quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Recapitulando

Agora, que a situação catastrófica em que se encontra o Iraque, é assumida por todos, convém relembrar que houve MILHÕES que antes do mergulho no abismo alertaram para as consequências da invasão. Convém relembrar também, antes da anunciada escalada no conflito, que por todo o mundo existem cúmplices deste hediondo crime, nomeadamente, os governos que apoiaram o ataque e os “opinion makers” que do alto das suas tribunas o justificaram.
Abaixo segue um texto por mim elaborado e que depois de discutido e retocado foi publicado num panfleto do BE, a imagem montada com auxílio de um bom amigo (“Compagnhon de route” do movimento) foi a capa desse panfleto.

Uma guerra feita à medida

Depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001, Bush declarou guerra ao “terrorismo” e ameaçou os países que para ele são “o eixo do mal”. A partir de agora o Governo dos EUA, acha-se com legitimidade para atacar quem quiser, quando quiser, pelos motivos que quiser.
Recentemente já tínhamos visto amostras deste estilo, como a recusa em assinar o tratado de Quioto (que prevê a diminuição da emissão de gases poluentes a nível mundial), ou a recusa em reconhecer a autoridade do Tribunal Penal Internacional, já para não falar no apoio a Israel na ocupação ilegal dos territórios Palestinianos. A administração Bush prepara-se para assumir sem rodeios que o mundo é o seu quintal para dele fazer o que bem entender...
O próximo passo para assegurar este domínio global é o anunciado ataque ao Iraque. O “eixo do bem” (encabeçado por Ariel Sharon, Tony Blair e George Bush) já decidiu que Saddam é um alvo a abater. Que Saddam é um tirano isso já sabemos, mas é o mesmo tirano que foi aliado dos EUA e deles recebeu armas e apoio. inclusive, quando utilizou armas químicas contra a minoria Curda do Iraque e contra os Iranianos. Se a preocupação é a defesa da Democracia então porque não começar pelos próprios aliados dos EUA, o Paquistão, a Arábia Saudita e outros que tais?
Mais uma vez será a população civil, que já sofre com um embargo de dez anos, a verdadeira vítima. Sofrerá com os bombardeamentos e restantes consequências da guerra. Para quê? Para se instalarem novas bases militares americanas na região e colocar em Bagdade um regime submisso aos interesses Norte-Americanos...
Com uma grave crise económica em mãos, esta guerra é uma necessidade para alguns sectores da sociedade Americana. É preciso justificar os enormes gastos com a industria de armamento e assegurar um controle firme sobre o petróleo, não apenas no Iraque, mas em toda a região do médio oriente.
Somos, portanto, claramente contra esta aventura guerreira e a nova ordem imperial que lhe está subjacente, independentemente dela ser ou não abençoada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão mais que permeável às pressões e chantagens de Washington. Segundo um elemento da administração Bush “A ONU apoia os Estados Unidos, ou então será uma instituição irrelevante”... está tudo dito.
Por cá, em Portugal, temos um governo e um primeiro ministro totalmente amestrados. Dizem que sim a tudo o que vem da boca do senhor Bush. Durão Barroso sabe bem que está a ser hipócrita, pois na verdade, Portugal vendeu armas ao regime Iraquiano enquanto ele era Ministro dos Negócios Estrangeiros. E agora vem dizer que aquela ditadura é horrenda (como se no passado não tivesse sido) e precisa ser deposta. A verdade é que quem fala mais alto é sempre o dinheiro, seja do petróleo ou da venda de armas.
Entretanto, no passado dia 15 de fevereiro, dezenas de milhões de pessoas desceram à rua, naquilo que foi a primeira manifestação global de sempre. Surgiu um novo actor na política mundial, não serão os “senhores do mundo” os únicos a fazer a História. De Tóquio a Berlim, de Sidney a Nova Yorque ergueu-se uma voz pela Paz, contra a administração Bush e seus vassalos, tais como, Durão, Aznar, Berlusconi e Tony Blair. Ficou claro que o seu apoio à Guerra não corresponde à vontade das populações que era suposto representarem...
A força deste movimento popular à escala planetária poderá impedir a guerra ao Iraque e evitar uma caminhada para um mundo mais violento, desigual e autoritário, contribuindo para a construção de um outro mundo, não só possível, como cada vez mais necessário!

SABIAS QUE...

A nova doutrina estratégica dos EUA é «actuar no sentido de impedir que qualquer país possa vir a obter poder militar equivalente ao dos EUA».

Os EUA foram o único país a utilizar armas Nucleares contra populações civis, em 1945 contra as cidades de Hiroxima e Nagasaki.

Em 1988 o Iraque utilizou armas químicas contra civis ( a minoria Curda do Norte do país), usando helicópteros vendidos pelos EUA e com o conhecimento deles. Nessa altura não houve nenhuma ameaça de invasão ao Iraque.

Israel, o maior aliado dos Estados Unidos, já desrespeitou dezenas de resoluções das Nações Unidas e ocupa, ilegalmente, desde 1967 os territórios Palestinianos.

Os EUA gastam 31% das despesas militares efectuadas por todo o mundo.

Sadam Hussein foi um aliado dos EUA, recebendo armas e apoio na guerra Irão-Iraque. Nessa altura Sadam era tão ditador como actualmente.

Mais de cem mil crianças Iraquianas morreram por falta de cuidados médicos e fome, devido ao embargo imposto ao Iraque após a guerra de 1992 que ainda se mantém.



Lista de intervenções militares dos EUA após a Segunda Guerra Mundial:



China 1945-46
Coreia 1950-53
China 1950-53
Guatemala 1954
Indonésia 1958
Cuba 1959-60
Guatemala 1960
Congo 1964
Peru 1965
Laos 1964-73
Vietname 1961-73
Camboja 1969-70
Guatemala 1967-69
Granada 1983
Líbano 1984
Líbia 1986
El Salvador 1980s
Nicarágua 1980s
Panamá 1989
Iraque 1991-99
Sudão 1998
Afeganistão1998
Jugoslávia1999
Afeganistão 2001



NENHUMA destas intervenções levou à instauração de um regime democrático, apesar dessa ser a desculpa utilizada a maior parte das vezes.

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