quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O Futuro em Aberto

Os resultados das eleições regionais-municipais na Venezuela foram uma forte demonstração do vigor da Revolução Bolivariana, acaminho do Socialismo do Século XXI. Para verem resultados detalhados podem consultar o site do Conselho Eleitoral Venezuelano.
Foram das eleições regionais mais participadas da história (cerca de 65% dos eleitores registados), o PSUV conseguiu 5,5 milhões de votos contra pouco mais de 4 milhões da Oposição. Dos 22 estados em disputa o PSUV ganhou em 17 e perdeu em 5 (Carabobo, Miranda, Nueva Esparta, Táchira e Zulia), dos 327 municípios o PSUV ganhou em 265 (mais dos que detinha anteriormente).


Se encararmos os resultados como um referendo ao processo (que inclusive se tem vindo a aprofundar, nomeadamente com a aprovação das leis habilitantes no final de Setembro) é uma vitória confortável, se compararmos com os resultados do referendo de 2007 a oposição obteve menos 200 000 votos que o Não e o PSUV supera os votos Sim (estou a falar tanto em termos absolutos como relativos).

Mas nem tudo são rosas, a oposição continua a controlar Zulia, o estado mais rico e fronteiriço à Colômbia, também conquistou/manteve Miranda (outro dos estados mais ricos) e Nueva Esparta. O resultado mais surpreendente para mim foi contudo a derrota de Aristobolo em Caracas… Caracas está dividida em 5 Municípios e tem uma Alcaldia Mayor que reúne todos os Municípios, antes das eleições as forças bolivarianos controlavam a ponta oeste (o Município Libertador o mais populoso), a ponta este (Sucre) e a Alcaldia Maior. Os três mais pequenos e ricos Municípios centrais eram da Oposição. O que se passou foi que Sucre tombou para a oposição e também a Alcaldia Mayor… Se em votos e mandatos a oposição foi amplamente derrotada, se depois da derrota no referendo é verdade que estas eleições novamente relegitimam o processo… Não deixa de ser preocupante que a oposição reforce o seu controlo sobre zonas estratégicas, ricas e simbolicamente importantes.

Bem… Sinceramente até temia pior… O mais determinante acaba por ser a relegitimação eleitoral do processo, quer pelos resultados obtidos, quer por mais uma vez, a forma impecável como decorreram as eleições. A Venezuela demonstra, mais uma vez, ser uma Democracia pujante… Assim sendo, creio que se alargou a margem de manobra para os próximos anos! O primeiro desafio é o reforço do estado social e da democracia popular, a implementação efectiva das leis habilitantes… Depois há a questão da reeleição de Chavéz…

Ao contrário do que muita gente pensa, no referendo o Não ganhou, não porque uma das propostas previa que Chavéz tivesse a possibilidade de ser reeleito, aliás, se fosse essa a única questão o Sim teria ganho por larga maioria… O Não ganhou porque a oposição soube agitar o fantasma do “Comunismo”, “Socialismo”, etc… Ao todo estavam mais de 60 artigos a votos, o que gerou imensa confusão e desconfiança. Para além disso algum excesso de triunfalismo e acomodação tinha afastado muita da militância do trabalho de rua, junto à população. Gerou-se uma falha entre a elaboração teoricamente avançada das propostas, a sua complexidade e grande número e a realidade percepcionada pela maioria da população… A oposição soube bem tirar partido disso.
Como lá me disseram neste último ano atravessaram por uma fase de Reflexão Rectificação e Re-impulso, parece agora estar a dar alguns frutos… Veremos se a próxima jogada não será um referendo para ver se Chaves pode ou não ser reeleito… Aceitam-se apostas!

Ainda não consegui perceber bem, mas parece-me que nos locais onde concorreram à margem do PSUV, o PPT e o PCV tiveram resultados miseráveis… Veremos como evoluem as relações entre as forças pró Bolivarianas…

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