segunda-feira, 24 de março de 2008

Tibete: Por uma alternativa Marxista ?

Caro Faustino: Concordo com quase tudo o que disseste.
O quase que falta para o tudo é o que diz respeito ao penúltimo parágrafo: Usas jargão que sabes que marca terreno ideológico. Mas eu penso que respeitar a autodeterminação dos povos é mesmo isso: respeitar. Não nos cabe a nós dizer qual a receita para o Tibete, eles têm uma organização política própria, eles deverão poder escolher se querem ser apenas uma provincia autónoma da China ou uma país completamente independente, mesmo com o risco de virem a ser um protectorado. Aceitar os principios da autodeterminação não pode ser sucedido pela palavra "todavia". Ou se aceita ou não se aceita. ponto.

3 comentários:

Esquerda Comunista disse...

Sejamos realistas: Enquanto não houver uma revolução em Pequim, não haverá liberdade em Lassa!

Portanto, é absolutamente prioritário construir essa unidade entre todos os oprimidos pelo capitalismo e burocracia chinesa.

Se vocês capitulam perante as pressões nacionalistas... problema vosso!

Eu prefiro os meus "jargões" a fazer coro acrítico com a casta sacerdotal budista!

Sobre a "independência" do Tibete, há já muita gente a defendê-la, mas quantos defendem o socialismo?

E se somos a "esquerda socialista" não deveríamos defender pontos de vista e soluções socialistas?

Até porque, sem 25 de Abril em Portugal (e as condições de luta dos povos das ex-colónias eram bem diferente das do Tibete...) não teria havido independências em África... certo?

rack disse...

Não será ao contrário ? Sem guerra colonial não teria havido 25 de Abril. lol.

Esquerda Comunista disse...

Pescadinha de rabo na boca: sem guerra colonial não teria havido 25 de Abril, sem 25 de abril não haveria.

Mas Tibete em 2008 e Angola em 1961 são dois caso diferentes, em duas épocas históricas diferentes.

Em Angola estava em causa a revolução colonial que libertou África e o sudeste asiático. O tempo da "revolução colonial" passou"!

Os povos que foram historicamente colonizados pelos europeus (pelo menos formalmente) emanciparam-se.

Do que tratamos agora é do problema, não do colonialismo, mas da existência dew minorias nacionais dentro de alguns Estados.

Repara no que aconteceu no Kosovo, Bósnia, Croácia, o desmebramento da Checoslováquia, Ucrânia, Arménia, etc., etc., etc.

Em todos esses novos países a "independência" não trouxe nada de progressivo.

O desmembramento da ex-jugoslávia nos anos 90 (que muita gente de esquerda apoiou como o Ruptura/FER), apenas acicatou o chauvinismo, o ódio nacionalista, a guerra, o empobrecimento das populações, o retrocesso económico!

Se amanhã o País Basco se tornasse "independente" seria "independente" do quê? Seria mais um país esmagado nas rodas da engrenagem da União Europeia!

E mesmo em Timor, nação que fez a sua "revolução colonial" com décadas de atraso? Acabaram os massacres? a violência sectária? A pobreza? A ingerência de potências estrangeiras?

Claro que se uma minoria nacioal (seja em que país for)deseja a independência, essa população deve ter o direito de poder emancipar-se, de poder, seja por referendo ou outro mecanismo, expressar o seu desejo.

O mesmo se passa no Tibete. Para o qual eu posso ter opinião, tal como tu tens uma opinião sobre o governo americano, não é?

Mesmo sem entrar naquelas polémicas de "o tibete fez ou não fez parte da China desde tempos imemoriáveis", devo dizer-te que,
como marxista não me vou por a cantar de galo com a independência e o El Dorado que aí virá...

Tal como não considero credível que os independentistas tibetanos podem derrotar militarmente a China...

Mas sim acredito que o governo chinês usará de toda a propaganda nacionalista que lhe estiver à mão de usar para virar o povo da China contra o povo do Tibete.

Não entro nesse caminho.
Até porque sou Trostkista e tenho consciência de que a revolução é um processo internacional - ou não é nada!

Lembras-te do maio de 68? "Sejamos realistas, exijamos o impossível"