sábado, 31 de maio de 2008

Aqui e Agora!

Prá semana há dois grandes momentos no confronto político-social português, a manif da CGTP de dia 5 e o encontro-comício Aqui e Agora. (só meti esta frase para referir a manif, é bom não esquecermos onde está, em último grau, a força social capaz de impor mudanças... na rua!)Aqui e Agora! Muito bem, já aqui e aqui, tinha falado da necessidade de à esquerda se construir uma alternativa com força para quebrar o centrão e da urgência que essa tarefa impõe!

É apenas um encontro, não é a fundação de um novo partido ou coisa que o valha, mas como se tem visto o sururu à volta do evento, já causou impacto.

Simbolicamente é significativo e marca a aproximação do BE ao sector "correcto" do PS, aqueles que estão em dicidência com a direcção, assim sim(que foi o inverso do que aconteceu na CML)!

È um importante passo e o timing é brutal! Espero que deste elan saia alguma coisa! Não creio que o Bloco se deva dissolver num novo partido ainda mais abrangente, não, mas deve fazer tudo por tudo(e este encontro é uma óptima alavanca) para que de um forum o mais abrangente possível saía um programa mínimo de governo e resposta à crise. É sob o chapéu de chuva desse programa que deveria ser constituída uma frente com o objectivo de ganhar o poder e mudar o país.

Mas Atenção! Não nos esqueçamos do PC! Quer queiramos quer não é uma força incontornável, tb eles devem estar abrigados sob esse guarda-chuva e pertencerem à frente de mudança!
(no PC há de haver muita resistência a esta ideia, como de resto no BE, mas o PC não é um monolito e também há gente lúcida que sabe ler os tempos, há que construir pontes e não desistir à partida)

Seria demasiado optimista se disse-se que isso deveria acontecer antes de 2009? Talvez, mas é óbvio que esse é o caminho Aqui e Agora para responder à crise e ao desespero do Povo.

Para já, no mínimo, isto é um bom sinal.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

28 de Maio, VIVA A REPÚBLICA

Viva a República! Ontem e Hoje.

De facto ontem, dia 28, no nepal foi instaurada a República, uma monarquia de 240 anos chegou ao fim.
Confirma-se um, já velho, pressuposto... Num país periférico e atrasado a burguesia nacional não tem a capacidade, nem a vontade para desempenhar o papel que protagonizou nos países ocidentais "avançados". Na europa liderou processos de transformação social radicais que abriram caminho à democratização da sociedade, elevaram a razão e abafaram os misticismos.
Resumindo, liderou as chamadas revoluções liberais do século XIX.
No Nepal essa tarefa foi desempenhada pelos Maoistas, tal como no século XX as lutas de libertação nacional no sul e oriente colonizados foram ganhas por forças herdeiras de 1917, mais do que de 1789.
É momento de festa no tecto do mundo! O século XXI ganhou uma república nascida da gloriosa e intelegente luta do seu povo conduzida pelo Partido Comunista (Maoista).

28 de Maio, mas de 1926 representou algo bem diferente, não foi a alvorada, foi a noite... O fim da I República. Sabemos hoje o que depois surgiu, a ditadura militar seguida da ditadura fascisto-catolico-provinciana... Que dos erros tiremos as lições, vivemos tempos difíceis neste canto e que a próxima viragem, inevitável (é uma questão de quando e não de se), seja herdeira do 25 de Abril e a ser do 28 de maio, que seja do de 2008 Nepalês!



segunda-feira, 5 de maio de 2008

Nepal, Maoismo Reloaded

No passado dia 15 de Abril o Partido Comunista do Nepal (de inspiração Maoista) ganhou as eleições para a assembleia constituinte.

Nos últimos anos os maoistas conduziram uma bem sucedida luta armada, foram progressivamente ganhando controlo de cada vez mais áreas rurais e no final do ano passado conseguiram (em conjunto com outros partidos menos activos) por um fim à monarquia feudal que à séculos dominava este país dos Himalaias. Depois de triunfarem na luta armada, triunfam nas urnas.

Para quem mergulhado num pós modernismo abstracto e ergue o pacifismo num altar e a não violência como a única via, para quem acha que já não há espaço para revoluções e insurrecções armadas ou que já nada temos a aprender com as ideologias do século XX-XIX, aqui está uma bela lição.

Já agora aproveito para alertar que não obstante os delírios do grande salto em frente ou o maniqueísmo da revolução cultural, muito têm a aprender com Mao e a revolução Chinesa, todos os que combatem por uma transformação progressista da sociedade.