quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Ganda Vitória!

Mai Nada!


Os recentes resultados do referendo sobre o Aborto são uma fonte de alegria para tod@s @s progressistas deste país!!!
Não só porque este resultado abre portas para a resolução deste grave problema, mas também porque é a vitória de uma certa concepção de sociedade. Uma sociedade que baseia as suas regras de convivência na tolerância e não na perseguição, na procura de soluções para os problemas e não na atribuição das culpas e no lançamento de excomunhões. Aposta na liberdade e responsabilidade dos seus elementos (neste caso da população feminina) e não na sua sujeição a um moralismo balofo.
Esta é também a vitória da laicidade sobre a fé religiosa enquanto orientadora das regras de convivência em sociedade, é uma vitória do Portugal moderno sobre o conservadorismo. É uma grande derrota para a Igreja Católica enquanto instituição, nomeadamente para os sectores mais reaccionários como a OPUS DEI.

Assim dá vontade de dizer: Bem vindos ao século XXI! Outros obviamente não têm a mesma opinião… Num artigo publicado hoje o Dr. Rui Ramos, historiador revisionista, opinion maker, cronista da corte a dar ares de intelectual de Direita, insurge-se contra esta visão. Diz nos ele “o «não» de domingo não representa o Portugal antigo: é apenas a outra metade de um país fundamentalmente plural”, mais à frente sai-se com esta pérola “Se algo define a «modernidade», não é o triunfo exclusivo desta ou daquela ideologia ou modo de vida, mas a institucionalização do pluralismo.”
Bem, vamos lá ver, então o «não» é, tão somente, “outra metade”… Mas outra metade que se distingue porquê??? Se o Dr. aceita que existem duas metades é porque algo as distingue! Pode é dar argumentos que o «não», não é tradicionalista, não é conservador, não é católico e ultra-montano… Mas se disser isso qq pessoa com 2 dedos de testa manda-o ir passear… Pode ainda ir mais longe, no fundo é isso que tenta fazer, e dizer que lá por se ser conservador, católico tradicionalista, não se deixa de ser “moderno”… E aqui entra a tese da “institucionalização do pluralismo”(toma lá que é pa aprenderes!), gostaria era q o Dr. me explicá-se como se chegou ao tal pluralismo…
Para acabar com o feudalismo, com Senhores e Vassalos, para se acabar com o absolutismo divinamente iluminado, foi preciso uma Revolução Inglesa em 1640, uma Revolução Americana nos anos 70 do século XVIII e last but not least a Revolução Francesa. Cortou-se a cabeça a Luís XVI e a Carlos I de Inglaterra. Sem Maximilien Robespierre e Jacobinos os valores de igualdade perante a lei, de um estado de cidadãos e não de vassalos, não teria triunfado!
O próprio sufrágio universal foi uma árdua batalha travada pelo movimento operário contra a Burguesia e os sectores mais reaccionários da sociedade… Uma das vezes que fui a Bruxelas tive a oportunidade de ver uma exposição, exactamente, acerca da conquista desse direito na Bélgica. Era num armazém, num velho bairro operário, agora habitado por imigrantes do norte de África, nessa exposição percorria-se todo o século XIX e primeira metade do XX até se obter essa conquista! Era claro o confronto entre as duas “metades”, socialistas e sindicatos em batalha pelo direito ao voto e direita católica a resistir!
O pluralismo, com q o Doutor enche a boca não foi acordado entre parceiros iguais numa amena conversa à volta de uma mesa enquanto tomava-se chá! Foi uma luta, muitas vezes brutal, entre modernos e conservadores, entre progressistas e reaccionários! Igualar as duas metades é só possível com falácias e truques de linguagem. A história, e os rumos que ela toma, está em constante disputa entre vários actores, ideologias, grupos de interesse…
Cabe a qualquer cidadão responsável o direito e dever, de reflectir sobre qual o melhor rumo a seguir de acordo com o que pensa que é mais benéfico para si e para a sociedade no seu conjunto.
Dizer que isto é tudo a mesma coisa é no fundo fazer a apologia do status quo e dos poderes instituídos! É exactamente esse o pano de fundo sobre o qual o Dr. Rui Ramos vai escrevendo os seus sermões.
Caríssimo a reacção foi derrotada, os modernos venceram esta batalha e mai nada!

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é. . . os pós-aborto têm sido interessantissimos! Eu chamo a atenção para o porta-estandarte da Igreja Católica na comunicação social, César das Neves, que findo o referendo, nos aconselha a abandonar estas questões esotéricas do aborto e voltar a vida real, a dos impostos altos, a da corrupção, até mesmo a da saúde...sim porque estas questões do aborto, tão insistentemente postas em debate público por essa esquerda maldita, não resolvem nada da vida séria, realista, preocupante do Dr. César das Neves, portanto deixemo-nos todos destas utopias que é a defesa da liberdade de opção e o direito á auto-determinação das mulheres, e falemos antes do défice português, que isto sim é uma questão séria!!
Depois disto, que mais há a dizer sobre as gentes do não...