terça-feira, 30 de janeiro de 2007

O Mundo em Guerra

Era este o título de uma famosa série documental acerca da II Guerra Mundial, por enquanto as possibilidades da emergência de uma III são do domínio de astrólogos e videntes, no entanto, a incerteza, os conflitos, a ameaça de retrocesso civilizacional são marcas do nosso tempo.


A segunda guerra marcou o fim de uma era de instabilidade, a era da catástrofe nas palavras de Eric Hobsbawm, que se havia iniciado em Agosto de 1914 com o deflagrar da primeira guerra mundial. Os anos 20, 30 e 40 foram anos de guerra, emergência de fortes correntes socio-políticas radicais, com visões e objectivos antagónicos, o centrão político, que dominou o final do século XIX, o liberalismo "bem educado" típico da "belle époque", colapsou. Os velhos equilíbrios eram insustentáveis, ao mesmo tempo que nenhuma alternativa conseguiu ganhar força para se impor.
O Anarquismo como corrente organizada portadora de um projecto emancipatório para a humanidade foi varrido na triste guerra/revolução espanhola.


O Comunismo irrompeu em cena nesse vitorioso grito de rebelião que foi a Revolução Russa, no entanto não conseguiu romper o cerco, resistiu, mas pagou o elevado preço da subversão estalinista... Foi (e em que medida continua a ser é um tema para um longo e frutuoso debate) , de qualquer das formas, o chapéu de chuva sob o qual se abrigaram todos os mais importantes movimentos que lutaram em prol do progresso, justiça e liberdade. Os instrumentos intelectuais do marxismo postos ao serviço de partidos, movimentos de libertação, sindicatos, etc... foram determinantes na mudança de relação de força entre oprimidos e opressores, na eficácia com que muitas lutas foram travadas contra o Império e classes dominantes.




Mas nem só de esperança foram esses tempos, antes pelo contrário, uma sombra tenebrosa ameaçou todo esse período os fascismos, a direita ultra-conservadora e anti-liberal ganhou campo, sobretudo na Europa... Em 1941, poucos adivinhariam que esses demónios receberiam um golpe quase fatal ( o nosso querido portugal e a vizinha espanha, foram as tristes exepções...). Isto para não falar das artes, do surrealismo e dadaísmo ao modernismo, para não falar do crash da bolsa e da grande depressão...

Foi preciso a Grande Guerra, a segunda em 20 anos, para se conseguir um novo equilíbrio... ONU, acordos de Breton woods, Well fare state, a Guerra tornou-se fria... A história, como os nossos tempos demonatram à saciedade, nunca para, tudo é dinâmico, o processo de descolonização formal, as revoluções tropicais muitas vezes associado a esse processo (Vietnam, Cuba...), enfim... Mas, de facto, foram anos de estabilidade, crença na modernidade e progresso, foram anos em que o sistema mundial dominado pelo conflito entre dois pólos tinha estava formal e informalmente "regulado".

Essa já não é a era em que vivemos... A previsibilidade de uma vida ao abrigo do "Estado de Bem Estar", o chamado modelo social europeu, está sob fogo cerrado. As rédeas do poder em Washington estão nas mãos de uma clique de fanáticos religiosos, cleptocratas e sob o manto da "guerra ao terrorismo" e "propagação da democracia" esconde-se, cada vez com o rabo mais de fora, o tenebroso "Plano para um novo século Americano". Por outro lado, muitos dos que combatem o Império já não o fazem sob a capa de uma ideologia moderna (no sentido quase filosófico da palavra) e universalista mas antes refugiam-se no regresso à tradição e ao sectarismo. O milenarismo puro e duro ganha força (veja-se o caso do exército do Mahdi no iraque, literalmente o exército do messias...). O misticismo e a irracionalidade vão conquistando terreno à Razão.
A Ásia, sobretudo a China, depois de 200 anos na periferia da história vai reconquistando a sua centralidade... A Globalização, em que capital e conhecimento nunca circularam tanto, mas em que ao mesmo tempo também se erguem muros para separar, fisicamente, a humanidade, veja-se o muro entre EUA e México, na Palestina, a caça ao Imigrante no mediterrâneo... Nunca se viu um mudo tão complexo, interligado, no entanto tão desfasado, os desafios não se confinam aos problemas político-socias (embora todas as soluções tenahm de passar por esse campo), o colapso ambiental ameaça a nossa civilização e a nossa própria sobrevivência enquanto espécie.







É para melhor conhecer as teias com que se cosem os nossos tempos que este Blog existe, pretende ser um contributo para a análise e reflexão em torno das esperanças e pesadelos com que vivemos e todos os dias vão surgindo. Acima de tudo pretende dar a conhecer fontes ricas e alternativas de informação para ajudar a referida análise e reflexão. Os problemas e novidades são tantos e em tantas áreas que é impossível abarcá-los a todos, a escolha aqui é a de dar especial enfoque à luta contra o Império sediado em washington, aos movimentos que contestam a sua hegemonia e que produzem os resultados mais palpáveis. Nesse campo a onda de "Poder Popular" que varre parte da América latina, encabeçada pela República Bolivariana da Venezuela e a guerra que assola o médio oriente do Afeganistão à Somália, passando pelo Iraque, Líbano e Palestina merece especial destaque.



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