segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Viva a República e os Heróis da Rotunda!


Sobre a importância do 5 de outubro, da República e o revisionismo histórico em voga vejam isto.

Sobre o papel da Carbonária e povo organizado em armas vejam isto (artigo do "militante", revista mais teórica do PCP) .

Sobre um dos Heróis da Rotunda vejam isto.


Tal como é bem patente no último link, a República foi um regime mt contraditório, foi uma tentativa progressista de arrancar Portugal à decadência e atraso, coisa que a monarquia pós 1850 (Monarquia-"Liberal") não conseguiu, antes pelo contrário... Apesar do Fontismo e muito bem retratado pela geração de 70, a dos "vencidos da vida", o regime que se impõe após as lutas liberais não consegue impulsionar Portugal para junto do pelotão da frente Europeu... Aliás, a situação vai se detriorando cada vez mais...
Basta ver como meia dúzia de bravos barricados no Marquês mais um navio que mandou uns balázios para o palácio das necessidades conseguiram mandar abaixo o regime (simplificando)... A Monarquia estava podre até ao tutano e não dava soluções!

Mas o programa Repúblicano estava longe de ser entendido da mesma forma por diferentes sectores mm dentro do Partido Repúblicano... A tragédia foi a República não se ter aliado ao operariado e campesinato organizados (a CGT anarquista e apartir dos anos 20 as organizações comunistas), ou pelo menos a facção mais progressista em conjunto com esses sectores não se ter conseguido impor... Em 1925 (pouco antes do golpe militar de 28 de Maio) ainda houve uma espécie de "governo de Esquerda", chefiado por José Domingo dos Santos:

Esboça-se, em 25 de Janeiro (de 1925), a criação de uma frente comum de apoio ao governo, com socialistas, comunistas, CGT e Federação Nacional das Cooperativas.

mas o seu apoio parlamentar era titubiante e com a crescente pressão dos grandes interesses o Partido Democrático dividiu-se e esse governo caíu...




Daí até ao 28 de Maio foi só esperar, o Operariado e Campesinato organizados haviam sido brutalmente reprimidos (e em várias ocasiões!!!) pela República, a sua última esperança, o governo acima mencionado foi derrubado pelo próprio Partido Democrático...
A pequena burguesia urbana já não podia com tanta instabilidade, golpes e contra-golpes, carrinhas da morte e para quê? Estava cansada e queria paz...
O povo rural havia sido completamente hostilizado, primeiro foi quase arrastado em cadeias para as trincheiras da primeira guerra, para além disso as suas crenças foram ultrajada, mas pouco receberam em troca...
Grande parte das élites burguesas Repúblicanas (as mesmas que derrubaram o Governo de José dos Santos) já não cofiavam no próprio regime e no Partido Democrático (que conseguiam tropedear mas não controlar tão bem qt queriam)...
As Forças da Reacção Pura e Dura tinham campo aberto! Todos os sectores sociais que podiam surgir em defesa da República tinham sido neutralizados, desmobilizados ou pura e simplesmente haviam desertado da própria República.

Sem esquematismos e com consciência de que em cada época e local à diferentes actores e dinâmicas, creio que a Teoria do Trotsky da Revolução Permanente (para quem só ouviu falar disto por alto, antes de começar a pensar disparates pelo menos leia isto, OK?) até se aplicava mt bem à realidade portuguesa.


Básicamente, apesar de ser um país da Europa Ocidental (o que já nos põe dentro dos 30 primeiros países a quase todos os níveis, existem à volta de 170 países...), Portugal no início do século XX era um país periférico e com um desenvolvimento anémico (nomeadamente na Indústria, comparativamente com os países mais avançados). Mas apesar disso já dispunha de fortes organizações de trabalhadores (nomeadamete a CGT), de um forte movimento associativo e mutualista, a arraia miúda urbana não operária dispunha da Carbonária... Resultado de algumas "ilhas" de modernidade que o país dispunha... Nesse contexto, para alargar as "ilhas" de modernidade, o programa Repúblicano genérico anti-clerical, patriota e pró-ética era insuficiente... Como se viu, a República herdou contradições e gerou outras, a que o seu programa  não dava resposta, isto ao mesmo tempo que alienava a base social de apoio que necessitava para cumprir o tal programa nos pontos mais avançados... A única solução seria um governo "canhoto" sólidamente apoiado por comunistas e anarco-sindicalistas, e só um governo desse tipo poderia tomar as medidas que alargassem a base de apoio popular para a República...


Mas n foi isso q aconteceu e as coisas n ficam na balbúrdia ad eternum, chega uma altura em que a ordem é imposta...

Que da balbúrdia que agora se irá iniciar (refiro-me há actual situação política) saía uma Ordem bem mais Livre, Igual e Fraterna que aquela que sucedeu à primeira República... Para isso há que tirar agumas lições do que então se passou...

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