elite de pele bem mais branca…
Os média lançaram uma barragem de propaganda negativa non-stop (de tal forma foi maciça que muitas das mentiras e argumentos avançados por esses cães de fila do sistema é repetida por muitos camaradas do Bloco). São organizadas marcha após marcha contra o governo, a televisão reporta essas manifestações até à exaustão, silenciando as que também ocorrem em defesa “d´el Processo”. As panelas que batiam no Chile exigindo a demissão de Allende agora pediam o derrube de Chavéz… Esta fronda é composta no essencial pelo grande capital nacional e internacional, os média, a burocracia sindical corrupta e importantes sectores da classe média/média-alta (que constitui a base social deste movimento).
A situação económica não era a mais animadora, no início de 2002 o nível de apoio a Chavéz atinge o valor mais baixo de todo o seu mandato. È sob este pano de fundo que a reacção sente que o fruto está maduro e organiza o Golpe que é desencadeado em 11 de Abril de 2002. O documentário já várias vezes exibido em actividades do BE “The Revolution will not be Televised” dá uma boa visão acerca da orquestração do Putsh.
Tratou-se de uma tentativa de derrube pela força de um governo democraticamente eleito, em que o presidente a ser investido era o presidente da confederação de empresários, uma espécie de Francisco Van Zeller venezuelano, o governo, parlamento e todas outras instituições foram dissolvidas, membros do Governo e do parlamento foram perseguidos e muitos chegaram a ser presos(Chavéz inclusive…). Na tentativa de abafar os protestos pró chaves mais de 50 pessoas são mortas.
Mas a Revolução já tinha lançado raízes e não seria qualquer vendaval que a derrubaria… A frieza com que o regime golpista foi encarado por parte da maior parte dos governos[8], nomeadamente na América Latina, as diferenças que começaram a surgir entre os sectores golpistas mais ultras e os moderados, acima de tudo, a resposta popular em aliança com as forças militares mais comprometidas com o bolivarianismo derrotaram o golpe que nem chegou a durar três dias.

Mas a reacção não se deu por vencida, os valores em disputa eram demasiado elevados, logo no final de 2002 é desencadeada uma greve com o objectivo de paralisar a economia e de provocar o derrube do governo… Greve não será a palavra mais adequada para descrever o sucedido, lock-out, é a palavra mais correcta uma vez que foram os patrões que encerraram as fábricas e foram os donos que fecharam os estabelecimentos comerciais, na PVSDA foram os quadros de topo que efectuaram, literalmente, actos de sabotagem para paralisar o sector petrolífero. Mais uma vez a tentativa foi derrotada, em muitos locais os trabalhadores forçaram a reabertura das fábricas. A capacidade de resistência popular e o sangue frio demonstrado pela liderança bolivariana conseguiu ultrapassar as dificuldades resultantes do açambarcamento dos bens de consumo básicos e da sabotagem efectuada no sector petrolífero.
Os danos causados na economia foram graves, mas por essa altura o preço do petróleo começou a subir a pique (relembremo-nos que a guerra do Iraque foi desencadeada em Março de 2003). Em 2003 são lançadas as “Missões”, possíveis também graças à parceria estabelecida com Cuba, um exemplo de sucesso desta parceria é na área da saúde. Neste momento à milhares de médicos cubanos na Venezuela e dezenas de milhar de cidadãos venezuelanos vão a Cuba para receber tratamento especializado, no âmbito da missão “Milagre”. Mas as missões não se restringem à saúde indo desde a educação, defesa dos direitos dos indígenas até à economia.

(...) as missões significam a refundação do aparelho estatal como estrutura organizativa, para incorporar plenamente o povo organizado ao novo estado social e democrático em revolução. Igualmente, as missões têm permitido avançar substancialmente na transformação dos valores próprios da sociedade capitalista, e no resgate dos valores de cooperação solidária e organização colectiva para a autodeterminação das comunidades.[9]

Todas estas missões e projectos não são implementados de modo paternalista, burocrático nem clientelísticos, mas sim mediante uma participação cidadã activa; sem exclusões partidistas. As comunidades locais, os bairros, os comitês locais de saúde, a intervenção da vizinhança na distribuição do orçamento comunal, os círculos bolivarianos, o crescimento impressionante das cooperativas, o aumento da acção dos sindicatos nos problemas laborais, a actividade autónoma das organizações indígenas; tudo isto são manifestações desta revolução participativa e maciça, são realidades a que se está incorporando o povo venezuelano pela primeira vez na sua história.[10]

MISIÓN VUELVAN CARAS

1-.Cambiar el modelo económico rentista -reproductor del atraso y la exclusión social- con el esfuerzo supremo de pueblo y gobierno revolucionario, para transformar radicalmente el conjunto de relaciones de producción de nuestra sociedad y desterrar para siempre la pobreza de Venezuela.
3-.Garantizar la participación de la fuerza creativa del pueblo en la producción de riqueza, procurando una calidad de vida digna para todos los venezolanos.
4-.Garantizar la independencia, soberanía y desarrollo de la producción nacional, a partir de la creación y mantenimiento de NDE.

La República Bolivariana de Venezuela a través de la creación de las Misiones Sociales aquí desarrolladas, busca alcanzar el objetivo fundamental establecido en el Plan de Desarrollo Económico y Social de la Nación 2002-2007, el cual es la justicia social, destacando la acción comunitaria en la gestión pública.

Es el Desarrollo Endógeno una de las prioridades de la Agenda Bolivariana, que significa desarrollo por dentro, desde adentro (modelo: empresas familiares, microempresas, unidades cooperativas).

En el caso específico de la Misión Vuelvan Caras, como lo mencionamos anteriormente, se busca cambiar el modelo al variar las relaciones de producción que permitan el nacimiento de una economía autogestionada, cooperativa, de conformidad con lo establecido en la Constitución de la República Bolivariana de Venezuela.
[11]


Em 2004 é feita nova tentativa para depor Chavéz, recorrendo desta vez a um mecanismo previsto na nova constituição que possibilita que todos os detentores de cargos eleitos possam ser destituídos por referendo a meio do mandato. A oposição recolhe as assinaturas necessárias (existindo fortes dúvidas se, de facto, conseguiram recolher os 3 milhões necessários) as forças Bolivarianas aceitam o desafio e o resultado é que 59% dos eleitores rejeitam a demissão de Chavéz. São realizados outros referendos direccionados aos governos locais, na maior parte convocados por Chavistas que pretendem provocar a resignação de políticos ligados à oposição (em vários casos cidadãos eleitos pelo bloco Bolivariano e que com o aprofundar da revolução passaram para a oposição).

O final de 2006 é rico em acontecimentos. A 3 de Dezembro há eleições Presidenciais (nas eleições anteriores, para o congresso, a oposição não apresenta candidatos numa tentativa de descredibilização do processo eleitoral), Hugo Chavéz vence com 62.9% dos votos. Logo na noite eleitoral e posterior tomada de posse é reiterada a orientação socialista e anti-imperialista a seguir pelo governo. É neste contexto que se lançam várias iniciativas de grande alcance.
Criação de um novo partido, a partir dos “Comandos Miranda”(grupos de base que têm vindo a levar as campanhas eleitorais e referendárias para o terreno), vários grupos de activistas bolivarianos e dos partidos pertencentes ao bloco bolivariano (MVR, PCV, PPT, PODEMOS e mais de 20 outros pequenos partidos). O objectivo é dotar a revolução de uma organização democrática, mas articulada e forte socialmente, nesse sentido os partidos existentes podem se juntar ao novo movimento ou não, mas aqueles que escolherem a última alternativa serão excluídos do governo. Este processo ainda está na sua fase inicial, o nome sugerido para este novo partido é PSUV, Partido Socialista Unificado da Venezuela.
Foi anunciada a nacionalização de empresas (ligadas ao capital Norte-Americano) na área da electricidade e telecomunicações.
O congresso venezuelano, reunido na principal Praça de Caracas, adoptou um pacote de medidas que dá amplos poderes à presidência. O objectivo é permitir margem de manobra ao governo para tomar decisões como as descritas no parágrafo acima e aprofundar a “Revolução”.
O governo tomou a decisão, completamente legal, de não renovar a licença de um dos canais privados de televisão venezuelanos, a RCTV (Radio Caracas Televisión). Este é um dos canais que tem estado em guerra aberta contra o governo, não apenas criticando, mas mentindo, difamando e incitando todo o tipo de actividades (inclusive violentas) que provoquem o derrube do governo, foi uma das instituições responsáveis pelo golpe falhado de 2002[12].

Desde já duas conclusões

Chávez tem entendido o poder potencial das mulheres como protetoras primárias do processo. Quatro meses de lobby contínuo, permitiu que as mulheres conseguissem a Constituição que desejavam. Entre suas disposições anti-sexistas e anti-racistas, concebe o trabalho do lar como económicamente produtivo, reconhecendo o direito das donas-de-casa à previdência social. Não surpreende que em 2002 as mulheres de orígem africano e indígena liderassem aos milhões que desceram desde os morros para acabar com o golpe de Estado (liderado pela elite quase toda branca e a CIA), para salvar sua Constituição, seu presidente, sua democracia, sua revolução.[13]

Independentemente das piruetas teóricas que queiramos dar algumas evidências são incontornáveis. Primeiro, o governo bolívariano está intimamente ligado aos movimentos populares progressistas nos bairros, fábricas, sociedade em geral. Tendo tido até um papel fundamental no fomento desses movimentos, é o governo dos pobres e dos anteriormente excluídos, assume-se enquanto tal e é reconhecido pela população enquanto tal, quer pelos seus apoiantes quer pelos seus adversários. Como acima foi referido, uma das razões mais determinantes para ter sido alvo de um combate sem tréguas por parte da elite do país foi o facto desses sectores terem identificado o governo com os sectores desfavorecidos e o próprio governo como fonte de empowerment dessas populações antes desprezadas. A rejeição de Chavéz por parte dos sectores dominantes não se prende apenas com as medidas particulares que o governo toma e põe em causa os seus privilégios, é mais profunda e prende-se com a rejeição da orientação estratégica seguida pelo Governo Bolívariano. O mesmo se pode dizer da adesão das massas populares à Revolução Bolivariana e ao socialismo do século XXI.
Segundo, o impacte destes acontecimentos extravasa completamente as fronteiras da Venezuela, pelo simples exemplo que este percurso dá, sobretudo, às populações Latino Americanas. Isto para não referir as políticas lançadas pela direcção bolivariana que explicitamente procuram expandir o fermento revolucionário, políticas essas que discutirei mais adiante. Por agora o importante é frisar que a experiência Chavista faz a demonstração prática de que é possível desenvolver políticas que almejem uma mais equitativa redestribuição da riqueza, que é possível atacar a miséria nas suas várias facetas (económica, social, cultural), que é possível resistir aos ataques da classe dominante e derrotá-los. A vitória do dia 13 de Abril de 2002 sobre o putsh direitista, foi a maior vitória que o movimento popular latino-americano, até mundial, teve desde a entrada dos sandinistas em Manágua! Depois das “veias abertas da América-Latina”, dos regimes militares que só recuaram de forma negociada nos anos 80, depois da derrota de Allende e dos Sandinistas, depois da derrota dos vários momentos de guerrilha (sendo as FARC a excepção), da imposição do consenso de Washington nos anos 90 pelas recentes democracias, o moral popular não era propriamente estratosférico… A revolução bolivariana, com todos os defeitos que possa ter, devolve aos milhões de Sul-Americanos desmoralizados com a experiência traumática dos últimos 20-30 anos aquilo que é o ponto de partida para qualquer tentativa de mudar o status quo, o combustível imprescindível para qualquer movimento que queira transformar a realidade, a revolução bolivariana devolve a Esperança!!! A Esperança que um outro mundo é possível e que até se anda a fazer alguma coisa por isso e que quem tenta matar esse novo mundo não consegue!
A vitória de Morales na Bolívia e de Correa no Equador, o regresso, que não deixa de ter valor simbólico, de Daniel Ortega na Nicarágua, a situação explosiva no México, o novo fôlego da revolução cubana, e o enterro da ALCA[14]. Todo este novo vento que começa a varrer a Pátria de Bolívar que se estende das margens do Rio Grande à Patagónia seria possível, com esta extensão e intensidade, sem essa ponta de lança que é o auto-intitulado estado bolivariano da Venezuela? Mais uma vez, apesar de todos os hipotéticos erros, o fenómeno chavista não apenas abriu todo um novo campo de possibilidades e alargou os limites do possível na Venezuela, mas por todo o continente.

Piratas das Caraíbas, o Eixo da Esperança[15]

No campo internacional, o governo bolivariano propõe aos povos da América Latina a integração política e cultural solidária em alternativa à integração económica capitalista, afim de se construir um eixo continental de desenvolvimento que permita a superação da dependência estrutural, a cidadania democrática plena de todos e todas, a nossa articulação em torno às identidades populares da América Latina e a criação efectiva de uma ordem multipolar e justa, baseada em relações de mútuo intercâmbio.[16]

O movimento progressista está a progredir pela pátria de Bolívar não apenas devido ao exemplo. O apoio económico e político prestado por Cuba e a Venezuela à Bolívia é um factor decisivo, embora por si só insuficiente, para implementar as medidas pelas quais os movimentos sociais bolivianos já muito lutaram. As missões têm sido estendidas para lá de Cuba e da Venezuela, nomeadamente aos países do Caribe. A proposta de lançar a ALBA um sistema de trocas orientado para o benefício mútuo das populações dos países intervenientes e não para os benefícios financeiros que possam advir dessas trocas. Simplesmente a oferta de colaboração com qualquer governo que prossiga políticas que rompam com o consenso de Washington é por si só de importância capital para que esse tipo de políticas se espalhe.
No entanto, a solidariedade internacionalista não se resume à cooperação intergovernamental, nesse sentido o governo Bolivariano tem também apoiado movimentos sociais por todo o continente, exemplo disso é o fornecimento de combustível de aquecimento a instituições sociais Estado Unidenses que trabalham nos bairros mais degradados, nomeadamente junto da comunidade Afro-Americana. O anúncio desta medida foi feito numa palestra dada por Chavéz na igreja de Riverside em Nova York a convite de vários lideres da comunidade afroamericana (como Jesse Jackson e Dany Glover) e sindicatos. Outro exemplo é o da organização em Caracas do primeiro encontro de solidariedade e resistência dos povos indígenas e dos camponeses. Poderiam ser dados mais, relembro aqui apenas a organização do último Fórum Social Mundial em Caracas.

O papel da Venezuela mundo não se resume às fronteiras da América-Latina. As tomadas de posição pública contra a política imperial de Washington, a troca de galhardetes com a administração Norte-Americana, os Discursos contudentes de Chavéz em vários fóruns internacionais (veja-se o exemplo do discurso proferido na ONU…) e a ameaça de expulsão do embaixador israelita da Venezuela aquando da invasão do Líbano têm, mais do que qualquer outra coisa, uma forte dimensão simbólica, mas não deixam de ser elementos galvanizadores para todos/as quantos combatem o império por este mundo fora.
Mais discutida tem sido a política de aproximação a outros estados que contestam a hegemonia Norte-America, refiro-me, nomeadamente a países como a China, Bielo-Rússia e Irão. Aqui há que distinguir vários planos. Em primeiro lugar parece-me acertada a estratégia de estreitar laços com quem pode barrar os planos para “um novo século XXI americano”, é não apenas desejável, mas necessário para que “el processo” prossiga que a Venezuela não esteja dependente, a nível comercial e outros, apenas de países dominados politicamente por Washington. Além do mais, a lógica seguida tem ido para além dos meros acordos bilaterais, a recente cimeira dos países não alinhados em Havana, no final do ano passado, é exemplo desse esforço.
Desta forma a estratégia Imperial de denominar certos estados como “estados párias” (os chamados “rogue states”) e pô-los numa espécie de quarentena internacional, no fundo a velha teoria de “dividir para reinar”, cai por terra. Foi, também, por não conseguir isolar completamente o Irão no palco mundial que os EUA ainda não lançaram sobre esse país um ataque militar. Visto sob este prisma o abraço dado por Chavéz a Mahmoud Ahmadinejad, não pode, de forma leviana, ser considerado como apenas “apoio a um facínora”.
De qualquer das formas, o estreitar de relações e a construção de um movimento de não-alinhados, não implica o apoio acrítico a regimes como o Chinês ou Bielorusso. Sem dúvida, Chavéz, devia ser mais cauteloso nas afirmações que faz aquando das visitas a esses países.

[1],7 Hugo Chávez em entrevista com Marta Harnecker
[2] A Look at the Pre-Chavez Electoral System in Venezuela and Recent Reform by Olivia Burlingame Goumbri; September 14, 2006
[3]Hugo Chávez em entrevista com Marta Harnecker
[4] Nessas eleições Chavés também concorreu contra uma ex-Miss Universo…
[5] As Missões Bolivarianas Ministério da Comunicação e Informação do Governo Bolívariano da Venezuela.
[6] Hugo Chávez em entrevista com Marta Harnecker
[7] Empresa Petrolífera do Estado Venezuelano
[8] Excepção feita ao entusiasmo mostrado pela secretaria de estado Norte-Americana
[9] As Missões Bolivarianas, Ministério da Comunicação e Informação do Governo Bolívariano da Venezuela.
[10] José Cademártori, economista chileno, membro do governo de Salvador Allende
[11] Las Misiones Sociales Venezolanas como mecanismo para erradicar la pobreza, Dip. Victor Chirinos Vicepresidente de relaciones interinstitucionales del grupo parlamentário venezolano no Parlatino
[12] Ver o artigo: Hugo Chávez and RCTV Censorship or a legitimate decision? De Salim Lamrani publicado no zmag.org
[13] Selma James, coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres. Inglaterra
[14] Quem não se lembra do gutural, mas absolutamente incisivo grito, ALCA ALCA al Carajo! Proferido em Buenos Aires durante a cimeira das Américas?
[15] Título do novo livro de Tariq Ali sobre Venezuela, Cuba e Bolívia.
[16] As Missões Bolivarianas, Ministério da Comunicação e Informação do Governo Bolívariano da Venezuela.

Império vs Exército dos Céus

Não é uma metáfora, aconteceu… um exemplo que me captou a atenção para a complexidade do cenário iraquiano foi o das recentes notícias de uma brutal batalha (mais de 250 mortos e um helicóptero Americano abatido) travada perto de Najaf (no sul Xiita) entre as forças do governo fantoche e dos EUA e uma seita denominada “exército dos céus”. O confronto deu-se no domingo, dia 28 de Janeiro, e as informações do terreno são muito contraditórias. Abaixo envio uma compilação de artigos acerca do sucedido.


US 'victory' against cult leader was 'massacre'
by Patrick Cockburn; The Independent; February 01, 2007
There are growing suspicions in Iraq that the official story of the battle outside Najaf between a messianic Iraqi cult and the Iraqi security forces supported by the US, in which 263 people were killed and 210 wounded, is a fabrication. The heavy casualties may be evidence of an unpremeditated massacre.

A picture is beginning to emerge of a clash between an Iraqi Shia tribe on a pilgrimage to Najaf and an Iraqi army checkpoint that led the US to intervene with devastating effect. The involvement of Ahmed al-Hassani (also known as Abu Kamar), who believed himself to be the coming Mahdi, or Messiah, appears to have been accidental.

The story emerging on independent Iraqi websites and in Arabic newspapers is entirely different from the government's account of the battle with the so-called "Soldiers of Heaven", planning a raid on Najaf to kill Shia religious leaders.

The cult denied it was involved in the fighting, saying it was a peaceful movement. The incident reportedly began when a procession of 200 pilgrims was on its way, on foot, to celebrate Ashura in Najaf. They came from the Hawatim tribe, which lives between Najaf and Diwaniyah to the south, and arrived in the Zarga area, one mile from Najaf at about 6am on Sunday. Heading the procession was the chief of the tribe, Hajj Sa'ad Sa'ad Nayif al-Hatemi, and his wife driving in their 1982 Super Toyota sedan because they could not walk. When they reached an Iraqi army checkpoint it opened fire, killing Mr Hatemi, his wife and his driver, Jabar Ridha al-Hatemi. The tribe, fully armed because they were travelling at night, then assaulted the checkpoint to avenge their fallen chief.

Members of another tribe called Khaza'il living in Zarga tried to stop the fighting but they themselves came under fire. Meanwhile, the soldiers and police at the checkpoint called up their commanders saying they were under attack from al-Qai'da with advanced weapons. Reinforcements poured into the area and surrounded the Hawatim tribe in the nearby orchards. The tribesmen tried - in vain - to get their attackers to cease fire.

American helicopters then arrived and dropped leaflets saying: "To the terrorists, surrender before we bomb the area." The tribesmen went on firing and a US helicopter was hit and crashed killing two crewmen. The tribesmen say they do not know if they hit it or if it was brought down by friendly fire. The US aircraft launched an intense aerial bombardment in which 120 tribesmen and local residents were killed by 4am on Monday.

The messianic group led by Ahmad al-Hassani, which was already at odds with the Iraqi authorities in Najaf, was drawn into the fighting because it was based in Zarga and its presence provided a convenient excuse for what was in effect a massacre. The Hawatim and Khaza'il tribes are opposed to the Supreme Council for Islamic Revolution in Iraq (SCIRI) and the Dawa Party, who both control Najaf and make up the core of the Baghdad government.

This account cannot be substantiated and is drawn from the Healing Iraq website and the authoritative Baghdad daily Azzaman. But it would explain the disparity between the government casualties - less than 25 by one account - and the great number of their opponents killed and wounded. The Iraqi authorities have sealed the site and are not letting reporters talk to the wounded.

Sectarian killings across Iraq also marred the celebration of the Shia ritual of Ashura. A suicide bomber killed 23 worshippers and wounded 57 others in a Shia mosque in Balad Ruz. Not far away in Khanaqin, in Diyala, a bomb killed 13 people, including three women, and wounded 29 others. In east Baghdad mortar bombs killed 17 people.

Official Lies over Najaf Battle Exposed
by Dahr Jamail and Ali al-Fadhily; Inter Press Service; January 31, 2007

*NAJAF, Iraq, Jan 31 (IPS) - Iraqi government lies over the killing of hundreds of Shias in an attack on Sunday stand exposed by independent investigations carried out by IPS in Iraq.*

Conflicting reports had arisen earlier on how and why a huge battle broke out around the small village Zarqa, located just a few kilometres northeast of the Shia holy city Najaf, which is 90 km south of Baghdad.

One thing certain is that when the smoke cleared, more than 200 people lay dead after more than half a day of fighting Sunday Jan. 28. A U.S. helicopter was shot down, killing two soldiers. Twenty-five members of the Iraqi security force were also killed.

"We were going to conduct the usual ceremonies that we conduct every year when we were attacked by Iraqi soldiers," Jabbar al-Hatami, a leader of the al-Hatami Shia Arab tribe told IPS.

"We thought it was one of the usual mistakes of the Iraqi army killing civilians, so we advanced to explain to the soldiers that they killed five of us for no reason. But we were surprised by more gunfire from the soldiers."

The confrontation took place on the Shia holiday of Ashura which commemorates Imam Hussein, grandson of the prophet Muhammad and the most revered of Shia saints. Emotions run high at this time, and self-flagellation in public is the norm.

Many southern Shia Arabs do not follow Iranian-born cleric Ayatollah Ali al-Sistani. They believe the religious leadership should be kept in the hands of Arab clerics. Al-Hatami and al-Khazaali are two major tribes that do not follow Sistani.

Tribal members from both believe the attack was launched by the central government of Baghdad to stifle growing Shia-Sunni unity in the area.

"Our convoy was close to the al-Hatami convoy on the way to Najaf when we heard the massive shooting, and so we ran to help them because our tribe and theirs are bound with a strong alliance," a 45-year-old man who asked to be referred to as Ahmed told IPS.

Ahmed, a member of the al-Khazali tribe said "our two tribes have a strong belief that Iranians are provoking sectarian war in Iraq which is against the belief of all Muslims, and so we announced an alliance with Sunni brothers against any sectarian violence in the country. That did not make our Iranian dominated government happy."

The fighting took place on the Diwaniya-Najaf road and spread into nearby date-palm plantations after pilgrims sought refuge there.

"American helicopters participated in the slaughter," Jassim Abbas, a farmer from the area told IPS. "They were soon there to kill those pilgrims without hesitation, but they were never there for helping Iraqis in anything they need. We just watched them getting killed group by group while trapped in those plantations."

Much of the killing was done by U.S. and British warplanes, eyewitnesses said.

Local authorities including the office of Najaf Governor Asaad Abu Khalil who is a member of the pro-Iranian Supreme Council for Islamic Revolution in Iraq (SCIRI) had claimed before the killings that a group of primarily foreign Sunni fighters with links to al-Qaeda had planned to disrupt the Ashura festival by attacking Shia pilgrims and senior ayatollahs in Najaf. The city is the principal seat of religious learning for Shias in Iraq.

Officials claimed that Iraqi security forces had obtained intelligence information from two detained men that had led the Iraqi Scorpion commando squad to prepare for an attack. The intelligence claimed obviously had little impact on how events unfolded.

Minister of Interior Jawad al-Bolani announced to reporters at 9 am Sunday morning that Najaf was being attacked by al-Qaeda. Immediately following this announcement the Ministry of National Security (MNS) announced that the dead were members of the Shia splinter extremist group Jund al-Sama (Army of Heaven) who were out to kill senior ayatollahs in Najaf, including Grand Ayatollah Ali al-Sistani.

Iraq's national security advisor Muaffaq al-Rubaii said just 15 minutes after the MNS announcement that hundreds of Arab fighters had been killed, and that many had been arrested. Rubaii claimed there were Saudis, Yemenis, Egyptians and Afghans.

But Governor Khalil's office backed away from its initial claims after the dead turned out to be local Shia Iraqis. Iraqi security officials continue to contradict their own statements. Most officials now say that the dead were Shia extremists supported by foreign powers.

The government of Prime Minister Nouri al-Maliki has a pattern of announcing it is fighting terrorists, like its backers in Washington.
Many Iraqis in the south now accuse Baghdad of calling them terrorists simply because they refuse to collaborate with the Iranian dominated government.


(Ali al-Fadhily is our Baghdad correspondent. Dahr Jamail is our specialist writer who has spent eight months reporting from inside Iraq and has been covering the Middle East for several years.)
(c)2007 Dahr Jamail.
All images, photos, photography and text are protected by United States and international copyright law. If you would like to reprint Dahr's Dispatches on the web, you need to include this copyright notice and a prominent link to the http://DahrJamailIraq.com website. Website by photographer Jeff Pflueger's Photography Media http://jeffpflueger.com . Any other use of images, photography, photos and text including, but not limited to, reproduction, use on another website, copying and printing requires the permission of Dahr Jamail. Of course, feel free to forward Dahr's dispatches via email.
More writing, commentary, photography, pictures and images at http://dahrjamailiraq.com

Bush Comment on Najaf Farcical; Hawatimah Tribe of Diwaniyah involved in Mahdist Uprising?
by Juan Cole; Informed Comment; February 02, 2007
Attempts are being made to knock down all kinds of stories about the Najaf uprising. Bush expressed happiness that the Iraqi Army (actually the Badr Corps fundamentalist Shiite militia) acquitted itself well against the rebels. But in fact, the Iraqi security forces were surrounded, cut off and nearly destroyed by heavily armed cultists--and had urgently to call in US troops, tanks and close air support.Bush told National Public Radio on Monday, "My first reaction on this report from the battlefield is that the Iraqis are beginning to show me something." So does the US military not tell Bush when their Iraqi allies get into deep trouble fighting a few hundred cultists and they have to go bail them out? Or was Bush briefed on the situation and he came out and told a bald faced lie to the public about what had happened?Either thing at a time the country is at war is truly horrifying.The radical Sunni Arab newspaper Mafkarat al-Islam and the moderate Arab nationalist newspaperal-Zaman weighed in with yet a fourth account of the fighting in Najaf on Sunday and Monday. In this one, an innocent poor little tribal group from Diwaniyah, the Hawatimah, got up a night-time convoy to the holy city of Najaf on their way to Karbala for Ashura. They happened to have raised anti-Iranian slogans and placards. (At night or early dawn? How could they be seen?) The evil Najaf government authorities, themselves proto-Iranian, suddenly and for no reason launched a massive attack on the Hawatimah, massacring them, as they approached Najaf. In this narrative, the Diwaniyah tribal group had nothing to do with any millenarian cult (al-Mahdawiyah), and were just killed at the instigation of the Supreme Council for Islamic Revolution in Iraq and the Badr Corps (pro-Iranian political and paramilitary groupings who basically run Najaf) because they dared object to Iranian influence in Iraq. It is even being alleged in al-Zaman that the Hawatimah were only implementing Bush administration strictures against Iranian machinations in Iraq.Note that the Supreme Council for Islamic Revolution in Iraq, which controls Najaf, is Bush's major ally in Iraq even though it is close to Iran. Those fighting the Najaf government and Iraqi army forces were anti-Iranian. Rightwing bloggers seem confused on these points.It is, of course, possible that the Hawatimah got caught up in the fighting between the Mahdawiyah and the Badr Corps as they were proceeding toward Karbala. And the Najaf authorities did themselve no favors by trying to depict this Shiite group as al-Qaeda (a hyper-Sunni movement) or related to the old Baath Party.But the story in Mafkarat al-Islam makes no sense at all. If the Hawatimah convoy was heading to Karbala, why would it need to go into downtown Najaf? And what was a big convoy of armed tribesmen doing heading for downtown Najaf at night? At night? With Iraq's lack of security? The al-Zaman narrative even justifies them being heavily armed on the grounds that they were traveling at night. But doesn't explain why they were operating under cover of darkness in the first place. The traveling at night thing seems suspicious to me.In contrast, al-Hayat reports in Arabic that its stringers interviewed residents of Zarqa just north of Najaf who confirmed that the Mahdist sect leader, Diya' Kazim Abd al-Zahra, who also went by Ahmad Hassaan al-Yamaani, of Diwaniyah, 38, had indeed bought orchards there and settled there with hundreds of followers. They kept bringing in truckfuls of sand. When asked why, they said that they wanted to build barriers to mark of "their property."Hmm. The Mahdist leader was from Diwaniyah. The Hawatimah were from Diwaniyah and were coming in a big armed convoy at night toward Najaf. If we set aside the claims of this group of Hawatimah to be innocent victims and assume that they were Mahdists coming to help with a planned assault on Najaf (empty and unguarded while all the other Shiites converged on Karbala for Ashura), then it would explain a lot. Heavily armed tribesmen could easily have overwhelmed the Iraqi army, if they had RPGs and automatic weapons. They would have the element of surprise, esprit de corps, and probably some would have served in the old Baath army and might well have much more military experience than the green Iraqi army troops thrown against them. Tribesmen are formidable and often outfitted like private armies. And if they were coming to support the Mahdawiyah cultists in the orchards, that explains where the high-powered weapons came from. They so devastated the Iraqi forces that the US had to send troops, tanks and helicopters to rescue the latter.If we posit an involvement of the Hawatimah from Diwaniyah in the Mahdist uprising at Najaf, it raises the question as to whether they were the "rogue elements" that launched an uprising in Diwaniyah itself in late August, 2006. At the time, this violence was blamed on the Mahdi Army of Muqtada al-Sadr, but spokesmen for Muqtada at the time complained that "rogue elements" not under his control were stirring up trouble there. The Mahdawiyah was founded in 1999 by Abdul Zahra, a young civil engineer from Diwaniyah who had been a follower of Ayatollah Muhammad Sadiq al-Sadr (Muqtada's father) but established a group that split off from the Sadrists.Admittedly, a lot of what I have written is speculative, and I'm open to being corrected by better evidence. (That is the fate of all historians but especially those who try to catch history on the run.) But I think it is pretty easy to resolve the contradictions among the major accounts by assuming that this was a Mahdist uprising aimed at taking Najaf, centered on the coming of the Promised One, to which a group of Hawatimah clans were coming to lend aid. The Hawatimah story of their innocence, as reported in the Sunni press, seems to me to have a lot of holes in it.
Juan Cole is President of the Global Americana Institute and writes the blog "Informed Comment." This was his blog entry for Jan. 31, 2007.

Mystery Arises Over Identity of Militia Chief in Najaf Fight
By DAMIEN CAVE
BAGHDAD, Jan. 31 — New questions arose Wednesday about the sectarian identity of the man who led a renegade militia into battle last weekend against American and Iraqi troops near the holy city of Najaf.
At a news conference on Wednesday meant to clarify details of the skirmishes, which left at least 250 militants dead, Iraqi officials declared that Ahmad bin al-Hassan al-Basri, identified as the leader of the militia, was actually a Sunni militant who had been able to take control of the militia group by masquerading as a Shiite. Gen. Qais Hamza al-Mamouri, chief of police for Babil Province, said that while Mr. Basri led a Shiite splinter group known as the “Soldiers of Heaven,” he was in fact an impostor from Zubair, a Sunni stronghold on the southwestern edge of Basra. He said the man’s real name was Ahmed Ismail Katte.
“He is a Wahhabi from a Sunni town,” General Hamza said, referring to the austere sect of radical Sunni Islam founded in Saudi Arabia. “His family is Sunni, and his family trained him to be Shiite.”
Two clerics from another renegade Shiite sect — loyal to Mahmoud al-Hassani al-Sarkhi, a Basri rival — offered the same assessment privately, lingering after the news conference in Hilla, about 50 miles north of Najaf, to confirm that Mr. Basri was not in fact one of their own.
But their only evidence seemed to be a link to Zubair. And after days of widely varying assertions from Iraqi officials regarding the number of battle casualties and the nationalities and beliefs of the militants, the claims about Mr. Basri only added to confusion about who exactly the Americans and Iraqis had fought in a long battle, beginning Sunday.
The fight — less than two months after the American military handed control of this province to Iraqi forces — raised questions about the Iraqis’ ability to handle their security. Since many of the militants were believed to be Shiites, it also highlighted the risk of rifts within Iraq’s majority Shiite sect. Shiite leaders have sought to distance themselves from the estimated 1,000 fighters who were in bunkers 10 miles from Najaf, apparently with plans to assassinate Shiite leaders and occupy the city’s Imam Ali mosque.
On the first day of the battle, Asad Abu Ghalal, the governor of Najaf Province, said that the militants were Sunni extremists, Iraqis and foreigners dressed in Afghan and Pakistani garb. Several Shiite clerics then said that the group was a splinter Shiite sect loyal to Mr. Basri, who studied at Hawza, a revered Shiite seminary in Najaf but later broke with the established Shiite leadership. The reports that he was a Sunni, if true, raise the question of whether he studied at a Shiite seminary to establish Shiite credentials.
Some officials have said that Mr. Basri’s group was financed by Shiite Iran, yet the claims on Wednesday hinted at links to Al Qaeda, which is Sunni. Shiite politicians have also said that the group was infiltrated by former intelligence officers of Saddam Hussein. Zubair has been considered a center for loyalists and spies from the old government, which was dominated by Sunnis.
“I’m 100 percent sure that the group’s deputy” — Diyah Abdul Zahraa Khadom, also known as Ahmed Hassan al-Yamani — “was a security officer from the old regime,” Jalal Adin al-Sagheer, a Shiite member of Parliament, said Wednesday. “And he was killed in this operation.”
“Now you can clearly see this operation was very strong and determined to destroy the new Shiite-led government,” he added.
Also on Wednesday, Prime Minister Nuri Kamal al-Maliki continued to provide lukewarm support for the White House plan to add troops for a new Baghdad security plan. “We believe that the existing number, with a slight addition, will do the job,” he said, in an interview with CNN. “But if there seems to be more need, we will ask for more troops.”
The United States military reported the deaths of four American service members. Two soldiers and a marine were killed Tuesday in Anbar Province. Another soldier died Wednesday from combat in Salahuddin Province.
In Baghdad, 10 bodies were found, handcuffed and blindfolded, an Interior Ministry official said. About 10 mortars fell on the northern Baghdad neighborhood of Adhamiya, killing four people and wounding 20. At least four other people were killed in the capital by shootings and bombs.
Qais Mizher and Ali Adeeb contributed reporting.
Copyright 2007 The New York Times Company


So What Happened in Najaf? Zeyad, Healing Iraq January 30, 2007 The Sadrist account: Nahrain Net, a Sadrist website, quotes anonymous sources from the Hawza and security officials in Najaf that an armed group named "Jund Al-Samaa’" (the Army of Heaven, the Soldiers of Heaven, the Soldiers of the Skies) were amassing in palm groves at Zarga, north of Kufa, and that they were plotting to take supreme Shi’ite clerics in Najaf, including Sistani, Ishaq Al-Fayyadh, Ya’qubi, Mohammed Al-Hakim, and Muqtada Al-Sadr, as hostages in order to use as a bargain to control the shrine of Imam Ali in Najaf. Allegedly, a list was found with the group that contained names of senior clerics in Najaf and Karbala, and that Muqtada was number two on the list after Sistani. They added that the group was coordinating with Ba’athists and Al-Qaeda and that they have received logistic and monetary backing from Saudi Arabia. The Iraqi Health Minister’s account: Health Minister Ali Al-Shammari (Sadrist Bloc) revealed that over 123 militants were wounded in the battle and that they were being treated in Najaf’s hospitals. Militants killed were "in the hundreds," most of who are of unknown identities. The group’s military commander was killed in the battle and he was identified as Dhiaa’ Abdul Zahra Kadhim, a man from Hilla. Ahmed Du’aibil, Media Spokesman of the Najaf Governorate (SCIRI): 250 – 300 militants were killed in the clashes at Zarga. "16 terrorists" were detained, including two Egyptians and a Saudi. The Iraqi News Agency quotes an unnamed Iraqi security source that the group’s leader is Ahmed Kadhim Al-Gar’awi Al-Basri (Ahmed Hassan Al-Basri), born 1969, and was a Hawza student of Sayyid Mohammed Sadiq Al-Sadr (Muqtada’s father) in Najaf. He left to Iran right before the war and declared himself the vanguard of Imam Al-Mahdi, leading to his imprisonment by Iranian authorities for heresy. He was released and returned to Iraq after the war and he started preaching in Basrah, where he also put under house arrest by Iraqi authorities. His schools and husseiniyas in major cities in the south were closed and vandalised by Iraqi security forces and the Scorpion Brigade of the Interior Ministry Commandos detained several of his followers in Najaf last week. The source added that 140 militants were captured in the clashes yesterday. SCIRI’s Buratha News Agency quotes a source in the Dhu Al-Fiqar Brigade, which fought the militants yesterday, saying over 1,000 "terrorists" were killed and 50 detained, with 200 "brainwashed women and children." He added that the area was full of corpses and a large amount of ammunition and weapons was confiscated. Deputy Governor of Najaf Abdul Hussein Abtan (SCIRI), as quoted on Al-Iraqiya TV: "Hundreds of terrorists have been killed, and hundreds detained. Their brainwashed families were also at the location and we are moving them to another place and clearing the killed and prisoners to complete investigations. Our information indicates that foreign groups funded this operation, but they used false slogans and recruited naive people in order to destroy holy Najaf and to kill the great clerics as a starting point and then to move to control other governorates. That is what their slain leader, who called himself the Imam Al-Mahdi, told them." The deputy governor first said the group’s leader was a Lebanese national, but later he identified him as Dhiaa’ Abdul Zahra Kadhim, from Hilla. It seems there were no journalists to point out this contradiction to him in the room when he made this statement. Najaf Governor As’ad Abu Gilel (SCIRI): The group was led by a man named Ali bin Ali bin Abi Talib. Their planned attack was meant to destroy the Shiite community, kill the grand ayatollahs, destroy the convoys and occupy the holy shrine. He identified the group as "Shi’ite in its exterior, but not in its core." Another unnamed captain in the Iraqi Army, quoted by Buratha News Agency: "The leader who was killed claimed he was the Mahdi. He is in his forties and is from Diwaniya. Many Arab fighters were captured including Lebanese, Egyptians and Sudanese." Major General Othman Al-Ghanimi, Iraqi commander in charge of Najaf quoted by AP: Members of the group, including women and children, planned to disguise themselves as pilgrims and kill as many leading clerics as possible. The group’s leader, wearing jeans, a coat and a hat and carrying two pistols was among those who were killed in the battle. Saddam’s Al-Quds Army, a people’s militia established in the late 1990s, once used the same area where the group was based. Ahmed Al-Fatlawi (SCIRI), member of Najaf Governorate Council, quoted by AP: "We have information from our intelligence sources that indicated the leader of this group had links with the former regime elements since 1993. Some of the gunmen brought their families with them in order to make it easier to enter the city. The women have been detained." Colonel Ali Jiraiw, spokesman for the Najaf police, quoted by the Guardian: "The group which calls itself Army of Heaven had established itself two years ago in farms near Kufa. But it ran into trouble with the Jaish al-Mahdi militia loyal to Shia cleric Muqtada Al-Sadr, who has a base in Kufa and who regards the group as heretical. The group is led by Sheikh Ahmed Hassan Al-Yamani, and its followers believe in the imminent return of the Mahdi, a messiah-like figure whose coming heralds the dawn of a kingdom of peace and justice." So let me get this straight. The Iraqi officials can't agree on who they were fighting or who their leader was, so how did they figure out all these colourful details about "brainwashed women and children" and the intentions of killing all clerics or bombing the shrine or taking over the shrine, etc.? Also, alleged eyewitnesses said they saw fighters in "Afghan robes." What is an Afghan robe, anyway? I doubt someone from Kufa would know an Afghan robe when they see it. Also, why doesn't the government produce the evidence that foreign fighters have been captured? SCIRI’s website posted this photo of the group’s leader, and another of him lying dead in the battlefield. Another story that is surfacing on several Iraqi message boards goes like this: A mourning procession of 200 pilgrims from the Hawatim tribe, which inhabits the area between Najaf and Diwaniya, arrived at the Zarga area at 6 a.m. Sunday. Hajj Sa’ad Nayif Al-Hatemi and his wife were accompanying the procession in their 1982 Super Toyota sedan because they could not walk. They reached an Iraqi Army checkpoint, which suddenly opened fire against the vehicle, killing Hajj Al-Hatemi, his wife and his driver Jabir Ridha Al-Hatemi. The Hawatim tribesmen in the procession, which was fully armed to protect itself in its journey at night, attacked the checkpoint to avenge their slain chief. Members of the Khaza’il tribe, who live in the area, attempted to interfere to stop the fire exchange. About 20 tribesmen were killed. The checkpoint called the Iraqi army and police command calling for backup, saying it was under fire from Al-Qaeda groups and that they have advanced weapons. Minutes later, reinforcements arrived and the tribesmen were surrounded in the orchards and were sustaining heavy fire from all directions. They tried to shout out to the attacking security forces to cease fire but with no success. Suddenly, American helicopters arrived and they dropped fliers saying, "To the terrorists, Surrender before we bomb the area." The tribesmen continued to fire in all directions and in the air, but they said they didn’t know if the helicopter crash was a result of their fire or friendly fire from the attackers. By 4 a.m., over 120 tribesmen as well as residents of the area had been killed in the U.S. aerial bombardment. The Islam Memo website says an American NBC cameraman and an Iraqi journalist named Aws Al-Khafaji were trying to reach the area to film the battlefield but were prevented by a security force from the Najaf governor’s office to leave their hotel in Najaf. The website also quotes Sheikh Khalaf Abdul Hussein Al-Khaz’ali, who said the government killed 33 members of his tribe and that they described them as Al-Qaeda. A delegation from the Hawatim and Khaza’il tribe are allegedly negotiating with the Najaf governor to retrieve the corpses of 70 tribesmen, including women and children, still kept at the Najaf Hospital. The delegation threatened with "grave consequences" if the corpses are not delivered to the tribes within 24 hours. A source from Diwaniya said that 57 bodies have reached the city and were buried in the Hawatim tribe cemetery, west of the city, Monday afternoon. The website published a list of the names of those who were killed from the tribe. Both the Hawatim and Khaza’il tribe are anti-SCIRI and anti-Da’wa. Last July, they threatened to kill any of their members who join the Mahdi Army or the Badr Organization. SCIRI, on the other hand, accuses the tribes of being Ba’athists and Saddam loyalists. And, by the way, the Western media is confusing Ahmed Al-Hassan with Mahmoud Al-Hassani Al-Sarkhi, another Sadrist drop-out. They are not the same person, but they lead similar movements. Here is the background of Al-Sarkhi. http://www.uruknet.info/?p=99999&l=e&size=1&hd=0


Fighters for Shiite Messiah Clash with Najaf Security, 250 Dead Juan Cole, Informed Comment January 28, 2006 Well, a big battle took place at the Shiite holy city of Najaf on Saturday night into Sunday, but there are several contradictory narratives about its significance. Iraqi authorities, claimed that the Iraqi army killed a lot of the militants (250) but only took 25 casualties itself. The Shiite governor of Najaf implied that the guerrillas were Sunni Arabs and had several foreign Sunni fundamentalist fighters ("Afghans") among them. He said that they based themselves in an orchard recently purchased by Baathists. Other sources said that the militants were Shiites. I'd take the claim of numbers killed with a large grain of salt, though the Iraqi forces did have US close air support. I infer that the guerrillas shot down one US helicopter. That's one narrative. Here is another. The pan-Arab London daily al-Hayat reported that the militiamen were followers of Mahmud al-Hasani al-Sarkhi. It says one of his followers asserted that the fighting erupted when American and Iraqi troops attempted to arrest al-Hasani al-Sarkhi. The latter tried last summer to take over the shrine of al-Husayn in Karbala. It may have been feared that he would take advantage of the chaos of the Muharram pilgrimage season to make a play for power in Najaf. Al-Hayat says that although As'ad Abu Kalil, governor of Najaf, said the attackers were Sunnis, the director of the information center in Najaf, Ahmad Abdul Husayn Du'aybil, contradicted him. The latter said, "At dawn, today Sunday, violent clashes took place between security forces and an armed militia calling itself "the Army of Heaven," which claims that the Imam Mahdi will soon appear." He added, "The goal of this militia is the killing of clergymen and the grand ayatollahs." The group follows Ayatollah Ahmad al-Hasani al-Sarkhi, called al-Yamani, who is said by his followers to be in direct touch with the Hidden Imam or promised one. In the fighting 10 Iraqi security police were killed and 17 wounded. One official said that the death toll among the militants was not known. Al-Hayat, however, quotes a member of the group, Abu al-Hasan, who is said to be close to al-Hasani al-Sarkhi. He said that the rumors that the group intended to conduct a campaign of assassinations inside Najaf was "devoid of truth." It says that an attempt had been made to arrest al-Hasani al-Sarkhi, who was present in the al-Zarkah, an agricultural area east of Najaf, which caused his followers to revolt. Al-Hasani al-Sarkhi's followers had earlier burned down the Iranian consulates at Basra and Karbala, and demonstrated in Hilla and elsewhere. Sawt al-Iraq in Arabic says that a number of al-Hasani al-Sarkhi's aides were arrested early last week as part of the current crackdown in preparation for the American surge. Then there is yet a third narrative. Al-Zaman reports in Arabic that on Saturday night into Sunday morning, a Shiite millenarian militia calling itself "The Army of Heaven" (Jund al-Sama') attempted to move south from the Zarqa orchards just north of Najaf to assassinate the four grand ayatollahs of Najaf-- Ali Sistani, Bashir Najafi, Muhammad Ishaq Fayyad and Muhammad Said al-Hakim. The holy city of Najaf, where Ali is buried, is the seat of Shiite religious authority in Iraq. The militiamen, devotees of an obscure religious leader named Ahmad Hassaani, are said to have infiltrated the area from Hillah, Kut and Amara. The well-armed, black-clad militiamen were heard to call upon the Mahdi, the awaited Promised One of the Muslims, to return on that night. This group is not the Mahdi Army of Muqtada al-Sadr, which bears no enmity toward the grand ayatollahs, but rather a separate and different sect altogether. Shiite clerics told the NYT that the sect is the Mahdawiya of Ahmad al-Basri (possibly Ahmad Hassaani al-Basri?). Although the NYT was told that this millenarian sect (it believes that the end of time is around the corner) was supported by Saddam, you can't pay any attention to that sort of allegation when it comes to Iraqi sectarianism. It seems most likely that this was Shiite on Shiite violence, with millenarian cultists making an attempt to march on Najaf during the chaos of the ritual season of Muharram. But who knows? It is also possible that the orthodox Shiites in control of Najaf hate the heretic millenarians and the threat of the latter was exaggerated. Darned if I know. The reports of the Army of Heaven being so well armed make no sense if it was a ragtag millenarian band. But those reports could be exaggerations, too. It seems most likely that the Mahdawiya is the sect of Sheikh Mahmud al-Hasani al-Sarkhi and that al-Basri was the founder of the sect. That would be a way of reconciling al-Zaman with al-Hayat. The dangers of Shiite on Shiite violence in Iraq are substantial, as this episode demonstrated. Ironically, given Bush's mantra about Iran, the trouble makers here are a sect that absolutely hates Iran. According to Reuters, Sunday would have been a horror show in Iraq even if you hadn't had the Najaf clashes. Three US troops were killed Sunday, and more were announced killed. Police found 29 bodies in the capital, victims of sectarian violence. Over 20 people died in bombings in the capital, including a mortar strike on a girl's school. More deadly bombings in the northern oil city of Kirkuk. NYT strikes me as being a little breathless about Iranian plans for investment and development aid in Iraq. These plans were negotiated by two Iraqi prime ministers, Ibrahim Jaafari and Nuri al-Maliki on trips to Iran where wreaths were laid on the tomb of Ayatollah Khomeini. They were reported on at length at the time of those visits, and there is nothing new here. As for American officials, when asked about such plans in the past, they said that they hoped Iraq would have good relations with all its neighbors and understood that there would be economic relations with Iran. I can't see what the big crisis is. By the way, the Iranians are building an airport at Najaf to bring in the Shiite pilgrims, too. http://www.uruknet.info/?p=99999&l=e&size=1&hd=0

Missteps by Iraqi Forces in Battle Raise Questions MARC SANTORA BAGHDAD, Jan. 29 —Iraqi forces were surprised and nearly overwhelmed by the ferocity of an obscure renegade militia in a weekend battle near the holy city of Najaf and needed far more help from American forces than previously disclosed, American and Iraqi officials said Monday. They said American ground troops — and not just air support as reported Sunday — were mobilized to help the Iraqi soldiers, who appeared to have dangerously underestimated the strength of the militia, which calls itself the Soldiers of Heaven and had amassed hundreds of heavily armed fighters. Iraqi government officials said the group apparently was preparing to storm Najaf, a holy city dear to Shiite Islam, occupy the sacred Imam Ali mosque and assassinate the religious hierarchy there, including the revered leader, Grand Ayatollah Ali al-Sistani, during a Shiite holiday when many pilgrims visit. “This group had more capabilities than the government,” said Abdul Hussein Abtan, the deputy governor of Najaf Province, at a news conference. Only a month ago, in an elaborate handover ceremony, the American command transferred security authority over Najaf to the Iraqis. The Americans said at the time that they would remain available to assist the Iraqis in the event of a crisis. The Iraqis and Americans eventually prevailed in the battle. But the Iraqi security forces’ miscalculations about the group’s strength and intentions raised troubling questions about their ability to recognize and deal with a threat. The battle also brought into focus the reality that some of the power struggles in Iraq are among Shiites, not just between Shiites and Sunnis. The Soldiers of Heaven is considered to be at least partly or wholly run by Shiites. Among the troubling questions raised is how hundreds of armed men were able to set up such an elaborate encampment, which Iraqi officials said included tunnels, trenches and a series of blockades, only 10 miles northeast of Najaf. After the fight was over, Iraqi officials said they discovered at least two antiaircraft weapons as well as 40 heavy machine guns. The government knew that the Soldiers of Heaven had set up camp in the area, but officials said they thought they were there to worship together. Mr. Abtan said the Iraqi forces later decided to move on the group because an informer said Sunday was “zero hour” and the government noticed more men streaming into the area. “If this operation had succeeded, it would have been a chance of a lifetime for them,” he said. The Iraqis initially sent a battalion from their Eighth Army Division, along with police forces, but they were quickly overwhelmed, according to an Iraqi commander at the scene. The battalion began to retreat but was soon surrounded and pinned down, and had to call in American air support to keep the enemy from overrunning its position. American Apache attack helicopters and F-16s, as well as British fighter jets, flew low over the farms where the enemy had set up its encampments and attacked, dropping 500-pound bombs on the encampments. The Iraqi forces were still unable to advance, and they called in support from both an elite Iraqi unit known as the Scorpion Brigade, which is based to the north in Hilla, and from American ground troops. Around noon, elements of the American Fourth Brigade Combat Team, 25th Infantry Division were dispatched from near Baghdad. After an American helicopter was shot down at 1:30 p.m., some of those soldiers helped secure the crash site and recover the bodies of the two American soldiers killed in the crash, according to a statement by the American military. Others joined in the effort to combat the renegade militia, the statement said. A commander in the Scorpion Brigade said the combined American and Iraqi forces killed 470 people. He also said some of the dead Soldiers of Heaven fighters were found bound together at the ankles and suggested that the chains had probably been used to keep people from fleeing and to keep them moving as one unified group. Government estimates of the number of fighters killed ranged from 120 to 400. An Iraqi military official said at least 25 security force members were killed in the battle. Iraqi officials said Monday that they had killed the leader of the militia in the weekend fighting, identifying him as a man who went by the name Ahmed Hassan al-Yamani, but whose real name was Diyah Abdul Zahraa Khadom. However, a Shiite cleric who has had contact with the group said the real leader was Ahmad bin al-Hassan al-Basri. The cleric said he believed that Mr. Basri was alive and probably hiding near Karbala. Mr. Basri, while unknown to the average Iraqi, is relatively well known among the clerical hierarchy in Najaf, according to several clerics interviewed for this article. The clerics who were interviewed said that Mr. Basri was a student of Moktada al-Sadr’s father, a revered cleric, and that Mr. Basri and the senior Mr. Sadr had a split in the early 1990s. The governor of Najaf, Asad Abu Ghalal, in an interview on national television, said government intelligence officials told him that the Soldiers of Heaven have had ties with the government of Saddam Hussein as far back as 1993. He also said that the farmland where the militia had set up camp had been bought by a former Hussein loyalist, although he said that did not initially raise concerns about the group’s intentions. Government officials were quick to point the finger at Al Qaeda, alleging that it provided financing for the group. But numerous Shiite clerics, seeking anonymity for fear of contradicting the government, said it was highly unlikely that Al Qaeda, a Sunni group, would link up with a Shiite messianic group. Officials in the Shiite-dominated government are loath to detail internal rivalries in their community, but in the past three years there have been several clashes between rival factions, and the deaths of two senior Shiite ayatollahs have been linked to internal struggles for dominance. The often bloody internal rivalries have been overshadowed by the more overt Sunni-Shiite war being fought daily in Baghdad and in other mixed cities. http://www.nytimes.com/2007/01/30/world/middleeast/30iraq.html?pagewanted=2&ref=middleeast

Najaf 'under control' after Iraqi forces defeat mystery fighters Michael Howard in Sulaymaniya Tuesday January 30, 2007 The Guardian The Iraqi government yesterday declared an end to major combat operations near Najaf, where US and Iraqi forces had fought hundreds of fighters from an obscure Islamic splinter group suspected of planning attacks on the Shia clerical establishment during today's Ashura celebrations in nearby Kerbala. Defence ministry officials said 200 militants, including the cult's leader, had been killed in the fighting and 60 were wounded. The site of the battle, in an agricultural area north of Najaf, was said to be under the control of Iraqi security forces by early yesterday morning. However, estimates for the number of dead and injured varied widely, as did information about the motives and membership of the previously unknown group, known as the Army of Heaven, which believes in the return of the Mahdi, a 9th century imam whose reappearance will signal a new world of justice and peace. Muhammad al Askari, the defence ministry spokesman, said: "The victorious Iraqi forces, with US help, have smashed the group of terrorists who were planning to disrupt the holy day of Ashura." He said 120 fighters had been arrested and caches of weapons and documents were seized. The US military were largely quiet about the operation, during which two American soldiers lost their lives when a helicopter was brought down. The US handed responsibility for security in Najaf province to Iraqi forces last month. But there was growing concern yesterday at the apparent ease with which the group's followers had managed to dig themselves in and build up a cache of heavy weapons under the noses of Iraqi security forces - in a part of the country where security is relatively good. Police commanders in Najaf who launched the operation against the group at dawn on Sunday said they had been surprised by the ferocity and firepower they encountered. Initially outgunned, they called in US air support that included Apache attack helicopters and F-16 jets. "We found bunkers full of mortars and automatic weapons and anti-aircraft rockets," a police spokesman said. On a visit to Najaf, Iraq's national security minister, Sherwan al Waeli, said the final death toll was still being calculated. He said the cult's leader, named as Mahdi bin Ali bin Abi Taleb, believed to be a 40-year-old from the Shia city of Diwaniya, was killed. http://www.guardian.co.uk/Iraq/Story/0,,2001655,00.html