segunda-feira, 18 de junho de 2007

Israel, alguns mitos


A propósito da recente explosão de violência, em alguns aspectos sem precedentes, que assola a palestina muito se tem discutido acerca do já longo conflito árabe-israelita. Queria aqui só focar dois pontos: o argumento pró-israelita que muitas vezes se houve de que é “a única democracia” da região e a indignação que provoca entre os cronistas do regime o facto do Hamas não ter reconhecido o estado de Israel.


Quanto à democracia… É falso que Israel seja a única da região, existem mais dois territórios onde segundo observadores internacionais se realizaram eleições livres e justas. O Líbano e a Palestina (nesta última bem mais justas pois não há a divisão sectária de mandatos, baseada num censo de dos anos 30 do século XX).
Curioso é que foram exactamente esses territórios e não as monarquias absolutas ou as ditaduras corruptas que foram recentemente os alvos de invasões por parte de Israel. Caso é para dizer que se essas democracias não são mais fortes e se não há outras na região, a principal razão é são as políticas do Estado de Israel e do seu aliado e protector nº1 os EUA (e se olharmos para a história é isso que verificamos, vejam o caso flagrante do Irão e o golpe orquestrado pela CIA nos anos 50 contra Mossadeq).

E quanto ao reconhecimento de Israel… Bom, na passada sexta-feira ao ouvir um programa da Antena 1 “Contraditório”, alguns dos marretas do costume indignavam-se e passo a citar: “O Hamas não cedeu, eles não cedem…”, acrescentando, ao contrário da Fatah que para chegar aos acordos dos anos 90, que previam a criação da Autoridade Palestiniana, tiveram como ponto prévio a qualquer acordo de ter de publicamente declarar a aceitação do estado Israelita.
Não defendo, nem deixo de defender, a extinção do estado de Israel. A questão fundamental para mim é autodeterminação das várias populações que partilham aquele território, seja através da solução dos dois estados ou do estado único em que todos coexistam (implicando esta última solução que deixa de existir naquela região um estado com base confessional, a não ser que seja feita uma limpeza étnica).
Para mim, neste momento, o que é claro é que o caminho da obtenção da dita autodeterminação para os Palestinianos não passa pela mesa de negociações, a não ser pontualmente e por questões tácticas. Só com uma derrota político-militar do estado de Israel é que os Palestinianos poderão obter a dita auto-determinação. Assim sendo, tal como é a posição do Hamas, só faz sentido reconhecer Israel quando Israel reconhecer, de facto, o Estado da Palestina. Para quem acha que é impossível derrotar esse cão de fila do Império, a última guerra do Líbano está aí para provar o contrário.

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