sexta-feira, 31 de julho de 2009

Obama, Honduras e Império


Na passada terça, em Lisboa realizou-se uma concentração no Rossio contra o golpe de estado em curso. Aqui está o apelo...

Já há algum tempo que não escrevo sobre o assunto... a situação, na minha opinião, não é catastrófica, mas tb não é nada positiva... Todas as tentativas (a mais espectacular foi qd tentou chegar de avião... e estavam centenas de milhares de pessoas junto ao aeroporto para o receber) que Zelaya fez para regressar às Honduras foram bloqueadas pelos militares... Se bem que os protestos continuam, dá me ideia que com o passar do tempo mais hipóteses há de o putsh se oficializar.

O pior desfecho possível para esta situação seria a aceitação, de facto, das exigências do regime ditatorial... O congelamento do processo constituinte, o afastamento de Zelaya da vida política e o corte com as políticas sociais seguidas.
Mesmo que Zelaya regresse, de que vale a pena ele regressar se tudo o que andou a fazer vai pó caixote do lixo?
Se os responsáveis pelo golpe permanecerem nos seus postos que garantias é que isso dá há democracia (nem digo q todos tenham de ser julgados! mas removidos dos seus cargos...)? Dá a garantia que sempre que os interesses da oligarquia forem beliscados o exército será chamado para "reestabelecer" a ordem e a "democracia"(deles claro...).
Mais, uma solução desse tipo daria enorme alento a todas as elites para seguirem este tipo de métodos! Eles bem q têm tentado na Venezuela em 2002, na Bolívia o ano passado, mas até agora todas as tentativas de intimidação têm falhado... Se agora forem bem sucedido é um balde de água fria pra cima do movimento popular por toda a América Latina...

Assim sendo, uma solução à "Clinton-Obama", acaba por ser uma rectificação dos objectivos políticos do golpe... Para mais nas Honduras, muito mais que na Venezuela (e outros países com governos progressistas...), as instituições estão 100% nas mãos da oligarquia (Congresso, tribunais, exército...), numa situação destas é muito difícil avançar sem quebrar com essas próprias instituições. Enquanto na Venezuela grande parte do exército e mesmo sectores da Justiça, puderam ser usados como ponto de apoio de reformas e dissuasores de acções de sabotagem, nas Honduras o Presidente e o movimento popular estão completamente isolados...
Esta é o momento para se poder fazer uma limpeza geral nessas instituições, só assim poderá o processo prosseguir.

Não estou no terreno, nem tenho bem presente a exacta correlação de forças, logo não vou mandar bitaites sobre o tipo de métodos a usar para derrotar o golpe. Só digo que quem está no terreno deve pesar bem as alternativas e não ter pre-conceitos em relação a nenhuma. O pior que poderia acontecer em toda a América Latina seria a vitória, de facto, dos golpistas.

O governo Venezuelano está perante um desafio complicado, deverá dar todo o apoio necessário ao movimento popular hondurenho para reverter a situação. Não basta Chavez fazer discursos inflamados é preciso acção para reverter a situação e como disse, avaliando a correlação de forças no terreno, nenhuma alternativa deve ser descartada e "há muitas maneiras de esfolar um gato". Aliás, e eles têm consciência disso, nas Honduras joga-se o futuro da Revolução Bolivariana. É minha opinião, inclusivé, já de há +- um ano pa cá, que o futuro da Processo Bolivariano joga-se, neste momento, mais no palco latino-americano, do que dentro das fronteiras da Venezuela...

E o Obama? Até começou bem, mas vejam os comentários da Clinton à tentativa de regresso de Zelaya...



Para além da imagem projectada pelo topo, a verdade é que o governo dos EUA jogou um papel importante no golpe, a embaixada, os militares, a School of the Americas, etc... Basta perguntar se todas as contas nos EUA pertencentes a elementos envolvidos no golpe foram congeladas? Pois... O Império percebe que não pode usar força bruta em todos os teatros, por isso tenta de mansinho ir levando a água ao seu moinho...

Abaixo coloco a intervenção de Tariq Ali no Marxismo 2008, nela Tariq diz mt coisa... Algumas mt importantes são:
- Só há política progressista se houver pressão da base, do movimento social, nos anos 30 Roosevelt só teve força para aplicar o New Deal porque foi empurrado/apoiado pelos sindicatos e outros movimentos. Esta é uma grande diferença entre a crise de 29 e a actual, é que na altura havia uma URSS e a luta social estava em ascenso;
- Calígula foi bem diferente de Cláudio, Obama de Bush, mas todos são Imperadores e o "hábito faz o monge"...



Ao contrário do que disse para a Venezuela, o governo Obama será bem sucedido*, sobretudo, se no plano interno conseguir fazer passar algumas reformas, educação, saúde, segurança social e o "green new deal", por enquanto parece-me que estas propostas andam a circular mas ainda estão mt, mt longe de serem concretizadas...

Aliás, deixo-vos aqui uma excelente reportagem da AlJazeera (exemplo que se podem fazer notícias mainstream com rigor, seriedade e com temas de grande interesse) sobre o conflito no estado de "West Virginia", entre ambientalistas e activistas locais que querem preservar as montanhas e apostar na energia eólica e a indústria do carvão que pretende rebentar com as montanhas e sacar o combustível... é mt interessante.



O Obama na campanha em discursos até deu como mau exemplo a destruição das montanhas Apalaches! E, bem, aproveitou para falar na aposta nas energias renováveis, etc...
Na prática o governo Obama (a instituição que regula a actividade mineira) autorizou a companhia mineira a destruir as montanhas contra a vontade das comunidades e activistas... Mas, o movimento está a crescer e recentemente ocorreu a maior manifestação de sempre a propósito deste tipo de temas. A esperança dos activistas é ganhar tempo, para que o governo federal legisle contra este tipo de prática (mountain top removal) e apoie o projecto de uma "quinta eólica".
Lá está, o movimento também se galvaniza pq espera através da mobilização pressionar Obama a implementar o programa que ele próprio enunciou na campanha! É a dialéctica... Porque Obama não fará nada de substantivamente progressista se a isso não for obrigado... e nem é tanto obrigado, ele por mais que queira é um homem isolado por gabinetes, secretarias, lobistas, grupos de pressão, agências governamentais, eu sei lá... todas com uma inércia, todas (ou quase) claramente ao serviço dos interesses estabelecidos...



De qq das formas o facto de o movimento estar a crescer é positivo, espero que o mesmo comece a acontecer noutros sectores, aliás por isto mesmo é que disse que uma vitória de Obama seria mt importante... N por esperar que o Império mude de natureza apenas porque o novo Imperador é um "porreiro", mas porque a sua escolha pelo povo dá um sinal galvanizante para todo o movimento popular...
Ou seja, com ele as condições para a acção e crescimento do movimento popular são bem maiores do que se o outro fosse eleito, agora as políticas só mudaram se o movimento conseguir aproveitar o espaço e impor a sua agenda.
(pelo menos introduzir um pouco de racionalidade no processo de decisão, de forma a que não seja apenas o grande capital a ditar os seus termos, prioridades e necessidades)

*bem sucedido no sentido de não desmoralizar e desanimar completamente as pessoas que votaram nele... sim pq Bush será uma piada comparado com o q vem a seguir caso Obama claudique completamente, aliás vai ser cá uma confusão...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O que significa ser Revolucionário Hoje, Slavoj Žižek

O Marxism, organizado pelo SWP, é dos maiores (se n o maior) eventos de propaganda/discussão Revolucionário-Marxista.



Nesta conferência Slavo fala de resistência, comunismo e Revolução nos dias de hoje. O gajo podia-se arranjar um pouco melhor (a sério... a embalagem n é o essencial mas tb conta...), de qq das formas tem muita razão em muito do que diz... Aliás, nunca o tinha ouvido mas devo dizer que estamos muitíssimo alinhados: na forma de ver e entender o que significa ser comunista/revolucionário hoje; elogio à modernidade; possíveis cenários para o futuro... Aqui é importante perceber que alternativa não é um "comunismo" imaginado por nós e o actual "sistema" capitalista...

O Capitalismo dos últimos 30 anos esgotou-se, a saída da crise não nos levará de volta aos 30 gloriosos anos 1945-1973... Nem ao Clintonismo ou Reganismo... Na ausência de uma alternativa popular, o novo sistema recauchutado será de uma natureza bem mais irracional e autoritária, uma espécie de neo-fascismo kitsch (com variações de cultura para cultura, como tudo...)... Isso claro, se não houver a tal resposta popular.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Solidariedade com o Povo das Honduras


Dia 28 de Julho, pelas 19H00
frente ao Consulado das Honduras
em Lisboa (Praça do Rossio, Nº 45)

A CGTP-IN, solidária com os trabalhadores, sindicatos e povo hondurenhos, considera que os trabalhadores e o povo português não podem ficar indiferentes face às inaceitáveis violações dos direitos humanos e da soberania do povo das Honduras.
A acção da CGTP-IN, no plano internacional, rege-se por um conjunto de princípios e valores fundamentais, onde se inscreve a solidariedade com os trabalhadores e povos que, pelo mundo, lutam contra a exploração e a opressão ou a agressão imperialista, pela justiça e pelo progresso, pela democracia, pela independência, pela paz.

Razão porque, desde a primeira hora, a CGTP-IN tomou posição pública de firme repúdio do criminoso golpe militar que, no passado dia 28 de Junho, ocorreu nas Honduras, sequestrando e expulsando do país o presidente democraticamente eleito, Manuel Zelaya.

Um golpe perpetrado com o apoio da extrema-direita e dos sectores mais reaccionários das Honduras, receosos dos resultados da consulta popular convocada pelo presidente Zelaya para decidir sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, que viesse a plasmar, na Constituição, as mudanças democráticas que têm vindo a ter lugar.

Seguiu-se o decretar do Estado de Sítio, a militarização e o controlo das principais cidades, a investida violenta face à resposta popular, a censura mediática, a repressão sobre os trabalhadores, os sindicatos e movimentos sociais e populares, tendo já havido numerosas detenções e mortes que têm sido denunciadas por entidades de defesa dos direitos humanos.

Para travar este brutal esmagamento da esperança do povo hondurenho, está a consolidar-se uma grande resistência popular neste país centro americano, apesar da forte vigilância e repressão dos golpistas. Diariamente, as manifestações populares sucedem-se por todo o país, tendo sido convocada uma greve geral e lançado um apelo à comunidade internacional para se solidarizar com o povo das Honduras e mostrar com veemência o seu repúdio da ditadura e da brutal repressão iniciada desde o golpe militar.

A CGTP-IN, solidária com os trabalhadores, sindicatos e povo hondurenhos, considera que os trabalhadores e o povo português não podem ficar indiferentes face a estas inaceitáveis violações dos direitos humanos e da soberania do povo das Honduras.

Assim, apelamos às estruturas sindicais, em particular dos Distritos de Lisboa e Setúbal, para que mobilizem os trabalhadores e participem neste acto de protesto que a CGTP-IN promove, em conjunto com um amplo grupo de pessoas e entidades, no próximo dia 28 de Julho, pelas 19H00, frente ao Consulado das Honduras em Lisboa (Praça do Rossio, Nº 45).

Pelo restabelecimento da democracia, sem derramamento de sangue!

Pelo fim da repressão contra o povo das Honduras!

Pelo direito dos povos a decidirem o seu destino!

domingo, 26 de julho de 2009

Joana Amaral Dias, um serviço prestado à República


De Jezebel a Rute? Axo q sim...

Este episódio, da tentativa de OPA sobre a Joana Amaral Dias, é bem revelador de como é vista a política e a República pelo grosso do Partido Socialista... Aliás, pouco depois de à uns anos a JAD ter apoiado o Soares, a conversar no Bairro com um tipo da JS, ele às tantas vira-se pa mim e diz: "pois, mas vocês puseram a Joana em Santarém... assim ela n era eleita... estavam à espera do q?", ou seja a política faz-se para acumular tachos e benesses, fiquei chocado... e disse "se é esse o tipo de raciocínios q a levaram a apoiar o Soares, fiquem com ela, n precisamos de oportunistas"...

Aliás ao tempo defendi que ela deveria ter sido imediatamente demitida da mesa nacional e n ser re-eleita, aliás na V convenção (antes desta última, a VI), já depois de ter apoiado o Soares contra o Louçã, nas costas do BE(n avisou e discutiu o assunto nos orgãos próprios), a JAD foi re-eleita para a mesa!!! Como é possível ter se confiança política numa pessoa, para ocupar lugar no órgão central do movimento, entre convenções, depois daquela atitude?
Bem, n foi na V, foi na VI (pa n ser tão a quente...)... Para além disso nunca mais foi candidata de relevo do BE a cargo algum...

O BE acabou por, vá lá, dar algum exemplo e, verdade seja dita, a JAD comportou-se, e tem-se comportado, com dignidade. Aliás, já antes desta polémica tinha chegado a essa conclusão...
A mulher foi posta um bocado na prateleira (e como disse até devia ter sido posta de forma mais explicita...), ou "em pousio"... e o que é facto é que de então para cá ela n tem claudicado (e n acredito q estes tenham sido os primeiros convites deste género q ela teve), mais, nas poucas vezes que a vi em debates ou entrevistas geralmente safa-se bem. È mt clara, directa e correcta no que diz, tem capacidades para vir a ter um papel relevante na agitação e mobilização das massas (tou a falar a sério!).

A denúncia de Louçã só foi possível pq Joana se mostrou, afinal, bem mais Rute que Jezebel! Foi um serviço prestado à República. Mais, Joana Amaral Dias torna-se uma forte reserva estratégica do BE para futuros combates!
Básicamente, o "pousio" serviu (e deve servir) não como ante-câmara de uma expulsão ou apagamento, mas como hipotese de "reconstrução" da confiança política entre militantes e partido/movimento.


PS - Bem, tb é uma prova da sua lucidez, se aceita-se agora estes convites ficaria queimada pa sempre no BE (e eu seria dos primeiros a salivar enquanto se atirava a sua esfinge pá fogueira) e a troco de quê? De um lugar de deputada por um partido que será arrasado em Setembro? Ir agora atrelar-se ao Barco Socratista em pleno naufrágio seria uma absoluta estupidez... mesquinha e pequenina. Ainda bem para ela, e para o BE (embora menos), que n foi essa a sua decisão.
Ficando no BE o seu futuro político poderá ser não apenas mais limpo, mas também bem mais destacado. Claro que isso depende dela... veremos o q acontece nos próximos capítulos...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Animação Soviética, da REVOLUÇÃO INTERPLANETÁRIA ao pacifismo Brejeneviano (e outras coisas…)

Nunca vi os programas do Vasco Granja, embora já tenha ouvido falar, num dos primeiros panfletos (se n o primeiro…) para jovens do BE feito em 1999, dizia-se às tantas: “somos uma geração que... blá blá blá… e cresceu a ver o Vasco Granja”… Pois, eu não, pq nos Açores n havia disso.
De qq das formas nem sei se o que vou partilhar convosco é o tipo de coisas que o Vasco Granja passava… Só sei que é brutal e muito instrutivo…

Antes de entrar mais a fundo apresento este de chofre, é de 1971, é a história de um jovem pioneiro violoncelista face à invasão Nazi… é dos mais bonitos…





Mas indo ao início, em 1924 a brutal Guerra Civil Russa tinha já terminado e o movimento popular tb havia sido manietado, a NEP havia sido instaurada à pouco e foi o ano em que Lenine morreu… Ou seja, estamos na madrugada do estado Soviético…
A ideia dos Bolsheviques, era que a Revolução na Rússia seria apenas o tiro de partida para a Revolução Mundial. Tanto Trotsky como Lenine sabiam que a Rússia não possuía os recursos humanos, materiais e culturais para erguer o socialismo.
Consideravam o Império Czarista o elo mais fraco do sistema, certamente que o “proletariado” da Europa ocidental, nomeadamente Alemanha e Áustria, vendo o exemplo Russo tb se iriam erguer em Revolta… Com os recursos e tradição histórica da Europa Ocidental, aí sim, os Sovietes teriam as condições de construir uma nova sociedade livre e igual…
A realidade trocou-lhes um bocado as voltas, mas uma das primeiras animações realizadas no novo país dos Sovietes tem o impressionante nome de…

REVOLUÇÃO INTERPLANETÁRIA!

“Um evento provável em 1929”, Gandas Malucos!!! O Guerreiro do Exército Vermelho é enviado para Marte para derrubar o Capitalismo Marciano! O Filme acaba com uma espécie de teleconferência após o sucesso da sublevação Marciana. Brutal!

Socialismo num só país? Revolução Mundial?? O que é isso? Revolução Interplanetária! má nada! Pá a ousadia… é surpreendente e o estilo tb é do caraças…





Aliás, já “down to earth” esta outra animação de 1925 (tb das primeiríssimas) é impressionante, chama-se…

CHINA EM CHAMAS





Não sei se até n daria para recuperar estes filmes, o som e imagem, são espectaculares, mas precisavam de ser “polidos”. Nesta onda há tb o CINEMA VERDADE LENINE, a forma como Lenine aparece é do caraças… É de um surrealismo-futurista impressionante.

AVE MARIA

É interessante comparar estas obras “germinais” com algumas peças dos anos "Brejenevistas"… Ave Maria (1972), tal como China em Chamas, fala-nos sobre uma revolução-luta de libertação nacional, no sudeste asiático, desta vez o Vietnam… Mas os alvos a que se dirige a mensagem e o seu conteúdo são muito diferentes…
Do ponto de vista “estético” estes papam-se muito melhor, n têm a rudeza dos primeiros, aliás são lindíssimos… Este Ave Maria é um espectáculo…





A seguir, CONFLITO, é mais abstracto e contra a guerra e violência em geral, também é muito bom e do mesmo período, 1983.





Mas estamos a milhas da Revolução Interplanetária… O objectivo já não é propagar a revolução até ao limite, “the sky is the limit” (e nem isso!)…
Por um lado são inteligentes, é um apelo ao movimento de massas no ocidente para a Paz e para forçar os seus governos a seguirem uma política de “conciliação” com o mundo comunista… tipo “vá n sejam maus, a guerra é má e não nos devemos matar uns aos outros…”, vamos tentar viver lado a lado. Aliás este último “Conflito” é lançado já em plena contra-revolução conservadora com a Tatcher e o Regan a bombar…

Mas qual conciliação? Quando o centro Imperialista (EUA-Reino Unido) optaram por subir a parada, o destino da URSS ficou selado… A Regan e o Tatcher n viram os cartoons… ou n ficaram convencidos… enfim…
Nos anos 70 a URSS até parecia estar aumentar o seu poder, mas os limites do sistema soviético já tinham sido atingidos e a sua postura ideológica é completamente defensista… O resultado foi o que se sabe...
Isto vê-se tb na comparação dos seguintes filmes…

PRETO E BRANCO





Grande som e imagens… Na propaganda anti-Imperialismo made in URSS um dos ceguinhos onde batem mais é no racismo. Este filme dos anos 30 foi feito após a visita de Vladimir Mayakovsky ao sul dos EUA e baseado num poema que escreveu na altura. Eram dias onde o linchamento de Afro-Americanos era prática corrente…

Nos anos 60 o tema tb é abordado, mas de forma bem diferente, o cartoon MR TWISTTER é muito giro, mas na minha opinião completamente tótó… Os cidadãos soviéticos dão uma lição civilizacional ao plutocrata gringo racista que decide ir passar férias a Leninegrado cumprindo um capricho da sua filha mimada… Isto era para quê? Para os cidadãos soviéticos sentirem uma espécie de “superioridade moral”face aos gringos racistas?
Sinceramente axo mt mais fixe (e estratégicamente consequente) a forma como abordam o problema no primeiro filme… Mas tb já perceberam que sou bem mais do tipo “Revolução Interplanetária” do que “Ave Marias”…

SOVIET PROPAGANDA MOVIES

Já agora para ficarem com uma espécie de síntese… Deixo aqui um documentário dividido em quatro partes (feito nos EUA):

1 - American Imperialists
2- Fascist Barbarians
3 – Capitalist Sharks
4- The Bright Future, Communism




Sinceramente axo que dão uma visão muito condescendente, tipo “eles até eram grandes artistas, mas estavam tão iludidos… coitadinhos”… Às páginas tantas tb referem um certo continuísmo nas personagens e histórias retratadas. É certo que existe um fio condutor, quer dizer, o Capitalista é sempre o mau da fita, a Revolução de Outubro é sempre glorificada, mas notam-se as diferenças brutais… que acima já referi… De qualquer das formas a Revolução Russa não foi vítima de nenhum processo Termidoriano*, quanto muito foi vítima de um processo degenerativo do qual a evolução na animação não deixa de ser um sintoma…

Já agora, pq a propaganda n tem copyright soviético, aqui fica um filme delicioso da Disney sobre a II Guerra, este sim vi eu qd era puto, n sei pq na RTP Açores passavam muito frequentemente, e eu adorava! Chame-se ...

BLITZ WOLF




MAIS

Mas há muito mais na animação soviética, desde o menino pioneiro que brinca aos “índios e cowboys” (versão revolução russa), o delírio Utópico-Produtivista-Stakhanovista, ou este conto de fadas tradicional/fantástico…






BONUS

E agora? Bem, não é animação soviética mas tb é muito giro, este primeiro é Francês,




Para terminar, LOL, puro Fetiche… é que o PC Japonês tem tado a crescer (a sério)…




LOL LOL LOL, mt bom.

*sei q há quem n concorde com isto, até pq daqui se tiram algumas conclusões complicadas… é que Estaline não desceu de um OVNI vindo de Marte em 1924, nem era uma espécie de bacilo latente… bem mas isto é assunto pa outro Post…

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Polémica "Mainstream"


LOL, desta vez n foi no deep underground, foi mesmo no Festival ao Largo, já tinha elogiado esta iniciativa aqui.

Mas parece que acabou em grande com polémica! É mm assim que tem de ser a Arte dos nossos tempos, parece que actulizaram o Manifesto Anti-Dantas e transformaram-no num manifesto Anti-Ricardo Pais... Não sei quem é o Ricardo Pais (parece q é encenador de teatro e esteve recentemente no S.João no Porto), mas axo mt bem, e os responsáveis pela polémica dizem uma ganda verdade:

Dizer mal pela frente

Nuno Artur Silva concorda que "a melhor maneira de ler em público o Manifesto 100 anos depois era fazer com que ele tivesse o mesmo grau de provocação que o Almada lhe quis dar". Era fácil encontrar "os alvos do costume, fazer o anti- Sócrates, o anti-Santana [Lopes], mas preferimos procurar alguém do meio teatral". Para Miguel Guilherme, a escolha era óbvia, porque Pais representa tudo o que detesta no teatro "como homem e como criador". Além disso, afirma, a atitude teve um "valor facial" - ou seja, foi "dar a cara, dizendo mal pela frente, o que é raríssimo". Garante: "Não há aqui qualquer agenda política".

O tempo dos "meninos" e "sorrisos pepsodent" está a passar... Agora q n há aqui qq agenda política já é uma afirmação um bocado arriscada...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Mais do que escravos... Mas o que lhes aconteceu?

Fui ver aquela exposição que está no Museu Nacional de Arte Antiga, Encompassing the Globe, Portugal e o Mundo Séculos XVI e XVII.

O quadro acima foi dos que mais me chamou a atenção, é de um Holândes, do Século XVI e retrata o Chafariz D´El Rei (que era junto ao campo das cebolas). É que o número de africanos representado é enorme! Pelo q vi noutro blog das 166 figuras, 66 são identificadas como africanos...
E não tão só a "acartar carga", em baixo à direita, há um "mui nobre" cavaleiro, trajado a rigor (inclusive na capa aparece uma cruz de Avis...), que é um preto retinto...
Também nos Biombos Nambam aparecem alguns, pelo menos umas figuras de pele bem mais escura, e mais uma vez não são apenas criados (embora alguns estejam identificados como tal por experts na matéria, que está longe de ser o meu caso...). Nos biombos que representam navios, estão sempre representadas umas figuras empoleiradas nos mastros, a "brincarem" nos cordames do navio (a fazer o pino e outros malabarismos), pois essas figuras tb têm um tom de pele bem escurinho, muito mais do que outros q se vê serem claramente "tugas".
Se calhar estes africanos que andavam nas velas e cordames eram escravos, mas mais uma vez, desempenhavam um papel nas navegações que ia bem mais além da clássica imagem de criados domésticos em Lisboa, ou cortadores de cana de açúcar no Brasil...


E este aqui abaixo, pintado por outro Holandês, tem mesmo ar de cativo despojado de dignidade...


Não sei se há estudos sérios sobre o contributo dos Africanos para aquilo que foi a primeira rede de comércio e trocas global... Dá me ideia que o que existe cai muito na onda do coitadinho que foi escravizado e mais não foi que um "burro de carga" ao serviço da expansão portuguesa. Claro que foi esse o papel principal, mas pelo que vi das imagens da altura, há muito mais nesta história que isso...
Também fica outra questão, nos séculos XVI-XVII, em Lisboa viviam "resmas" de Africanos, cerca de metade da população, já ouvi por aí... Hoje pouco resta da sua presença e os que cá estão agora provêm de migrações bem mais recentes...
O que lhes terá acontecido?
Parece-me uma muito boa questão e é uma coisa que já antes me havia perguntado...

E já repararam no número de pinturas que são elaboradas por Holandêses? Também eles andavam por Lisboa... e Italianos? Os mapas eram quase todos feitos por eles e os missionários mais especializados (primeira embaixada na China, o que montou uma oficína de relíquias no Japão, etc...) eram também Italianos (só pa falar no que estava mencionado na exposição...).
Ou seja, Portugal "dirigiu" esta rede global, mas só o conseguiu porque se tornou numa espécie de Hub técnico-cultural do século XV-XVI... É que não foi por sermos os "máiores" que a malta veio aqui toda parar... Foi pq desde cedo a malta já vinha cá toda parar e houve esforço de quem dirigia o empreendimento em fomentar isso, que nos tornámos, por algum tempo, os "máiores"!

Pistas pó futuro...
PS - Muito, muito, muito, muitíssimo importante, Isto tudo só se passou pq tivémos uma RE-VO-LU-ÇÃO em que Bispos foram atirados do topo de Igrejas e uma assembleia popular nomeou um "Defensor do Reino..."

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Gravado na Areia... Inês


Na Praia, quando estava de regresso e o sol já se punha, gravado na areia, encontrei...





Inês...

É uma pista do destino...

domingo, 19 de julho de 2009

11 Lições, por um dos cérebros do Império


Estava ontem a ver o pasquim do regime, quando na parte dos obituários, referiam-se a Robert Macnamara... Morreu no passado dia 6 de Julho.

Robert foi um aluno brilhante em economia, matemática e filosofia... Acabou o MBA em 1939 e durante a guerra foi um dos pais da "análise de sistemas", do uso de estatística aplicado de forma sistemática ao processo de tomada de decisão (coisas q andei a estudar este ano...)... Foi depois presidente da Ford, Secretário de Estado de Kennedy e Johnson onde dirigiu o esforço de guerra do Império contra o bravo povo Vietnamita... Após essa guerra foi durante anos o presidente do Banco Mundial.
Ou seja, este foi um homem, brilhante, que esteve no olho do furacão de diversos eventos cruciais da nossa História... Na ciência, Política, Guerra e mundo de negócios... Para além dos juízos morais muito há a aprender com o seu percurso e reflexões...

De facto, o interesse disto tudo é que em 2004, lançaram um documentário "The Fog of War", que é simplesmente brutal! Nele Macnamara percorre vários episódios da sua vida... e dela retira "11 lições" é extraordinária a lucidez, rigor e honestidade com que enfrenta os seus demónios e acções... Não inventa desculpas, contextualiza, argumenta, confessa erros cometidos e levanta questões.
O interesse é que este não é um Pino ou Lino, não é um "chico-esperto" ou "bem-nascido" que assim se alçou para os mais elevados cargos. Macnamara é um verdadeiro Mandarim Imperial. Ocupou os cargos devido à sua competência e devoção à "causa". É por isso que o documentário é interessante, não é alguém básico a tentar simplesmente justificar as suas acções, cobrir de insultos os inimigos e a elogiar os chefes. Não, ele faz um exercício de análise crítica àquilo que fez e viu e daí tenta tirar algumas conclusões... Imprescindível!
Abaixo tá o trailer, para ver tudo vão aqui!




PS - A forma como dirigiu a guerra do Vietnam é tb elucidativa, pode-se aumentar a eficiência de bombardeamentos com investigação operacional, mas só com pensamento político-estratégico de fundo se pode ganhar uma guerra...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Importância da Performance, Marco António discursa no funeral de César

Por falar em Performances... Por vezes há a sensação que as performances, o teatro, são instrumentos para fins meramente recreativos... A verdade é que as palavras, sobretudo se conjugadas com uma boa encenação, podem ter um poder tremendo.

Trago aqui um exemplo real disso mesmo, em 15 de Março de 44 AC Julio César é assassinado por um grupo de Senadores...
Pequeno parêntesis... É preciso dizer que César era do "partido" Populares, por oposição aos senadores conspiradores que eram Optimates... Ou seja, César foi assassinado não tanto por ser um "tirano" que queria destruir a "República", mas sobretudo porque estava a lançar um conjunto mais profundo de reformas em favor da Plebe e a levar acabo uma reforma administrativa capaz de dotar a República de instituições adequadas para governar um Império que na altura já abarcava quase todo o Mediterrâneo... Claro que César já se tinha assumido como "Ditador Perpétuo", mas tinha tb recusado a coroa que Marco António lhe havia oferecido numa cerimónia pública, ainda por cima, devido às suas vitórias militares e às reformas sociais em curso, César era venerado pelo povo... É assim que temendo pela sua posição social-política e económica, um conjunto de Senadores (que representavam a maioria do sentir do Senado) conspiram e cometem o assassinato de César...

Voltando à performance, Marco António, espécie de nº2 de César(se calhar mais conhecido pela estória de amor com Cleópatra), tb ele um dos Populares, tem de fugir do senado qd César é assassinado, os Conspiradores parecem que são donos da situação... Mas passados dois dias há o funeral de César, nesse funeral dois discursos ficaram para a história...
Brutus (dá a cara pelos conspiradores) faz o discurso contra o tirano em que justifica o seu acto perante a multidão. Marco António faz o elogio fúnebre a César, mas fez bem mais do que isso, este foi, literalmente, um discurso incendiário-populista! As suas palavras exactas não chegaram até nós, mas o tom, temas focados e as consequências estão documentados (inclusive os seus gestos mais teatrais).

No filme Julius Caesar, baseado na peça de Shakespeare, à uma performance brutal de Marlon Brando, que desempenha o papel de Marco António... A cena é exactamente o discurso no funeral de César e segue os relatos históricos...




O texto de Shakespeare é este. Não encontrei com legendas, mas há esta versão em Castelhano (LOL)...


Depois deste discurso o Povo em Fúria queimou o Senado e perseguiu os assassinos, não do Tirano... mas do "Amigo do Povo", líder do partido Populares.

Estas histórias e personagens andaram por aqui há mais de 2 000 anos...
Mas isto do líder popular-carismático, acusado de tirano pelas elites, mas que tem apoio da maioria do povo e até está a tomar umas quantas medidas "progressistas", faz me lembrar outras histórias bem mais recentes...

É também um exemplo longínquo do poder da palavra e das massas... António, na altura, não tinha o comando de nenhuma força armada, foi mesmo o povo em fúria que expulsou a elite da cidade. É verdade que o sentimento estava lá, mas foi a "actuação" de António que lançou a faísca que incendiou a pradaria. Foi um momento decisivo e precipitou a queda da velha República. Esta foi uma Performance que mudou Roma e o Mundo....

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Polémica no UNderGRounD, de quem é Inês?

O Artista de Rua andou pelo campo e pela cidade espalhando poesia, retomou no início deste ano uma demanda que já vinha de trás...

A partir de um excerto da sua obra (vide foto acima) o Teatro Maria Matos desenvolveu uma
peça/ encenação...

O Artista é "temperamental" e sentiu que ao menos umas palavras lhe deveriam ter sido dirigidas a propósito da dita encenação... Se formos a ser rigorosos o "Graffiti", pai da peça, é mais do que um ocasional desabafo, é isso sim, apenas mais um bloco do "projecto" Pedro procura Inês...

As partes falaram-se mas não se entenderam, e numa cristalização da sua "indignação", o Poeta fez esta declaração...




É frequente a Arte ser provocatória, de tal forma que....

"Finalmente, não posso deixar de lhe informar que apresentamos queixa-crime por causa do vídeo divulgado no seu blogue. Como Director do Teatro Maria Matos não posso deixar que os meus colegas do teatro sejam ameaçados, inclusive com uma referência à utilização de armas. É ilegal neste país ameaçar pessoas com o uso de armas."
Mark Deputter

Não só fui roubado como o ladrão ainda me põe em tribunal!

Infelizmente... isto não é literatura.
F.

Acossado, o "Provocador", põe esta pedra sobre o assunto...



"não sabem ler versos de amor..."

Espero que seja mm um ponto final na polémica, e que sirva para publicitar a sua obra e a peça que estreia hoje!

Também não posso deixar de dizer que aprecio imenso a Arte de Rua, como aqui já várias vezes tenho referido. Este é um projecto virado para o mundo e tem sido erguido com a imaginação e recursos de um único indivíduo, sem apoio de padrinhos ou instituições (excepto a ocasional assistência de alguns(mas) amig@s). Um projecto que tem ganho alguma visibilidade apenas graças ao esforço do Artista que desenvolve este trabalho nas suas horas vagas... Será a sua loucura viver para a Arte e não dela?
Parece-me que alguns assim o pensam... Espero por isso também, que esta polémica, para além da publicidade, também seja uma chamada de atenção.

Não é por não ter a chancela de uma instituição ou padrinho poderoso que esta obra tem menos valor (como imaginam eu axo exactamente o inverso!), o mínimo exigível nestas situações é que o criador seja escutado antes da sua obra ser aproveitada! Custa assim tanto? Perante a provocação as máscaras caem com tal facilidade que até dá um bocado de dó... Mas enfim, fica um aviso...

Não seria tão melhor para todos se em vez de ameaças de processos crime, fizessem uma jantarada e tod@s, numa conversa regada com vinho branco, discutissem em conjunto futuras intervenções artísticas???
Enfim, também é verdade que no fundo, a "indignação" e o "ultraje", não deixam de ser combustível riquíssimo para alimentar a Inspiração e o Ego do Poeta (LOL LOL)...

E tb devo confessar que tb eu me diverti (LOL), pelo menos até agora, bastante com tudo isto e n fui o único...

LOL LOL LOL LOL LOL LOL LOL LOL LOL LOL LOL LOL LOL

quarta-feira, 15 de julho de 2009

No prado uma pequena flor desponta... Erika



On the heath a little flower blooms
and it's called: Erika.
Hot from a hundred thousand little bees
that swarm over Erica
because her heart is full of sweetness,
her flowery dress gives off a delicate scent.
On the heath a little flower blooms
and it's called: Erika.

Back home lives a little farm maid
and she's called: Erika.
This girl is my faithful little darling
and my good fortune, Erika.
When the flower on the heath blooms red-lilac,
I sing her this song in greeting.
On the heath a little flower blooms
and it's called: Erika.

Another little flower blooms in my small room
and it's called: Erika.
Already in the first rays of the morning, as well as at dusk,
it looks at me, Erika.
And then it seems to me it speaks aloud:
"Are you also thinking of your little bride?"
Back home a farm maid weeps for you
and she's called Erika.

Esta música em contraponto com estas, parece estar nos antípodas... e até está, mas não como parece à primeira vista...
"No prado uma pequena flor desponta... ela chama-se... Erika"
"Quando a flor no prado desponta em vermelho-lilás, canto esta canção para ela"
É a flor no campo e a inocente menina, a querida pequena, em casa, à espera... À espera destes senhores que cantavam esta canção, neste contexto...



Pois é sobre as mais doces e inocentes aparências escondem-se, por vezes, os maiores crimes... Há que ver para além da forma e superfície das coisas (embora isso tb tenha a sua importância) para se perceber a sua verdadeira natureza, e fundamental, o contexto. Parece lapaliciano, mas é impressionante quanto a malta fica fixada com o folclore sem conseguir ver para além disso...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Comunismo de Guerra


Cá vão uns fantásticos vídeos que encontrei no youtube, as animações são um espectáculo, isto é propaganda de qualidade... Nunca é de mais lembrar quanto deve a humanidade a estes homens e mulheres. Também percebo que alguns os achem demasiado "militaristas", convém não tirá-los do contexto.
Gostava de saber quando foram feitas, o estilo é muito daquela altura...





Este não é uma música é mesmo um desenho animado sobre o cruzador Aurora.



O seguinte n é animado, mas tem umas fotos fixes da Revolução Russa e a música é uma das minhas favoritas...



Já agora que decidi revisitar 1917-1921, deixem-me partilhar mais uns exemplos do que considero "Arte de Combate", pelo menos, "Arte de Intervenção" nos dias que correm no nosso país. Primeiro os Contemporâneos brindam-nos com um fantástico quadro impressionista de uma parte do que aí se avizinha, estes "esfomeados", ou mt me engano, ou até vão chupar os ossos do António Costa & Cª aqui em Lisboa.



Noutro tom, o Artista de Rua reclama a sua obra face aos "meninos".

PS - Nada disto não vem por acaso, é que estou prestes a terminar a leitura do fantástico, THE PROPHET ARMED!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Inglaterra, Alemanha, URSS e França um retrato

Este blog pede o seu nome emprestado aquela que é (do que conheço) a mais completa série documental acerca da segunda guerra mundial, "The World at War", dessa série escolhi quatro episódios que retratam como a guerra foi vivida na frente interna em quatro diferentes países... São extraordinários, percebe-se muito mais acerca da Guerra e do seu desfecho através destes episódios, do que fazendo uma análise detalhada das operações no terreno e da batalha x ou y...

Inglaterra - Livre e Austera



É talvez dos quatro que aqui coloco o que axo mais curioso/interessante, apesar dos bombardeamentos, a II Guerra foi das melhores coisas que aconteceram ao movimento trabalhista e à classe operária inglesa... Tá cheio de pormenores deliciosos, acerca de como era a vida quotidiana e a organização do tecido social, bem como a atitude face ao "galant Red Army" e ao "Uncle Joe"...

III Reich - A Farsa




Os soldados/oficiais Alemães eram, em média, os mais competentes, os mais bem treinados, mais disciplinados e à que dizê-lo, os mais corajosos. Ao nível de equipamento, tirando a Marinha e Aviação (e mm aí é discutível) tinham as melhores armas, sobretudo o armamento do soldado de infantaria e tanques. Os Alemães perderam por causa, basicamente, da péssima logística e inteligência/espionagem... Aliás mm com trabalho escravo, campos de trabalho forçado e uma política completamente autoritária a verdade é que a indústria de guerra da Alemanha/Reich (que vai para além da Alemanha...) nunca atingiu os níveis de mobilização da Inglaterra e da URSS nem dizer... Aliás, aquilo era uma confusão organizativa/logístico e um delírio-hiper optimista ao nível da propaganda, o que dá somado uma grande farsa... Os soldados podiam ser os melhores, mas isso de nada serve sem uma base social sólida e racional.

URSS - Uma Luta Épica, como a Luz venceu as Trevas



Não faço comentários, se o anterior explica pq é q a Alemanha e seus aliados - à pois é, n nos esqueçamos da Roménia, Hungria, Bulgária, Croácia, etc... - perdeu a Guerra, este explica pq, e como, é q os Aliados ganharam.

França - Antes Alemães do que Comunas



Gosto muito da França, este é provavelmente o seu momento mais baixo dos últimos 200 anos... Mais uma vez se mostra que o problema não eram as armas, os soldados ou as tácticas, ou melhor também eram as tácticas, mas estas eram resultado directo da situação político social... A classe dominante Francesa claudicou perante o Nazismo, a esquerda e a sua coluna vertebral (isto n é mencionado mas eu digo pq axo determinante no desfecho dos acontecimentos) o Partido Comunista estavam neutralizados pelo pacto Germano-Soviético... A Burguesia abriu a porta aos Nazis e a esquerda ficou a assistir ao espectáculo... Se n fosse pelo dito pacto, quem sabe, se uma nova e mais poderosa Comuna não teria emergido?
Bem mas isso são os ses da história. Aqui fica mais um testemunho de várias coisas, uma delas é que as classes dirigentes que estão sempre a falar na "Pátria", na "Nação", de "Portugal(ou seja qual for a nação em questão)", são sempre os primeiros a trair a dita "pátria" quando lhes convém... O problema é q há malta q ainda acredita nesses "apelos à camisola".

domingo, 12 de julho de 2009

Interessante, Sofisticado e... Para Tod@s!





Mais um espectáculo à pala à porta do teatro São Carlos. Muito bom mesmo, conseguiram (pelo que vi) montar um espectáculo de qualidade, com alguma sofisticação e acessível a toda a gente. Acessível porque aberto, pelo espaço (onde até cabe bastante gente... mas aqui até caberia mais se fosse num largo maior!) e também pelo conteúdo dos espectáculos... não facilitaram, mas tb não escolheram peças ultra-experimentalistas que é da malta ficar "what the fu&% is this?".

Aliás no público vê-se um pouco de tudo, muita gente de idade, muitos casais jovens com seus petizes... Gente que nunca entraria num teatro para ver o espectáculo (eu incluo-me um bocado neste grupo), mas que desta forma até se aperalta um bocado e vai ao largo ver a Companhia Nacional de Bailado...

Até é bom pq serve pa quebrar uma data de pré-conceitos que envolvem estas artes, por vezes consideradas mais de "elite", quer da parte da população em geral, quer da parte dos "Artistas". Não conheço bem esse mundo (o das Artes), mas há coisas de por os cabelos em pé, lembro-me de há uns anos ter tido conhecimento de uma polémica - é que em certos super mercados estavam a passar música clássica, alguns puristas insurgiram-se contra o facto argumentando qq coisa no género "que esse n era espaço que desse dignidade aquele tipo de música", criticando a experiência....
Esta é daquelas situações em que se justifica mandar esses "artistas" para um campo de reeducação, com megafones a transmitir mensagens, enquanto eles vão partindo pedra na serra da estrela... Estou a brincar, lol, mas é o q dá vontade.

Voltando ao Festival ao Largo, pode ser que o sucesso motive mais a própria comunidade artística a voltar-se para a Rua e pró Povo, em vez de se fechar em Academias, Ateliers e seus outros "Templos"(atenção tb axo são precisos essas sacristias! só que deveriam ser mais um suporte do que o espaço central da Arte)... E parece-me, sinceramente, que fazer Arte para o "Povo" não implica cedências e compromissos com qualidade ou arrojo, não, implica isso sim maior criatividade, inteligência e coragem... Implica conseguir fazer uma síntese de diversas qualidades, claro que nem todos têm essa capacidade, mas lá está nem todos somos, nem temos de ser, "Artistas".

De qq das formas se há coisa que deve ser quase 100% livre é a Arte, aliás só assim conseguirá desempenhar a sua função social.

Este debate acaba por se cruzar um pouco com uma sessão que assisti o outro dia de uma conferência intitulada "On Walls" do Iscte. Uma das comunicações era acerca da "Gentrificação e Movimentos Sociais Urbanos de Resistência" (fui lá pq outra das comunicações era sobre "Apropriação do espaço público, Caso de estudo um Barrio de Caracas", foi fixe e mt importante dar essa dimensão da Revolução Bolivariana...), ora os fenómenos de gentrificação (fantástico, a wikipédia já tem entradas que nem existem nos dicionários, a Internet vai mudar profundamente a linguagem, nomeadamente na sua forma escrita, os puristas q se cuidem...) estão muito associados a processos de reabilitação Urbana e muito cuidado é preciso para que reabilitação não acabe por ser sinónimo de centro da cidade = elites+postal pa inglês ver.

Aliás, Lisboa parece ir de forma atabalhoada seguindo um pouco esse caminho, o que seria uma catástrofe... Agora, também não sejamos básicos ao ponto de criticar iniciativas como esta (festival ao largo), ou um quiosque bem localizado no Camões como exemplos de "gentrificação", são mas é exemplo de aumento dos níveis de qualidade de vida e da própria qualidade do espaço público.
Mais, no debate, tb se disse que a reabilitação urbana provoca sempre alguma "gentrificação" por elevar os preços na área de intervenção, etc... ora isso não tem de ser assim, há muitos esquemas e regulamentações que podem ser aplicados e mais determinante ainda, julgo eu, o facto de novas populações de rendimentos mais altos reocuparem a cidade não é por si só negativo. Antes pelo contrário, desde que, isso n seja feito à custa de expulsar os actuais residentes e se a reabilitação for orientada prioritariamente para a população agora obrigada a ir pós subúrbios, nomeadamente jovens.

Mas lá está, se daí resultar uma dinâmica em que algumas áreas até se tornem "hubs" culturais e até for "bem" ir pa algumas zonas do centro, fine by me, aliás, óptimo! Porque maior dinâmica terá a cidade e mais viva, cosmopolita e florescente ela será. Não pode é ser só e sobretudo isso!

Mas a bem da verdade, o estado calamitoso em que está Lisboa até pode ser uma ajuda, isto porque esta cidade está de tal forma abandonada, que há espaço de sobra pa isto tudo... Isto tem é que ser gerido de forma racional e tendo como objectivo o bem comum, o conjunto da Res Publica. Se n for todo este espaço vazio que existe será devorado pelos interesses e o que n der guita é deixado ao abandono, com uma ou duas experiências folclóricas só pa compor o ramalhete(q é o q se passa agora...). Bem, agora é q me lembro, q até fiz um trabalho sobre isto mm!

Enfim, fiquem mas é com um clip do show! Um grupo de cantares do sul de Itália e a Companhia Nacional de Bailado...


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Amin Malouf na Gulbenkian, Aviso à Navegação


Pois é, ontem Amin Malouf deu uma grande conferência na Gulbenkian. Grande pela multidão que lá esteve e pelo que disse. Aliás muitas das preocupações que sublinhou face ao presente e futuro da humanidade, sobretudo no início do debate, foram as mesmas que eu com outras palavras e tom transmiti na minha intervenção na VI convenção do BE (quem tem dúvidas pode ter o prazer de revê-la aqui).

Só duas notas, primeiro, foi muito uma perspectiva a partir da discussão da questão Cultural (no seu sentido mais lato), das migrações e do Choque-Encontro de civilizações... Também raspou na questão Ambiental, mas sendo estas dimensões determinantes para a construção de um outro mundo a verdade é que: a economia, sustentabilidade, a produção/distribuição de bens e serviços são áreas incontornáveis e sobre isso a reflexão de Malouf é limitada. De qq das formas subscrevo praticamente tudo o que disse... Sobretudo a tese dele que o mundo nos últimos 20 anos mudou profundamente e a humanidade ainda não criou "regras" e instituições" que permitam, no limite, a sobrevivência da espécie humana neste novo mundo, ainda, sem regras.

Bem ele regras tem, só que não são explicitas e são de tal forma moldadas ao serviço dos interesses do Império e do grande Capital que acabam por ser um autêntico garrote ao desenvolvimento e progresso da humanidade...

A segunda nota é relativa às quatro fontes de esperança que Malouf enunciou, a saber:
- Progresso Científico;
- Emergência do Sul, nomeadamente India e China;
- A União Europeia como modelo/utopia para o governo mundial;
- Obama o Símbolo e o Homem.

Bem, isto dava uma tese de doutoramento pa cada um dos tópicos, com várias nuances subscrevo estes "pilares de esperança", EXCEPTO A PARTE DA UNIÃO EUROPEIA, aí o homem atirou completa e redondamente ao lado, até quando começou por dizer que a UE tinha-se formado como uma associação voluntária de estados livres que pretendiam viver em paz e cooperarem uns com os outros... Vamos ver, um processo voluntário? Quer dizer, depois das duas mais bárbaras e brutais guerras que a humanidade alguma vez assistiu, que foram acima de tudo guerras civis europeias, depois das potências continentais terem sido todas elas derrotadas, estando confrontadas com o novo Império Americano a Oeste e o misto de "perigo Vermelho/imperialismo Russo" a leste, o que é que a França, Alemanha e Itália iriam fazer???
Já aqui lancei várias reflexões sobre a Europa e a União Europeia, , , .

Acrescento apenas isto, a Europa é muita coisa, mas é também o Continente que protagonizou os maiores Massacres, Barbáries, foi palco da maior Violência e das mais devastadoras Guerras. A Europa foi forjada a ferro e fogo, e foi assim que também praticamente subjugou o resto do mundo. E isto são coisas que vêm muito de trás e, muito importante, estão sempre latentes mesmo que achemos que isso "são tempos que já lá vão"... Portanto cuidado, muito cuidado em relação ao futuro e a olharmos para a Europa como modelo quase perfeito de sã convivência entre os povos... Se há coisa que a Europa não é, é ser uma espécie de região idílica, em que a Paz e a Integração Social são valores primordiais...
Aliás se esses valores estão presentes, isso deve-se ao movimento Operário/Popular-Comunista/Socialista/Anarquista que aqui na Europa se desenvolveu e floresceu como em nenhum outro continente.

PS - Também curti a respostas que Malouf deu a algumas Barbaridades ditas pelo António Vitorino (que foi uma espécie de anfitrião da conversa), o Eduardo Lourenço também falou, ou melhor discorreu, pó que ele disse podia ter gasto um quarto do tempo que gastou...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Honduras, relato do Terreno em primeiríssima mão.


É como disse, a "leiga" dos EUA que foi nossa guia em parte da viagem que fizémos à Venezuela encontra-se nas Honduras! Em seguida ponho directamente o relato que fez da viagem e da situação lá.
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Greetings from the quiet of the curfew here in Tegucigalpa, Honduras. The curfew has just begun, and the normal rattle of traffic outside this one-star hotel in the heart of the city is silenced.

Three of the seven of our delegation are tapping away at our computers, trying to put down some first impressions of this country that pulled our heart strings and brought us to Honduras, in spite of rather difficult odds of getting here. It took me 3 days from my home in Venezuela via Miami, San Salvador and lots of bus and taxi rides in the wee hours. Laura Slattery, former West Point grad, and SOAW prisoner of conscience bought her ticket to Honduras 2 hours after reading my email in California. Like all of us, she got stuck on Sunday when Honduras closed all its airports, as the president attempted, unsuccessfully, to return to his country. Never one to sit still for long, Laura then jumped on another plane to El Salvador to join me in coming over by land.

Kent Spriggs, human rights lawyer and SOAW activist from Florida made a similar quick decision to join us, and traveled from Atlanta together with Roy Bourgeois and Dan Kovalik of the United Steel Workers.They waited 2 days for the airport in Tegucigalpa to open, finally opted to fly to San Pedro Sula and go by land to the capital. Joe Mulligan, a Jesuit priest in Nicaragua and Tom Loudon of the Quixote Center, also gave us waiting for an air route, and left Managua at 4 a.m. to get here by bus this afternoon.

The 6-hour bus trip from that Laura and I took from San Salvador turned into 10+, due to military road checks and back ups at the entrance to this mountainous capital caused by blocked roads and marches. We got a flavor of the city with our first taxi ride from the bus station. Our driver, a gregarious and enterprising guy, piled several of us in to take us to 3 distant destinations. We got a good glimpse of the city and the massive amounts of graffiti on the walls:" fuera golpistas!" "no mas Pinochilettis" ."Mel te esperamos". As soon as the middle class lady who told us she was grateful to the new president for saving them from communism disembarked, the taxi driver turned to us to say that she was probably mad since Zelaya had raised minimum wages by 60 percent. Welcome to Honduras, a country divided, wounded, stunned and defiant. After converging in our little hotel, the seven of us headed to COFADEH to meet with their director, Bertha Oliva, who has been keeping us in the loop by cell phone reports during this week. Her first words during our dinner were "This is a coup not only to Honduras, but to all of Latin America". Bertha narrated to us the days before the coup. It was becoming clear that winds of change were sweeping through the country, and many of those in power felt threatened.

Joe and I had sensed this only a month earlier, when we visited Honduras and met with Zelaya on an SOAW visit. We were invited to participate in what was, without a doubt, the most fascinating meeting of my 32 years in Latin America. It was a 6 hour frank and open dialogue between the president, several of his ministers and some 30 leaders of the social movement - peasants, workers, indigenous, human rights, women, in which deep issues such as whether to close the Palmarola base, to continue with the free trade agreement, to send troops to the SOA, etc.The president listened, debated, asked questions. I had never witnessed such frank dialogue between such a collection of high government officials and social movement leaders. When I returned to the states, I shared that - while most people were looking elsewhere - such as El Salvador, that Honduras was the most fascinating country in Latin America at the moment. Little did I know.......

However, people like Bertha DID know that something was coming. On the night of June 25th, many leaders of the social movements gathered with the president. He was called to meet with four generals. Upon exiting the meeting, Zelaya told the close group of supporters, with a grave face, that he was going to announce the resignation of the Defense Minister, the destitution of the head of the armed forced (SOA grad Romeo Vasquez) and the cancellation of the consultative vote on the constitutional assembly, to be held on June 28th. The group insisted that he could not eliminate this consultation, that it belonged to the people. Betha said that she was one of them. While she said that as a human rights leader, it wasn't in her position to support or oppose a president, the consultation was something that had elevated the self esteem of the people. There was a sense, for the first time, that they were being taken into account in shaping the direction of their nation. The president agreed, and that night many knew that the coup was sealed. These powerful figures could not allow the consultation to win, as was clear would happen on June 28th.

And, there are so many other stories, but bed calls us. Tomorrow we hope to meet with leaders of the social movements, participate in a scheduled march, try to meet with someone from the U.S.embassy and do some interviews. But mostly, we hope to get a better sense of what Hondurans are experiencing at this moment, and to ask how we can help.
I"ll keep you posted, abrazos from Tegucigalpa, Lisa

Lisa Sullivan

Coordinadora para América Latina
Observatorio de la Escuela de las Américas
School of Americas Watch
Apartado Postal 437 Barquisimeto, Lara
Venezuela
58-251-935-0182