terça-feira, 25 de novembro de 2008

Eleições na Venezuela, um rescaldo...

O nosso "correspondente" em Caracas envia um relato algo melancólico-nostálgico, reflectindo o humor daqueles que em Caracas viram Aristóbolo (candidato do PSUV, ex ministro da educação e histórico militante revolucionário, dos pouco Afro-Venezuelanos com posição de primeira linha na política Venezuelana) perder as eleições para o candidato da oposição... Ainda hoje vou tentar também escrever qualquer coisa dos resultados.

Há mais de uma semana que chove todos os dias. Sei que começou quando fui a casa do Sérgio. Era mais ou menos meio-dia e havia pouca gente na rua. Quando me apercebi que estava perdido começou a chover. Depois, quando maldizia a falta de organização venezuelana no que diz respeito aos topónimos, piseu um caco de vidro de uma garrafa partida que me rasgou a sola do sapato e me fez um leve corte no pé. Mas lá encontrei a casa do Sérgio.

Desde então, não parou de chover. Normalmente, as nuvens carregadas de chuva atravessam as montanhas do Ávila e chocam entre si. Da varanda de casa, vêem-se relâmpagos por toda a cidade. Caracas transforma-se num caos mas em pouco tempo o sol regressa. Por isso, na quinta-feira, decidimos espera-lo enquanto chovia. O Ivan partia no dia seguinte e queriamos comer num restaurante com alguma qualidade. Mas passadas três horas a tempestade não dava trégua. Apanhámos um 'carrito' a cair de podre que não conseguiu avançar mais do que dez metros numa hora. A água subia e decidimos apanhar o metro. Na rua, havia gente com água pelos joelhos. Perto de casa, o rio cresceu numa torrente de lama e porcaria e quase arrancava a ponte. Cheguei a casa com água pelas canelas.

Quinta-feira foi uma tragédia. Em algumas zonas de Caracas, a água arrastou casas e árvores. Houve cerca de 20 mortos. Mas foi uma tragédia nacional porque o mau tempo estendeu-se a várias partes do território. Contudo, o que mais me chocou foi o aproveitamento que as televisões e os jornais privados fizeram do temporal. A três dias das eleições, houve um ataque cerrado e usaram os mortos e feridos para levantar a bandeira da oposição.

O Ivan partiu na sexta-feira de manhã. Caracas ficou um pouco mais triste e vazia. Eramos como amigos de rua. Daqueles que vemos todos os dias e com quem partilhamos o mais importante e o mais estúpido do mundo. Entre o mais importante, passámos tardes inteiras a conversar sobre Portugal, o País Basco e a América Latina. Mas sempre com humor. E o que me espantou foi a sua humildade. Por aqui, conheci muitos estrangeiros que vieram conhecer o processo mas que parecia antes que estavam aqui para que o processo os conhecesse. Ivan não.

Depois de partir, na Coordenadora Simón Bolívar (CSB), baptizamo-lo de 'Comandante Patxaran'. Não porque tivesse qualquer responsabilidade mas porque na noite antes das eleições, em período de lei seca - quando não se pode beber alcool - vários companheiros da CSB enfrascaram-se com uma das garrafas que Ivan ali havia deixado. Pouco depois, às três da manhã, começava a mobilização para as eleições regionais.

No pátio da Casa Freddy Parra, sede da CSB, vários companheiros engatilharam dezenas de foguetes. Às três em ponto, os céus de Caracas explodiam com milhares de rebentamentos. É assim que os bolivarianos despertam os eleitores que começam a votar a partir das seis da manhã. Às quatro, nova rajada de foguetes e desta vez acompanhada por trombetas. Com amplificadores fixos ou com camionetas percorrendo as ruas, soava o toque militar para acordar. Depois, o hino das FARC, do ELN e da Venezuela.

Às cinco, uma hora antes da abertura das mesas, desloquei-me à biblioteca do sector La Cañada, no 23 de Enero. Estava uma dezena de pessoas. Entrevistei algumas delas que me explicaram a necessidade de votar cedo para dar tempo a outros. Uma estação de televisão de uma das zonas mais pobres de Caracas apareceu com todos os seus repórteres vestidos com uniforme militar e com lenços ao pescoço com estrelas vermelhas. Num canto, um homem gritava que estas eleições eram importantes para o país e para o mundo. "Porque este processo vai estender-se por toda a América Latina!". Junto a um muro, havia um jovem cuja cabeça cambaleava ao ritmo do sono. A mãe contou-me que o tinha ido buscar a casa para votar bem cedo. E a pouco e pouco a fila foi crescendo pela Praça Manuel Marulanda. Poucos minutos antes da abertura dos portões pelos militares que os guardavam estavam cerca de 60 pessoas à espera para votar.

Depois segui para outro ponto de votação. Passando pelo mural de Emiliano Zapata, encontrei uma escola primária com uma fila com cerca de cem pessoas. Às seis, quando abriram os portões, uma nova salva de foguetes. Entretanto, ao longo de todo o dia as ruas encheram-se de gente. Às 12 horas, em frente ao Liceu Fajardo, no 23 de Enero, assisti à chegada de Hugo Chávez. Centenas de pessoas esperavam-no ao grito de "Chávez amigo, o povo está contigo". Em todo o país houve uma participação pouco usual. Normalmente, não passa dos 40 por cento. Desta vez, ultrapassou os 65 por cento. Não admira, pois, que tenha havido centros de votação que fecharam cinco horas depois das quatro da tarde, hora oficial de encerramento das urnas. Algo que não agradou à oposição que queria impedir o que está legalmente estabelecido. Os locais, em que às quatro da tarde haja filas para votar, só podem encerrar quando não houver qualquer eleitor.

Mas o sorriso dos pivots do telejornal do canal privado Globovisión não enganavam. Não vinham aí boas notícias e a paciência ia acirrando-se. Aqui, as sondagens à boca das urnas não são permitidas e só se podem difundir resultados depois do comunicado oficial da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Por volta das 11 horas, uma representante leu-o e confirmou o que desconfiava. O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e os seus aliados perderam a região de Caracas (Distrito Capital), perderam Miranda e não conseguiram ganhar Zulia. Ou seja, os três Estados mais populados. Contudo, nenhuma análise pode esconder que a maioria absoluta das regiões continuará a ser gerida por governadores bolivarianos. A oposição ganhou seis Estados – Distrito Capital, Miranda, Carabobo, Nova Esparta, Zulia e Tachira – contra os 16 ganhos pelos candidatos apoiados por Hugo Chávez. Em Falcón, onde havia estado um fim-de-semana em Coro, ganhou Stella Lugo, a esposa do actual governador e na região de Caracas o único municipio ganho pelo PSUV foi Libertador, onde vivo e onde se encontra também o bairro 23 de Enero. Por curiosidade, houve mesas neste bastião do processo em que os candidatos bolivarianos tiveram mais de 90 por cento. Numa delas, Aristobulo, candidato do PSUV a governador derrotado, teve 1670 votos contra 8 do opositor vitorioso Ledezma.

Ainda assim, foram resultados amargos. Quando a representante da CNE acabava de ler o comunicado começavam a rebentar foguetes por toda a zona baixa da capital. Os ricos festejavam a vitória dos seus candidatos. Aqui, no dia seguinte, os donos dos supermercados sorriam de alivio. Mais amargo foi quando soube da conquista de Miranda por Radonski. Em 2002, em pleno golpe de Estado, foi quem dirigiu os opositores em fúria no assalto à Embaixada de Cuba. Depois de 160 dias preso, libertaram-no. E ainda dizem que a Venezuela é uma ditadura...

Felizmente, há sempre algo que nos anima. O taxista que nos levou a casa bem nos avisou quando entrámos no carro. "Atenção que sou louco", disse-nos. Depois, explicou-nos quem foi Bolívar, Miranda e Sucre. Cantou-nos Ali Primera e deixou a pergunta "como seria a Venezuela, um país tão rico se tivesse um presidente como Fidel Castro que conseguiu fazer tanto com um país tão pobre?"

domingo, 23 de novembro de 2008

Em directo desde Caracas

Como prometido, em directo de Caracas, Pedro Bala, descreve este momento histórico da Revolução Bolivariana!

Muitos consideram estas eleições como fundamentais. Um dos membros da Coordenadora Simon Bolívar (CSB), organização política e social do bairro 23 de Enero, avançou com a possibilidade de distúrbios: “Se a oposição ganha no máximo dois Estados, reclamara fraude eleitoral e tentara destabilizar o país. Se ganha quatro Estados, lançara o caos lá para Fevereiro”. Para lá de qualquer especulação, estas são as primeiras eleições depois da derrota dos defensores do processo bolivariano no referendo que se realizou em 2006. A quem diga que aqui se joga muita coisa.

Por volta das oito da noite chegou Aristobolo, o candidato à governação do Distrito Capital, onde se encontra Caracas. Cerca de uma centena de pessoas esperava-o para uma breve reunião. No pátio da sede da CSB, Aristobolo explicou o objectivo do breve encontro. No dia seguinte, Chavez ia votar no 23 de Enero e convinha organizar uma recepção ao presidente venezuelano.

Por aqui, e apesar da lei seca que proíbe a venda de bebidas alcoólicas no dia das eleições e no dia anterior, o ambiente é de festa. Jovens cantam. Ouve-se o rebentamento de algum foguete isolado. A muita expectativa na rua em relação ao que se pode vir a passar. Contudo, o ambiente que se vive aqui também se repete noutros pontos de Caracas.

As três da madrugada começam a rebentar foguetes por todo o bairro. Dezenas de pessoas lançam-nos dos telhados dos blocos. Uma hora depois, a cena repete-se e uma camioneta de caixa aberta com dezenas de pessoas faz soar o toque de alvorada com cornetas. Dos amplificadores da CCB, soa o hino das FARC e, pouco depois, o hino do Exército de Libertação Nacional. O silêncio é derrotado e as luzes começam a acender-se nas janelas dos edifícios.

As cinco, já se acumulam dezenas de pessoas à entrada das secções de voto. Em frente à Praça Manuel Marulhando, cerca de 60 pessoas esperam a abertura dos portões da escola primária. A maioria das pessoas explica que quer votar cedo para dar tempo a outras de votarem depois. Num canto, uma mulher fala para as câmaras da Catia TV. “Apelo a todos os venezuelanos para que venham votar. Vamos defender o socialismo”, afirma. Em frente, os jornalistas desta estação televisiva de bairro estão vestidos com uniformes guerrilheiros. Ao lado, no chão, um jovem encostado a um muro tenta escapar ao sono mas vai cambaleando até fechar os olhos. Um idoso explica a importância das eleições para a Venezuela e para o mundo: “Porque esta revolução vai estender-se a toda a América Latina”.

Ali ao pé, numa outra instituição de ensino, mais de uma centena acotovela-se para votar. Nos amplificadores da CCB soa Sílvio Rodriguez: “Mi amor no es amor de mercado”. A gente que traz bancos para não se cansar na fila. Um rapaz com o equipamento da selecção venezuelana e com um boné do PSUV mostra o seu apoio incondicional à revolução bolivariana e explica que o 23 de Enero é um bairro revolucionário por ter sido oprimido por todos os governos da IV Republica.

O bairro 23 de Enero é uma das favelas mais emblemáticas de Caracas. A dezenas de blocos de prédios com mais de 180 apartamentos cada. Por todo o lado, a murais do Che Guevara, da Palestina, de Zapata, de Sandino, de Fidel Castro e, claro, de Simon Bolívar. Curiosamente, a um Cristo que empunha uma metralhadora. Por aqui, passaram gerações e gerações de homens e mulheres que combateram o capitalismo e o fascismo. E não é por acaso que se diz que este é o bastião da revolução bolivariana. No passado, as balas da polícia rasgavam o silêncio da noite e manchavam as ruas de sangue. Era a suja perseguição aos guerrilheiros que controlavam os becos e os telhados dos edifícios para defender a população.

Hoje, a situação é outra mas afirmam-se vigilantes. Não deixarão cair o processo revolucionário e mostram disposição para o defender com as armas, se necessário. Quando se deu o golpe de Estado em 2002, a população do 23 de Enero foi uma das primeiras vítimas. O fascismo venezuelano quis cobrar a fidelidade revolucionária com que os pobres das favelas defenderam Hugo Chavez.

Entretanto, as primeiras horas da manha desconhecidos dispararam contra jovens que se encontravam no camião do colectivo alternativo Tiuna El Fuerte. Os fascistas já iniciaram as suas tentativas de parar o inevitável. Na televisão, Ledezma, um dos principais candidatos da oposição, afirmava que não haviam deixado entrar alguns representantes seus nas secções de voto e que por isso a democracia e a liberdade esta ferida. Preparam-se, no caso de derrota, para não reconhecer os resultados.

sábado, 22 de novembro de 2008

I Predict a Riot

Este verão aprendi uma palavra nova os "Pundits", chamava-os por vezes cães de fila intelectuais do regime, ou (como Noam Chomsky) os novos mandarins... Entretanto no main stream surgiu essa palavra "Pundit"... é gira e um dos exemplos mais... mais, trágico-cómicos é da Teresa Sousa (parece-me apesar de tudo que tenta ser minimamente séria, ao contrário de personagens como Luís Delgado ou César das Neves) ...


Por vezes Teresa parece que acorda em sobressalto com as mudanças de paradigma que marcam os nosso dias... Escreve ela hoje...

(...)O terrorismo, a pirataria, as máfias terão acesso a armas cada vez mais destrutivas a partir das suas bases nos estados-falhados de África ou da Ásia. O século XXI não se sabe o que será. A imprevisibilidade passou a ser o nome do jogo. A única coisa de que podemos ter a certeza é que o futuro será muito diferente de tudo aquilo que conhecemos.(...)

Pois é bebé... às vezes chamam-me catastrofista e confesso que se calhar exagero um bocado, mas nos tempos que correm, utilizando modelos racionais, a probabilidade de cenários catástrofe e de conflitos intensos é mais previsível que o inverso... Gosto muito de voltar a este texto inicial...

Se bem que a palavra Incerteza é chave! Isto porque já não vivemos na era pós-segunda guerra... Logo os dados históricos que temos são de limitado interesse para elaborar cenários para o futuro... As análises que se poderão fazer têm de levar em conta, portanto, não apenas os últimos 20, 30 ou até 50 anos, mas todo o percurso histórico percorrido pela humanidade. Se nos focarmos no passado recente a nossa análise será distorcida porque lá está, terá em conta os paradigmas e o status quo do pós guerra, que está a ruir por todo o lado.

O papel da análise histórica sai assim amplamente reforçado, porque nestes momentos de mudança, sendo certo que o futuro trará todo o tipo de organizações e estruturas socio-politico-económicas nunca vistas... O tipo de mudanças, a tendência geral e certos aspectos dessas novas estruturas seguirão, necessariamente, alguns padrões do passado... A pirataria, o poder das máfias, são coisas que não surgiram no século XXI! Mas os piratas Somalis não são iguais aos que no século XVII prendavam os Galeões espanhóis que vinham das Américas... De qq das formas se se chamam piratas por alguma razão é...

Incerteza, emergência de novas dinâmicas, algumas que parecem importadas da pré-modernidade, coexistência dos mais recentes sistemas de telecomunicações com carroças puxadas a burro... Vivemos num mundo que nunca esteve tão ligado ao mesmo tempo que as diferenças nunca foram tão enormes... Num tempo em que em muitos espaços as técnicas pós-modernas estão acessíveis a baixo preço mas onde a modernidade e as suas infra-estruturas não chegaram a pôr os pés...

O papel que a internet e as novas tecnologias irão desempenhar é também algo que pouca gente, sobretudo os tais "pundits", têm perdido tempo para reflectir um pouco. Hoje em dia o saber tem um preço ínfimo comparado com apenas alguns anos atrás... Hoje em dia fazer uma pesquisa sobre qualquer tempo é algo muito mais simples (e eficaz!), poderosas ferramentas de interpretação estão acessíveis a baixo preço... enfim... Os direitos de autor têm os dias contados...
Pistas para pensar, mas os Kaiser Chiefs é q não irão falhar muito... I Predict a Riot...


Eleições na Venezuela

Amanhã, domingo, dia 23 de Novembro têm lugar na Venezuela eleições para Alcaides e Governadores... Mas estará em jogo muito mais do que quem ocupará a cadeira de governador da Alcaldia Maior de Caracas, ou do Estado de Carabobo...


Estas eleições serão um novo referendo a Chavez e à revolução, irão medir a relação de forças entre o "Oficialismo" e a oposição, mas também dentro do próprio movimento revolucionário...

A ver vamos, quando lá estive desconfiei um bocado do optimismo geral nas fileiras "oficialistas", vamos ver... Algumas Governações serão perdidas (nas últimas eleições a oposição fez um boicote em quase todo o país), seria importante não perder muitas e conseguir ganhar todos os estados que fazem fronteira com a Colômbia... As sondagens não são claras mas acho que, nomeadamente o estado de Zulia (dos poucos hoje nas mãos da oposição) não será ganho.

Em caracas permanece Pedro Bala, escreveu este texto à pouco e para amanhã promete mais! Aqui vai um excerto,
No sabado, foi o concerto da Juventude do PSUV. O cartaz atraiu mais de 20 mil jovens que foram para ver The Wailers, Molotov e, principalmente, Ska-P. Quando a banda espanhola subiu ao palco foi a loucura. No ultimo disco, lançaram uma cançao dedicada ao processo bolivariano e a Hugo Chavez que passou vezes sem conta nas radios venezuelanas. A expectativa era muita e os jovens amontoavam-se em cima das paragens de autocarro, das arvores, dos muros, de camionetas e de tudo o que lhes possibilitasse ver melhor o concerto. Entre a massa compacta que gritava "Alerta! Alerta! Alerta que camina la espada de Bolivar por America Latina!", militantes da Juventude Comunista da Venezuela levantavam uma bandeira gigante com a foice e o martelo. Foi ali que conheci Fidel. "Fidel?", perguntei. "Sim, Fidel Castro", respondeu-me. Quando olhei com desconfiança tirou o bilhete de identidade do bolso e comprovou-me o nome, "Fidel Castro". E os Ska-P nao decepcionaram os jovens venezelanos que conheciam todas as letras. O concerto terminou com o rebentamento de foguetes e com milhares de jovens a cantar "orgulloso de estar entre el proletariado, este es mi sitio, esta es mi gente..."

domingo, 16 de novembro de 2008

Thomas Jefferson


Quote of the Week

'I believe that banking institutions are more dangerous to our liberties than standing armies. If the American people ever allow private banks to control the issue of their currency, first by inflation, then by deflation, the banks and corporations that will grow up around the banks will deprive the people of all property until their children wake-up homeless on the continent their fathers conquered.'
Thomas Jefferson 1802

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A guerra da educação

Há uma mentira que anda a circular sobre as faltas : Diz-se nos media que a doença deixou de ser justificação para os alunos faltrem. Achei estranho, e fui ver ao estatuto ppd. Eis o que encontrei:
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Lei n.º 3/2008
de 18 de Janeiro
Primeira alteração à Lei n.º 30/2002, de 20 de Dezembro,
que aprova o Estatuto do Aluno
dos Ensinos Básico e Secundário
São consideradas justificadas as faltas dadas
pelos seguintes motivos:
a) Doença do aluno, devendo esta ser declarada por
médico se determinar impedimento superior a cinco
dias úteis;
b) Isolamento profiláctico, determinado por doença
infecto -contagiosa de pessoa que coabite com o aluno,
comprovada através de declaração da autoridade sanitária
competente;
c) Falecimento de familiar, durante o período legal
de justificação de faltas por falecimento de familiar
previsto no estatuto dos funcionários públicos;
d) Nascimento de irmão, durante o dia do nascimento
e o dia imediatamente posterior;
e) Realização de tratamento ambulatório, em virtude
de doença ou deficiência, que não possa efectuar -se fora
do período das actividades lectivas;
f) Assistência na doença a membro do agregado familiar,
nos casos em que, comprovadamente, tal assistência
não possa ser prestada por qualquer outra pessoa;
g) Acto decorrente da religião professada pelo aluno,
desde que o mesmo não possa efectuar -se fora do período
das actividades lectivas e corresponda a uma
prática comummente reconhecida como própria dessa
religião;
h) Participação em provas desportivas ou eventos
culturais, nos termos da legislação em vigor;
i) Participação em actividades associativas, nos termos
da lei;
j) Cumprimento de obrigações legais;
k) Outro facto impeditivo da presença na escola,
desde que, comprovadamente, não seja imputável ao
aluno ou seja, justificadamente, considerado atendível
pelo director de turma ou pelo professor titular de
turma.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Connecticut

Vale a pena ver esta reportagem do NYT sobre o primeiro casamento LGBT naquele estado norte-americano. A fotografia vela por si.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Orçamento Participativo Lisboa'08




Já começou a votação para os melhores projectos do Orçamento Participativo em Lisboa.
Máximo 3 projectos por votante, sem que ultrapassem o total de 5.000.000 €.

Eu escolhi estes (por ordem de prioridade):

1 - Construção de Pistas Cicláveis na Cidade de Lisboa (Várias freguesias, 2.680.176 €)
2 - Corredor Verde: Ligação Parque Eduardo VII - Monsanto (Campolide e São Sebastião da Pedreira, 1.000.000 €)
3 - Hortas Urbanas (São Domingos de Benfica, Marvila e Lumiar; 1.150.000 €)

Ao terceiro dia, fui a 228ª pessoa a votar. Só há mais 4 dias para votar.
Parece que o processo não está a ser nada divulgado, quando devia ter a colaboração do máximo possível de pessoas para que estes 5 milhões de euros contribuissem realmente para o aumento do bem-estar do máximo de lisboetas. Quem entrar no site da CML, nem um link vê sobre o OP. A oportunidade de dar à população um papel relevante na decisão de como querem viver a cidade parece estar a ser perdida.


Que ganhe o melhor projecto!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama, Barak Hussein Obama.

Tal como as sonsagens previam, ganhou o afro-americano.
Mais do que a imensidão de coisas, aliás repetidas, que se têm dito sobre Obama, eu gostava de contrapôr outras ideias acerca deste assunto:
Diz a Natasha que , no fundo, Obama é um rosto redentor do "sistema" capitalista americano, que vem adiar a queda do império. O que me apetece responder é que me parece que a Natasha fala como se nos EUA a política não fosse feita por pessoas de carne e osso. Nem tudo o que acontece naquele país está programado nas ultimas versões da microsoft...A política, lá como cá, é feita por pessoas, tem as suas teias e o seus bastidores, que nós, mesmo cá, não vemos, e tem também o seu grau de imprevisibilidade. Se por um lado poderá haver alguns empresários mais inteligentes que vêem em Obama uma forma mais inteligente de defender a imagem dos EUA e por isso lhe deram tanto dinheiro para a campanha, muitos outros há que dariam tudo para que ele perdesse porque sabem que as tendências dos EUA vão mudar: Será dificil à nova administração não assinar Quioto, por exemplo, e isso terá consequências económicas internas; haverá um novo rumo a dar nas políticas de saúde, e isso terá consequências económicas não só na área da saúde mas também no mercado de trabalho.
A verdade é que ainda nem Obama tinha ganho e já todos estavam a antecipar a ideia de desilusão . Percebo o mecanismo defensivo por detrás, como forma de prevenir que se magoem em caso de queda, mas penso que é uma atitude intelectual e psicologicamente atávica.
Nada do que se passar daqui para a frente está garantido, quem acha que o jogo está feito está apenas a baixar os braços, o que por vezes é também uma atitude fácil, é a atitude dos preguiçosos, que desistem de lutar. A única coisa que aconteceu até agora foi que não ganhou McCain, cujas raízes políticas não dariam margem de esperança nas suas decisões.
A vitória de Obama abre muitas oportunidades, incluindo aos interesses da direita e das multinacionais do petróleo e da guerra, mas penso que abre mais oportunidades aos que defendem um mundo mais igual, mais integrador, mais apoiado no multilateralismo, e mais consequente em relação às alterações climáticas.
Penso que nada está ainda definido, a luta está em aberto, por isso exige trabalho e força para poder fazer pender o campo de forças para o lado da esquerda.
Dar já Obama como mais um caso de sucesso de marketing e pouco mais, é cínico e fatalista. As teias da política americana são grandes e complexas, mas as da Europa não são menos, e as da esquerda em Portugal também não são tão claras como se fazem crer. No entanto, em relação as estas últimas, todos parecem sempre satisfeitos, como se por um lado tivessemos os processos políticos da esquerda, claros e limpos, (quando o não são, relembro caso coligação Lisboa, por exemplo) e por outro os dos EUA, onde tudo é apresentado em "pack" de origem...
Quem quiser ver a realidade a preto e branco pode fazê-lo, mas ela está cheia de cores e matizes que nós temos constatemente que lutar por pintar ao nosso gosto, senão outros o farão por nós...
Noam chomski, figura que gosto sempre de ler, desta vez enganou-se, ao prever que McCain ia ganhar. Ainda bem, mas mais uma vez denoto aqui a tal atitude pessimista, de quem costuma estar do contra, e que, embora acerte muitas vezes, por fazer sobrepor sempre o excesso de racionalismo à vontade de que o sentido História efectivamente mude, acaba por adoptar uma atitude que de tão prudente se torna bloqueadora.
Finalmente, para quem ainda estiver a ler este texto gostava de dizer o seguinte: Durante a campanha, Obama fez afirmações sobre o médio-oriente que alinhavam com a política habitual dos EUA para a região. Eu não estou à espera que ele venha defender os interesses de outro país que não os EUA, ele foi eleito presidente dos EUA e não de mais nenhum outro país, por muito que achassemos justo que, dado o poder que tem, defendesse também o interesse de outros. Mas numa altura em que a Rússia parece querer voltar a falar em voz grossa, cabe-nos a nós lutar contra uma bipolaridade do tipo , "eu prefiro os EUA desde que sejam liderados por boas pessoas, defendem o "nosso modo de vida" " ou " e eu prefiro a Rússia porque sou contra o poder americano", mas devemos, isso sim, construir um mundo onde efectivamente seja impossível a um só país dominar todos os outros, e onde todos os continentes estejam representados por pelo menos 1 ou 2 paises.

domingo, 2 de novembro de 2008

Eleições Históricas


As próximas eleições nos Estados Unidos são marcantes não apenas porque serão decisivas na forma como o seu resultado irá moldar o nosso futuro… A própria forma como a campanha tem decorrido é um sinal dos tempos em que vivemos.


Neste momento já cerca de 10 000 000 milhões de pessoas exerceram o voto na chamada “early poolings”. As eleições são na próxima 3f, mas nem todos podem faltar ao trabalho ou voltar à terra onde estão registados para irem votar… Por isso algumas estações de voto abrem nas semanas anteriores para o pessoal q está deslocado, ou que por outro motivo no dia das eleições não possam votar. E a ida às urnas tem sido nunca vista, filas imensas…

Para além disso no dia 18-10, Obama foi ao Missouri, a St. Lois, à sua espera estavam 100 000 pessoas, algo antes nunca visto… Para além dum filme com esse comício deixo também um com a Hillary na Florida a fazer campanha pelo Obama (muito bom), do Joe Biden (tb tem piada vê-lo a discursar) e da sra Sarah Pallin não deixa de ser interessante ouvi-la e ver quais os temas onde se tem focado.