sábado, 28 de junho de 2008

ESTALINEGRADO!

Há 66 anos dava-se início daquela que foi a mais decisiva batalha da segunda-guerra mundial. A 28 de Junho de 1942 as hordas Nazi-Fascistas lançam a operação azul, após a falhada tentativa de capturar Moscovo no verão de 1941, esta nova campanha tinha como objectivo conquistar o cáucaso e os seus preciosos campos petrolíferos.

Ao início a coisa corre bem, o exército vermelho ainda não estava totalmente recomposto e uma ofensiva lançada na primavera na zona sul havia sido desbaratada pelos Teutões. Portanto até chegarem ao volga a operação azul correu francamente bem.

O problema para a Wehrmacht começou em Setembro, quando chegaram aos arrabaldes de Estalingrado… Ou fortificavam as suas posições e contentavam-se por controlar a margem oeste do volga, esperando por mais tropas para o assalto à cidade (parte do exeército alemão estava mais a sul a tentar controlar o Cáucaso propriamente dito), ou partiam ao assalto.

A decisão tomada foi a última, e a primeira troca de tiros foi entre mulheres soviéticas voluntárias que operavam canhões anti-aéreos e os tanques nazis… Até Fevereiro de 1943 decorreu esta épica batalha, no final o exército Alemão estava destroçado. O sexto exército que marchara triunfante em 1941 após a conquista de Paris fora eliminado. Foi o ponto de viragem da guerra.

Convém lembrar que em 1939, havia apenas um país “comunista” a União Soviética, a Europa à excepção da França, Inglaterra e Checoslováquia era dominada por Fascistas e ditaduras similares. Para além do continente Americano e do Japão o resto do mundo era dominado pelas potências coloniais europeias…

As consequências desta batalha foram muito para além dos metros de terreno conquistados e dos danos infligidos aos inimigos em batalha. Foi um confronto mortal entre duas perspectivas de ver e governar o mundo, felizmente as forças das trevas foram derrotadas… Imaginem que mundo teríamos hoje se tivesse sido ao contrário.

Passados 66 anos a minha homenagem ao exército Vermelho e ao Povo Soviético!


sexta-feira, 27 de junho de 2008

Marxismo 2008


É provavelmente o maior fórum de debate organizado pela Esquerda “Radical” na Europa.
Este ano eu vou!!!
Vejam o programa e convidados, é de luxo!
Honra seja feita, esta malta do SWP são umas máquinas!

Um dia do Século XXI

Anteontem Sarkozy e a sua respectiva fugiram aos trambolhões, assustados com um tiro num Aeroporto Israelita… Não, não era um atentado, mas um guarda que suicidava, mas como diz o ditado, “quem tem C# tem medo”.
Na Itália os meninos Nazis espalham terror pelas ruas de Roma e o governo quer entrar coma polícia nos “acampamentos nómadas” para identificar toda a gente…
Por cá dois juízes são agredidos em pleno tribunal, bem não, porque o tribunal está em risco de derrocada, por isso os julgamentos são realizados no pavilhão dos Bombeiros e na Junta de Freguesia… O problema não era falta de polícia… as instalações, ou falta delas, é que geraram esta situação. Não deixa de ter piada, isto sim revela o que são os atentados contra o estado de direito, não, não são os camionistas em luta. O que põe em causa, literalmente, a civilização e o estado de direito, são as políticas draconianas seguidas por este governo…
Como cereja em cima do bolo temos o novo acordo para revisão do código do trabalho que é mais uma facada na já dura vida de quem tem de alugar a sua força de trabalho para subsistir…

Entretanto no meu trabalho alguém disse (quando estávamos a discutir os trabalhos que deveriam ser pagos pelo nosso cliente) no século XX ninguém discutia isso, era mais “quanto queres? Toma lá!”… Pois o início do século XXI é o fim da era de abundância, é o fim de uma época de ouro do desenvolvimento do capitalismo em Portugal…



Estas mudanças sentidas na economia e sociedade, necessariamente irão exigir um reajuste das políticas, das tácticas e até das instituições. Espero que O Bloco perceba que estes são tempos, como dizia o slogan, de sermos exigentes. Isso implica dar continuidade à dinâmica do “Aqui e Agora” e não esquecer o PCP.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Salvador Allende faria amanhã 100 anos...



Último discurso, transmitido pela rádio, pelo presidente chileno Salvador Allende quando o golpe de estado de Pinochet e da CIA já se encontrava em marcha...

Amanhã, evocam-se os 100 anos do nascimento de Allende.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

2º Video Promo Marcha lgbt Lisboa 08

o video fala por si.

sábado, 14 de junho de 2008

NÃO!

Mandaram calar o povo, em Portugal o nosso primeiro, em debate parlamentar assumiu que a sua fidelidade era para com os restantes lideres europeus e não para com o povo português, quebrando uma promessa eleitoral obedeceu aos seus verdadeiros patrões.
Calaram Franceses, Holandeses e todos os restantes, não poderia haver uma brecha, se posto à consideração dos cidadãos o NÃO era o resultado previsível portanto qual a solução? Ir ao encontro da vontade popular? Por favor… Money talks e bullshit walks, portanto vá de aprovar no Parlamento onde o centrão dos interesses lá fará a respectiva e mui respeitável vénia a este tratado…
Mas os chatos dos Irlandeses tinham uma cláusula na constituição… Tinha de ser… Como em França todos os Partidos do sistema deram as mãos e disseram sim, com assento parlamentar só o Sien Fein (que relembro foi quem teve na origem da luta de independência e teve como ala militar o IRA), disse Não, estava certo e em sintonia com o povo (Este Post é em homenagem aos Irlandeses, especialmente aos Republicanos).
Neste momento tenho orgulho em ser Europeu, a vontade do povo foi clara, se mais referendos houvesse não há dúvidas de qual seria o resultado.

antes havia exposto as minhas inquietações quanto ao Projecto Europeu, como líder do Sien Fein disse, partilho da opinião que necessitamos de uma Europa unida e a cooperar, precisamos de uma União Europeia, mas uma União que promova políticas sociais e seja democrática.

Há menos tempo no final de um post sobre a paralisação dos transportes chamava atenção para o cada vez maior descrédito das instituições Europeias junto dos cidadãos. De facto, nos últimos dez anos deu-se uma viragem decisiva, A União era encarada com simpatia, uma instituição benéfica que ajudava à cooperação entre povos, promovia boas práticas ambientais, criava um ambiente que favorecia a troca de bens e serviços no seu seio, promovendo o desenvolvimento. Mas isso mudou, vivemos na Europa do Euro e correspondente aumento do custo de vida, a Europa do Banco Central que aumenta juros e não responde perante os cidadãos, a Europa que impões regras financeiras draconianas, que obriga ao desmantelamento do estado social. A Europa do pacto de estabilidade e promoção do desemprego. A Europa que lá longe toma decisões que tornam o nosso dia-à-dia mais difícil.
Como a bandeira, a UE está em chamas, o projecto Europeu está num impasse… Ou se torna democrático e socialista ou pura e simplesmente não se torna. Mas não é isso o que interessa ao grande capital, nunca será o caminho que os governos europeus irão propor, não foi para isso que foi criada... A implosão, ou mesmo explosão, já esteve mais longe… Cada vez mais tenho dúvidas que seja possível reformar as actuais instituições… Não sei até que ponto a única hipótese de ter uma Europa Social e Democrática, seja sobre as cinzas do actual processo.

PS- E não me venham com a conversa da treta de que a participação não foi elevada… Opinaram agora mais pessoas que todos os parlamentares da Europa postos juntos!!!

Bravos Irlandeses!

Obrigado Irlandeses!
Glória ao povo Irlandês e ao Sien Fein!
Cá vai a minha homenagem, deixo umas imagens de combatentes do IRA da guerra de independência contra o Império Britânico (1919-1921) e duas gloriosas canções! "Come ou ye Black and Tans" e "Go home british soldiers"











Democracia em Risco

O que não é racional é submeter a decisão popular matérias que, pela sua manifesta complexidade, a generalidade dos eleitores não pode razoavelmente compreender.

Ou seja, não é racional consultar o povo acerca do processo e da instituição que no presente mais condiciona as suas vidas.
Já agora quem tem capacidade de compreender todas as complexidades da macroeconomia, ou da geopolítica, ou das políticas energéticas?
Porque não sermos governados por uma elite de sábios, de pessoas altamente preparadas e educadas, que consigam lidar com, não apenas, a densidade mas o elevado número de variáveis que devem entrar em jogo no momento de formular soluções e tomar decisões no que à causa pública diz respeito?
A maralha que se entretenha com a bola, umas jolas frescas e sobretudo trabalhe, quanto ao resto deixem para quem sabe…

Pois é, à medida que avança a ofensiva Neo-Liberal, aumenta a resposta popular (mesmo que de forma algo tumultuosa, como de resto sempre aconteceu noutros momentos históricos de ascenso das lutas…). A democracia da era da abundância já não dá resultados previsíveis, correctos, “ponderados”.
Já antes tinha alertado para isto: A única hipótese de continuar com o desmantelamento do estado social, privatizações, etc… é recorrer de forma crescente à violência e repressão sobre os movimentos populares e ir contraindo o campo da democracia, reduzir o âmbito das decisões passíveis de serem tomadas pelos cidadãos.

Portanto, ou começamos a construir movimentos sólidos capazes de resistir e sobretudo passar à ofensiva ou ainda acabamos assim…

Por mim antes prevenir que remediar… Mas a história nunca acaba…

Paralisação dos Transportes, uma síntese

Ao longo dos últimos dias fui registando as minhas reflexões e sentimentos acerca da paralisação dos transportadores de mercadorias:

Á Pedrada!

Sangue no Asfalto

Uma Luta Exemplar

O aumento do preço do Petróleo, que daqui para a frente irá continuar de forma inexorável, a par com o aumento do custo de muitos outros recursos e matérias-primas implicará mudanças radicais no nosso quotidiano, modo de produção e por consequência de toda a super-estrutura, instituições, ideologias, etc…
O caderno reivindicativo dos transportadores era corporativo e não dá resposta aos problemas, não só do longo, mas mesmo do curto prazo. Para começar a solução não é baixar os impostos, mas nacionalizar este sector estratégico e orientá-lo para servir a sociedade e não acontecer ele a servir-se dela. E os impostos deverão ser utilizados para reconverter a nossa indústria e não manipulados para manter a curto prazo uma realidade insustentável.
Mas no actual contexto político-social não são essas as lições essenciais, ou digamos, mais urgentes…

Popular

Confesso ser impressionante a diferença de ambiente que senti quando lia a opinião publicada e quando ouvia os comentários no dia-à-dia.
Trabalho numa indústria e o meu trabalho foi profundamente afectado por este acontecimento. Lidei ao vivo e a cores com inúmeras empresas, pessoas cujo trabalho e os lucros, foram bloqueados por este protesto, no entanto não ouvi um único grito de revolta contra os piquetes, nunca ouvi (apesar dos custos) ideias de se formarem para-milícias para romper o bloqueio. Antes pelo contrário, só ouvi apoio e compreensão por este protesto. Aliás cada vez mais vou ouvindo que com o aumento do petróleo cada vez se ganha menos… Que qualquer coisa tem de mudar… De facto, este protesto só atingiu esta magnitude pela passividade cúmplice do conjunto do tecido empresarial…
Por isso mesmo soou-me algo desprendido da realidade os uivos histéricos que povoaram a blogosfera. Chego à conclusão que só quem não tem relação quotidiana com a realidade do tecido produtivo nacional pode ter lançado essas postas de pescada.
Aumento dos custos de produção, diminuição dos preços de venda, falta de liquidez (essa é uma queixa constante, ninguém está a pagar produtos a tempo e horas, acorda-se a 60 ou 90 dias mas as empresas só recebem seis meses depois…), cada vez mais a única solução (tal como fazem os trabalhadores em número crescente) é ir para o estrangeiro… Todos sabem que alguma coisa tem de mudar…
O cidadão comum também simpatizou com o protesto foi bom ver o governo impotente e encostado contra a parede…

Impacto

O país parou… Todos vimos, sentimos e ouvimos… A situação tornou-se de tal forma insustentável que o governo teve de ceder e foi completamente desautorizado. Já se viu, que a inflexibilidade é só para com os que não têm capacidade de reposta, ou que pior, que auto-impõe restrições aos seus movimentos de resistência. Também se percebeu que para obter resultados é preciso mais do que desfiles… É preciso demonstrar força, capacidade de sacrifício, confiança e não aceitar as regras de um jogo viciado à partida.

Organização na Acção

Outro ponto tem haver com o facto de este ter sido uma acção à margem, até contra, a associação “representativa” (afinal não representava grande coisa…) do sector, o protesto foi sendo conduzido pelos piquetes de activistas no terreno, quando a associação ad hoc tentou desmobilizar o protesto após uma reunião com o ministro foi ultrapassada pelos homens do terreno teve que dar o dito pelo não dito. Após 1 morto, vários incidentes, e à beira do caos, numa assembleia foi decidido o fim do protesto. Muitos sentiram-se traídos, talvez com razão, fizeram os sacrifícios pagaram um elevado preço e não obtiveram tudo o que queriam. Mas sempre arrancaram várias concessões e foram protagonistas de uma explosão que deixou marcas e um importante exemplo.
É verdade, o patronato organiza-se muito mais facilmente que o trabalho e tem à sua disposição meios mais poderosos, mas ser para o trabalho mais difícil não é desculpa. É preciso mais organização, inteligência e até mais altos sacrifícios mas um impacto ainda maior é possível.

Exemplo

Alguns tabus quebraram-se, o mais provável é assistirmos a um multiplicar de lutas de vários sectores e que essas lutas assumam um carácter mais radical.
A situação é explosiva, um aumentar da instabilidade da já frágil situação internacional, um incidente em tempos “normais” sem relevância, pode criar ondas de choque profundas… O país precisa de esperança e soluções.

A Resposta

O status quo está em descrédito, numa curva apertada, a sua única saída é aumentar a parada, mas ainda não têm força para isso! Este é o seu momento mais frágil, se não aproveitarmos agora para ganhar pontos, em breve, perante um pântano politico-social, instável, conflituoso e sem respostas, para além de um constante não, a Direita vai se reagrupar e atacar em força.
Antes disso temos nós de agir e agarrar o momento! Sobre isso já tenho falado e gaurdo mais para um próximo post.

The heat is on!

PS – Nem todos na blogosfera seguiram o Nacional-Totosismo, ou a Reacção pura e simples, este post do WeHaveKaosInTheGarden resume muito do que penso.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Uma Luta Exemplar

“Bush é o culpado disto tudo”
Encarregado das obras

“Esta luta é muito justa, devia era parar o país todo! Este governo não vale nada”

Popular entrevistada pela televisão carregando uma garrafa de 5 litros com gasóleo

Sendo dura, é das greves/paralisações que mais apoio popular tem tido, podendo até alastrar a outros sectores. Isto devido ao contexto socio-político e porque se vê que à capacidade de fazer mossa, esta é uma luta, no sentido literal, consequente.
Descreverei alguns pontos neste processo que me parecem importantes.

Numa assembleia dos patrões do sector dos transportadores, sábado passado, a direcção da Associação do Sector (ANTRAM), defendeu uma linha conciliatória, a maioria da assembleia não. Formaram uma comissão e à revelia da direcção marcaram uma paralisação do sector.
Segunda-feira iniciou-se o protesto. Surgiram os famosos “piquetes”, em pontos estratégicos colocados, sensibilizavam todos os colegas para a necessidade de pararem. Conscientes que para terem sucesso (porque não são agitadores profissionais cuja vida é fazer acções mais ou menos simbólicas) tinham mesmo de causar impacto, tiveram uma acção para além da sensibilização, como abordagens mais vigorosas aos colegas, apedrejamentos e ameaças. O que é certo é que a metodologia deu resultados, como aqui já referi, sei em primeira-mão de inúmeros carros e empresas que não saem com medo das consequências.
Os piquetes demonstraram a sua eficácia, é provavelmente o protesto desde o PREC que mais impacto tem no país. Como luta dura que está a ser (para Portugal, porque em Espanha e em França[1] os protestos geralmente são muito mais duros…) já teve as suas vítimas, um morto e dois feridos nas linhas de piquete.
Na terça-feira à noite a comissão que coordenava os protestos chegou a acordo com o governo e Antram e desconvocou a paralisação. Os piquetes disseram não, o protesto continuou. Esta é uma luta conduzida a partir da base, dos activistas no terreno, são eles que decidem o rumo das negociações e os métodos a aplicar, não uma super-estrutura profissional e calcificada, aliás a super-estrutura existente, neste momento está completamente desautorizada. Como li num Blog:

Se fossem estruturas sindicais a coordenar a acção, a sua disciplina e dinâmica centralizadora dificilmente permitiriam os excessos violentos que têm vindo a ocorrer.

Concordo com a frase, só que falta o reverso da medalha, não seriam permitidos os “excessos”, mas muito menos seria uma luta com o monumental impacto que está a causar!

O deputado do PCP Agostinho Lopes hoje no parlamento dizia “O governo não se incomodou com 200 000 trabalhadores na rua em protesto, é preciso para o país totalmente por seis dias para tomar atenção”, ÓBVIO!

Uma coisa é certa, as empresas de transportes podem até não conseguir tudo o que queriam, mas de certeza (como já hoje se viu do resultado das negociações entre governo e Antram) vão ver muitas das suas reivindicações escutadas. Que são resultados bem melhores dos que a CGTP tem para apresentar aos trabalhadores[2]... Claro que tudo isto tem custos, que o digam os Piqueteiros, com antes referi, um morto e dois feridos, mas lá está para se ganhar como eles vão ganhar tem de se estar disposto a pagar o preço.
Os movimentos sociais, sobretudo os sindicatos, têm duas grandes lições a tirar com este protesto dos Patrões (com amplo apoio dos trabalhadores do sector):
- Democracia de base, discussão em assembleia, direcções eleitas em assembleia em torno de propostas e para coordenar acções específicas. Não podem ser os funcionários sindicais a debitar e a malta passivamente a ir atrás, e a ser travada quando quer ir mais longe;
- Travar lutas que afectem, de facto, a vida quotidiana, uma greve uma manifestação tem de causar impacto não só pelo número de aderentes, mas pela capacidade de por entraves ao “normal” decorrer da vida social.

E devido a estes acontecimentos tenho adiado o meu texto sobre o Agora e Aqui, mas digo o seguinte, cada vez mais urge dar saídas, cada vez mais é necessário polarizar forças em torno de um programa mínimo de urgência:

- Manutenção do Estado Social, como garante do bem-estar mínimo da população e garantindo acesso Universal a bens essências, Saúde, Educação, Segurança Social, Água e Segurança;
- Intervenção do Estado na Economia, nomeadamente em sectores estratégicos como a Energia, é urgente re-nacionalizar a GALP e EDP, ainda para mais neste momento esta é uma proposta passível de ser apoiada pela maioria social do país;
- Reestruturação do sector produtivo e dos transportes de forma a se garantir a sustentabilidade ambiental e conseguirmos responder ao desafio que é o fim do petróleo barato;
- Dignidade ao Trabalho, propostas como esta última da UE, de se trabalhar 65 horas por semana são para esquecer!
- Política externa Anti-Imperal;
- Fomento da Democracia nos campos social, económico e reforço no plano político (incluindo reformas nas actuais instituições da democracia, possibilidade de um referendo revogatório a meio da legislatura parece-me bem).

Por um fórum das esquerdas e movimentos sociais que construam uma plataforma para romper com a crise e o centrão dos interesses instalados!

Camaradas Alerta! Temos de nos por muito finos!

PS 1– Houve quem ficasse ofendido com a minha denominação de certas linhas de pensamento como sendo Nacionais-Totosistas, logo os seus protagonistas como Nacionais Tótos, mas um pouco mais de seriedade e humildade na análise dos argumentos alheios não ficava mal.

PS 2- Um pequeno reparo para que não haja confusões, quando digo que a luta é exemplar não me refiro às causas invocadas e caderno reivindicativo, refiro-me à forma operacional de como tem decorrido.

[1] Em França após a II Guerra fuzilaram 30 000 colaboradores, em Portugal a seguir ao 25 de Abril prenderam meia-dúzia de PIDE que depois deixaram fugir…
[2] Não sou anti-CGTP, acho até uma peça fundamental no xadrês da luta político-social, mas as metodologias utilizadas são francamente desajustadas para os tempos que correm e poderia ser muito mais polarizadora na construção de um movimento social abrangente contra as políticas de Sócrates.

Sangue no Asfalto

Mataram um membro de um dos piquetes que estavam a sensibilizar os colegas para a paralisação do sector.
É simplesmente inqualificável assassinar alguém que está a exercer de forma plena a cidadania e a lutar por melhores condições para o seu sector.
Neste momento as minhas condolências vão para a família e colegas da vítima. Espero que o autor deste acto tenha uma punição exemplar.
Que a luta deste sector se alastre e fortifique e que sirva de exemplo para os restantes movimentos de contestação, são os meus votos sinceros, espero que amanhã pare tudo!

Espero também, que os por mim apelidados de “nacionais-tótós” (cujo habitat preferencial é a blogosfera) ponham a mão na consciência. O que é que são umas pedras e umas palavras mais duras comparadas com este nível de violência? Falta de respeito pelo estado de direito e pela autoridade democrática??? Tenham a santa paciência e pensem para além dos meros formalismos. Não é que as normas e convenções não tenham a sua importância, claro que sim, mas muito mais determinante é o conteúdo e substância das acções. Então perante uma ofensiva sem precedentes sobre o cidadão comum:
- destruição os serviços públicos de acesso universal;
- Subjugação do trabalho ao capital, agora com semanas de 65 horas!!! Elas já existem, eu que o diga, mas tornar isto oficial???
- Aumento geral do custo de vida;
- congelamento dos salários.
E não só isso, um primeiro ministro que chegou ao posto através da mentira descarada aos portugueses (referendo europeu??? 150 000 empregos??? Não aumentar impostos???) e que para além disso, ainda por cima é um aldrabão de primeira que tirou o curso por correspondência…

Estas políticas minam a própria democracia! Não é possível uma democracia real, se os cidadãos da Republica não têm o mínimo de protecção social, independência (alguma margem de manobra pelo menos…) face ao Patronato e ao Estado e disponibilidade de tempo para, pelo menos, se informarem acerca da causa pública. Ora, mesmo se ainda não foram feitos ataques ás instituições democráticas formais, na prática as bases da democracia, já estão a ser minadas! Voltamos ao século XIX com os seus caciques que arrebanhavam votos, como quem guia um rebanho! Claro num país de analfabetos, que iam prá praça da cidade todos os dias pedir trabalho estava-se à espera do quê???
Perante as políticas que nos arrastam para o fundo, políticas anti-democráticas que estão em directa contradição com o defendido nas eleições, vamos fazer o quê?
Sentar à espera das eleições enquanto o barco vai ao fundo?
Fazer desfiles para demonstrar a nossa insatisfação?
Escrever uma carta aos terroristas sociais que nos governam para ver se mudam de políticas?
Ou viver a cidadania de forma plena e com coragem procurar formas de impor regras e diria até medo aos que nos governam? Tentar de facto, no concreto, produzir movimentos e acções que impossibilitem o barco de ir ao fundo?

Quem é mais democrata? Aqueles que em assembleia discutem e partem para a luta para que a vontade do povo seja cumprida? Para que o prometido seja devido, ou aqueles que se lamentam, mas ficam à espera…

Já é um passo conseguir discernir as injustiças e analisar os erros, mas como diria o velho barbudo “Os filósofos só interpretaram o mundo de diferentes maneiras, do que se trata é de transformá-lo”. Panfletário? Necessariamente redutor, mas vai ao core desta discussão. E para transformá-lo é preciso muita cabeçada, basta saber de história para compreender isso.


Qual é o sentido de respeitar regras quando o adversário as viola todos os dias?
Quando todos os dias trabalhamos horas extras e o patrão não paga; quando todos os dias o nosso dinheiro vai através dos impostos para os ladrões que beneficiam das parcerias público-privadas; quando os empréstimos são perdoados aos filhos e extorquidos até ao couro aos enteados (vide BCP); quando os nossos governantes transitam dos ministérios, para os conselhos de administração das empresas a quem venderam favores e um recém-licenciado não consegue melhor do ser caixa de supermercado; quando a polícia dá bastonadas nos grevistas mas nunca vi darem essas mesmas bastonadas no patronato que todos os dias infringe as leis do trabalho, quando os nossos governantes nos mentem e nos levam para uma guerra assassina e são promovidos a rainhas de Inglaterra da Europa e eu tenho medo de aparecer na televisão numa manif porque posso sofrer represálias no trabalho…
Quando tudo isto se passa a preocupação do Nacional-tótó, muitas vezes não de forma consciente (outras sim), é atacar quem se insurge contra este estado de coisas e em vez de dar um contributo positivo e inteligente para a mudança refugia-se no intlectualmente facilitista escape de seguir as convenções: se A=B e se B=C, então A=C. Mas só fazendo uma análise completamente superficial é que se pode achar que meia dúzia (se tanto) de pedradas é igual a um assassinato, só uma análise perguiçosa pode igualar a violência quotidianamente imposta pelas classes dominantes e governos seus irmãos, a momentâneos picos de revolta e depois igualar essa revolta à repressão de que são alvo. Não, sendo ambos actos violentos, não significa o mesmo a mulher que mata o marido depois de ser espancada a vida toda mata o marido e o marido que espanca a vida toda a mulher até a matar. É a diferença entre liberdade e opressão, progresso e reacção…

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchons, marchons !
Qu'un sang impurAbreuve nos sillons !

Mai nada!
Força Para a Malta dos Piquetes!

PS – Relacionado com isto, mas noutro plano, há que pensar na imensa revolução que o nosso quotidiano e o nosso modo de produção vai ser alvo em virtude do aumento do custo da energia. De facto, todo este sector vai deixar de fazer sentido, a maneira como deslocamos os bens e mercadorias produzidos terá de ser radicalmente alterado… Mas isso não significa deixá-los há morte de um dia para o outro e têm todo o direito à revolta uma sociedade responsável o que deve fazer é em conjunto, com especial atenção para este sector que a longo prazo vai se reduzir drasticamente, procurar soluções…

terça-feira, 10 de junho de 2008

Á PEDRADA!

Recentemente tem havido um inegável incremento da confrontação social. São 100 mil professores num dia, 200 000 da CGTP noutro, é o fecho das urgências, o piquete da Valor Sul atacado à bastonada, os pescadores a parar e os confrontos na lota de Matosinhos e agora a paralisação dos transportes. E este recrudescimento da confrontação não tem sido apenas quantitativo, mas também qualitativo, é sobre isto e focando-me na paralisação de hoje que me debruçarei um pouco…

Protestos Consequentes

Antes de mais, pela primeira vez desde que estou a trabalhar um protesto social afectou directamente o meu trabalho, várias actividades que estavam programadas para hoje não decorreram por falta de fornecimento de materiais. E se o bloqueio continuar as consequências/custos para o tecido empresarial português serão de monta.
De facto uma manifestação com 200 000 é um sinal de grande força e vitalidade, uma greve que paralisa o sector público é também um facto significativo, mas não é mais do que uma demonstração visível de descontentamento e mal estar, não coloca a produção ou a vida social em causa, por outras palavras, não condiciona de forma directa a tomada de decisões da outra parte (ver este post do we have Kaos…)… É como um grande berro, não é o mesmo que uma bolachada que deita abaixo o adversário.
Nos dias que correm parar a produção numa fábrica, ou serviço determinado, não faz parar a máquina produtiva, um protesto social que queira causar mossa tem de cortar os canais de distribuição de mercadorias e pessoas. Ou seja mais do que parar vinte empresas, cinquenta escolas e quinhentos restaurantes, o que para a economia (e os lucros do capital) é bloquear as comunicações. Com estradas e comboios paralisados não circulam bens e mercadorias necessários, assim como a mão-de-obra para os processar. Os protestos sociais que queiram ser mais do que um acto simbólico terão de levar esta realidade em conta.
Outro aspecto interessante que tem o protesto de hoje é o facto de ser feito à margem da Associação que supostamente representa o sector, foi uma comissão had hoc formada no plenário de sábado passado (se não me engano foi no sábado…) que organizou este protesto e dá-me ideia que à medida que as notícias foram passando, o bloqueio foi alastrando e ganhando força. Em comum com o protesto dos pescadores tem o facto de ser um protesto de patrões e trabalhadores (todo um sector, embora no caso dos transportes sem tanta coesão, mas como o seu peso na economia é mais decisivo, mesmo menos coesos causam muito mais impacto) e de ser uma paragem por tempo indeterminado…
O governo está numa posição complicada, se não ceder, este é um protesto que a manter-se irá abalar e muito a economia, não sei que coelhos é que poderão sacar da cartola e o problema (para o Governo) é que se cederem (sinceramente alguma coisa terão de dar…) abrirão margem para protestos noutras áreas…

Sobre o uso da Força

Um factor decisivo no alastrar desta contestação (não nos esquecemos que é promovida por Patrões, umas quantas centenas deles bastam para parar milhares de camiões, o que é logo um grande capital inicial…) foi o uso de piquetes de “sensibilização”, mais ou menos musculados (a coisa pareceu-me relativamente espontânea e variável) e as pedradas aos veículos que furaram a paralisação. Posso assegurar em primeira mão, que muitos transportes não saíram à rua para as suas distribuições devido ao medo das ditas “pedradas” e dos danos resultantes… Mais eficaz isto é quando, obviamente, já existe uma predisposição para parar e quando a situação é de tal modo grave que há a sensação que alguma coisa é preciso fazer…
Aqui toco o busílis da questão, e volto ao ponto anterior, um protesto consequente tem de ser massivo, pode acontecer, como no caso dos professores, que todo o sector em massa adere ao protesto, mas uma coisa é uma manifestação ao fim de semana, outra coisa é parar o país. E há sempre franjas mais frágeis e pressionáveis de um dado corpo que para aderirem ao protesto precisam daquele pretexto, ou desculpa… Se se decretar uma greve geral muita gente não poderá, por pressão do patrão e outras, faltar ao trabalho, mas se não tiver meios de lá chegar ou for impedido por um piquete ou bloqueio já tem o pretexto/desculpa para aderir ao combate e parar sem tanto medo de represálias. Ainda a semana passada o meu chefe mais uns colegas, queixavam-se da situação actual “o que era preciso era bloquear as entradas de Lisboa! Ponto final ninguém sai nem entra!”, outro dizia “como é possível um sector desta importância não estar nas mãos do estado? Como é que entregaram isto a privados, claro só querem é o seu!”. Bem isto não são funcionários públicos, nem militantes do PC ou BE (embora desconfio q dois deles tendam bem mais pás esquerdas, que pá direita), são quadros de uma grande empresa privada… Ou seja, nem sempre a relação de forças permite acções mais “musculadas”, no entanto quando o problema é grave e existe ambiente social propício há que por o pé no acelerador e não ficar pela metade! O recurso à sensibilização “musculada” fez muito para o sucesso desta acção dos transportes.
Há uns tempos, veio a Lisboa, um activista estudantil francês falar sobre o CPE, quando perguntado se as greves que faziam era com bloqueio e fecho da faculdade, ele respondeu “Claro! Se não os professores marcam falta, há testes… e os estudantes têem de ir… Com bloqueio não”, voilá! Quando era dirigente estudantil, também uma vez em RGA sugerimos a realização de uma paralisação, a malta estava receptiva e logo da plateia várias vozes se levantaram e disseram o óbvio, paralisação sim, mas temos que bloquear as entradas para não haver aulas! E assim foi… Mesmo que meia dúzia de cromos fiquem irritados, o grosso da coluna é ganho, quando a coisa é a medo e “só faz quem quer e blá blá” a malta sente que é um protesto fraco e adere menos… Para que gastar tempo e energias em protestos que não vão dar em nada? Regra geral só mesmo os indefectíveis do costume aderem a esses protestos…
Infelizmente neste país ainda há muito “nacional-totosismo”… Com isto refiro-me àquela linha de pensamento[1], misto de naifeté de esquerda e provocação direitista, de que não podemos forçar as pessoas a participar, que a greve para ser válida tem de partir de cada um e não pode ser imposta, que não temos direito a impedir de ir às aulas, ou trabalhar, quem queira… Pois é, esquecem-se é da pressão e coacção tremenda que existe para não faltar às aulas e não faltar ao trabalho (toda a bateria de sanções que a entidade patronal pode utilizar da pressão psicológica ao despedimento), para contrabalançar essa força é que é indispensável que do outro lado as pessoas sintam confiança e capacidade de se defenderem dessas coações. Para além disto quando os benefícios da luta vão para todos, é mais que justo que todos participem na luta, seja na escola, trabalho ou sociedade em geral.
Nestes tempos em que as coisas estão a fiar mais fino, cada vez há menos disposição para aturar “nacional-totosismos”, não é disso que a malta precisa e é bom que tod@s estejamos bem cientes disso. Convido a reler o que já escrevi sobre a questão da viloência aqui.

Alerta

Novos tempos sem dúvida, lançarei mais dois alertas e para acabar mostro um sinal desta era.
Primeiro é que obviamente não defendo que em qualquer acção se deva participar de cocktail molotov na mochila, pedra numa mão e cacete na outra. Há momentos e espaços, há contextos e vontades. Mas não posso deixar que dizer que nos dias que correm, vamos precisar de mais que desfiles para mudar o rumo da história… Chamo a atenção para importância dos processos de luta nascerem de discussões livres e amplamente participadas. Só assim se ganha legitimidade e força para tomar medidas duras. Tem um significado completamente diferente uma assembleia de mil estudantes decidir, em discussão acesa, fechar a escola, ou um directório de vinte iluminados o decidir no fundo de uma qualquer cave… Até porque só processos democráticos e amplamente participados permitem juntar esforços e forjar a confiança necessária às acções mais ousadas e lutas mais prolongadas… É a partir daí que nascem os germens de colectivos que podem sustentar um novo poder no melhor dos casos, ou uma luta dura na pior…
Em segundo lugar esta paralisação (não tendo este sinal hoje! Ao contrário do que se passou no Chile em 73) dá ideia do que um sector do patronato pode fazer… é certo que os trabalhadores também estão mobilizados, mas atenção à força social do patronato unido… Na Venezuela a Revolução durante o lock-out venceu o braço de ferro porque tinha o apoio da população e de uma instituição com muitos meios, o exército (abriram armazéns, distribuíram bens, ocuparam muitos postos antes nas mãos de privados…). Em Portugal qualquer governo de esquerda que comece a tomar medidas a sério também será pressionado. No confronto social no terreno os votos valem o que valem, são parte importante para ganhar legitimidade, mas não ganham batalhas na rua… Para isso é preciso força social, instrumentos, capacidade de mobilização. Nunca nos esqueçamos disso.

Para acabar vejam esta imagem…



Notem no canto inferior esquerdo, é a primeira vez que vejo a bandeira da UE, queimada numa manifestação, é a queda de um mito… Diz muito sobre o estado do “Projecto Europeu”.

PS - Ainda não me esqueci do texto de balanço da festa Agora e Aqui! No cenário actual isso é muito importante!

[1] que inclusive alguma malta da suposta esquerda partilha.

A Direita Já Sabe…

O contexto português actual favorece a esquerda e assim será pelo menos até às eleições de 2009, a direita já percebeu isso e já está a fazer planos com isso em conta.
Em traços gerais em 2009 o PS ganha com maioria relativa, não aguenta a pressão social e não dá respostas, num pântano muito pior que o que levou em 2001 à demissão de Guterres, o governo PS quebra e há novas eleições…É aí que surge um PSD renovado, talvez com Pedro Passos Coelho, ou outro líder forte e apelativo, com um programa claro e determinado que dá saída ao impasse onde por agora estamos.





Claro que essa saída será tenebrosa, um liberalismo económico, necessariamente aliado a um reforço do autoritarismo e repressão social dos sectores contestatários. Fim do papel social do estado, fim do direito do trabalho e do conceito de trabalhador enquanto o conhecemos (é a célebre teoria do “compromisso Portugal”, deixa de haver trabalhadores e passamos todos a ser empresas em nome individual…), um regresso ao liberalismo mais selvagem à século XIX. Já há muita Direita a preparar-se, em grupos de reflexão, colóquios e afins. O programa de governo das direitas com a resposta à crise já está na forja… Quando o apresentarem virá bem estruturado e empacotado e de certeza que terá atrás de si a grande burguesia nacional, que às custas dos trabalhadores, dará umas migalhas aos Patrões de algumas pequenas e médias empresas. E refiro só um exemplo, no decorrer desta paralisação dos transportadores ouvi muita coisa, ataque às grandes empresas do sector dos transportes e aos lucros obscenos das petrolíferas (nomeadamente da Galp), defesa da nacionalização da Galp, mas também ouvi alguns patrões, por entre as críticas aos aumentos do combustível, falarem do peso excessivo da segurança social…


Pois bem, o que é facto é que a situação actual é insustentável… E se a saída não for progressista, com a renacionalização de sectores estratégicos, com um plano de reconversão energético, um plano de obras públicas decente, que responda à mudança do paradigma energético (fazer um mega-aeroporto, a contar com o aumento da circulação de aviões daqui a cinquenta anos, parece-me lunático tendo em conta que o aumento dos custos energéticos vai obrigar a uma enorme racionalização e redução das viagens e rotas). Dizia, se a saída não for progressista, será reaccionária e a resolução da crise será feita pondo o peso em cima do trabalho e estreitando a democracia.

Não podemos negar, o estado e a administração pública precisam de ser reformados e revitalizados, os serviços públicos da saúde à educação precisam de reformas, a próprias instituições da democracia precisam de levar uma volta (a parte boa é que em todas estas áreas já há bons exemplos o que é preciso é universalizá-los e sistematizá-los). Camaradas se não ocupamos agora o terreno, quando a situação nos favorece, eles o farão, e sem dó nem piedade… Por enquanto há uma brecha, mas eles estão à espreita, à espera da oportunidade… Camaradas é Agora e Aqui que temos de dar a resposta!




PS - Olhem bem para esta imagem... Como é possível? Isto é um autêntico sacrilégio!!! Peço Perdão para os mais puristas, mas a luta dos Jedis pela República, contra o Ímpério, é algo que me inspira e este cartaz... Pura e simplesmente repugnante! 25 de Novembro!!!! Que gente é esta????

Dia da Raça???

Este homem não está bem! Então não é que pressionado a comentar os protestos no sector dos transportes ele sai-se com esta "Hoje eu tenho que sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas"...
Ó chefe andas uma beca pó desactualizado, atão? A temperatura aquece e o verniz da múmia derrete... E eu que pensava que ele era a reserva estratégica do regime... Talvez me tenha enganado, isto como tá eles vão mesmo ter de arranjar novas personagens...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Lisboa - CML - Onde está o Zé ?


Desde que tomou posse,( do ponto de vista dos Lisboetas, e não dos ratos de sede e seus comissários políticos), Sá Fernandes desapareceu para a vida.
Não duvido que esteja atarefado, que se canse a trabalhar todos os dias, mas politicamente morreu. Continuamos à espera das ciclovias, do corredor verde, das esplanadas, da limpeza dos espaços verdes, para já não falar do papel vigilante junto dos restantes departamentos da Câmara.
Entretanto, deixem-me falar de um caso concreto: A praça das Flores, agora transformada em central de publicidade da "SKODA", foi arrigementada por aquela marca por uns milhares de euros, que servirão para pagar o arranjo do jardim. Só que entretanto, a praça ficará fechada por quase um mês, sem trânsito, e quer os moradores quer os comerciantes não estão a aguentar, sobretudo estes últimos que poderão ter de fechar as portas pois sem trânsito perdem muitos clientes. Ninguém avisou de nada, e muitos menos há sequer o direito de "concessionar " uma praça de Lisboa a uma marca. Não me admirarei se um dia aquilo for a praça "Skoda", mas entretanto pergunto: Onde está o Zé ?

A luta não vai, A Luta não pode parar !!!


200 000 mil pessoas a encher a avenida da Liberdade, a bater novo recorde de mobilização sindical pela CGTP, demonstração do falhanço das políticas do governo.
É verdade que algum do crescendo das lutas tem a ver com a próximas eleições de 2009, mas depois do défice orçamental praticamente corrigido, novas políticas são necessárias, sem fazer dos trabalhadores os bodes expiatórios da crise, sem adiar a distribuição dos rendimentos crescentes das empresas, e sem esquecer que em democracia 2 pessoas na rua não é o mesmo que 200000, depois de 100000 na manifestação dos professores, depois de tantos movimentos locais pelo SNS, inclusivé de sectores da direita, depois de 2 anos de "passeios" dos militares nas ruas de Lisboa a fazer lembrar o início do sec XX.
Neste momento, a luta não vai, a luta não pode parar!!!

Isto Promete...

Hoje não tive tempo, mas amanhã prometo um textinho, em jeito de rescaldo, a esse determinante (e espero eu consequente) facto político que foi o comício Agora e Aqui.

Como aperitivo deixo este bate boca entre Vitalino Canas e Alegre:
Referindo-se às afirmações de Vitalino Canas, porta-voz do PS, de que não era aconselhável a participação de militantes do PS em eventos do Bloco de Esquerda, "embora o PS seja um partido livre", Manuel Alegre disse que "antes do Dr. Vitalino Canas saber o que era a política, já eu tinha sido preso por lutar pela liberdade".
É preciso por esta corja na linha!

Abaixo deixo mais um mágnifico poster do we have Kaos in the garden, esta semana é rica em acontecimentos...


segunda-feira, 2 de junho de 2008

Não era pela tradição?















Parece que afinal as touradas existem é pelo dinheiro.

A comprová-lo está o facto das associações tauromáquicas, que como norma não reagem às manifestações "anti-tourada" (leia-se "pelos touros"), terem começado a reagir fortemente apenas quando ocorreu recentemente o cancelamento do patrocínio de várias empresas/marcas a eventos tauromáquicos (Caixa Geral Dep, Ben & Jerry, Super Bock).

É agora mais claro do que nunca quais são os objectivos da tauromaquia. Não é o de manter a tradição portuguesa (apesar de muitas tradições cruéis e não éticas já terem acabado), nem a celebração de uma arte (apesar do sofrimento e morte do touro ser um factor bem mais relevante que uma expressão artística), nem dar uma festa ao povo (que não está nem nunca esteve limitado às touradas para poder socializar), nem "manter" o touro bravo (que é uma argumento biologicamente falacioso, já que o touro bravo foi seleccionado artificialmente e por isso não tem qualquer relevância ou papel num ecossistema natural, ao contrário de um panda ou lince ibérico, por exemplo).

Afinal é mesmo pelo dinheiro.

E estas associações tauromáquicas já se começaram a mexer.

Por exemplo, a Associação Nacional de Forcados deixa-nos uma pérola no seu site:

"Não vamos ameaçar boicotes, vamos sim, manifestar junto dessas empresas que, pelo facto de terem cedido a este tipo de pressão, vamos ponderar seriamente em adquiri os seus produtos e/ou serviços, trocado estes por outras marcas alternativas e que apoiam a tauromaquia ou as actividades a ela ligadas."
(http://angfportugal.org/noticias_detail.php?aID=57)

Resta saber o que é que os aficionados entendem por "boicote". Diz o dicionário que um boicote é "não comprar, propositadamente, mercadorias de certa origem". "Ameaçar" significa "manifestar intenção de fazer mal" ou "estar iminente".
Mas eles clarificam que não vão ameaçar boicote aos produtos. Vão sim manifestar às empresas que vão ponderar seriamente não comprar os produtos. Sobre isto estamos esclarecidos!


Deixando de lado a forma e passando ao conteúdo, deixo alguns dados sobre o dinheiro envolvido neste tipo de eventos:
- Os toureiros recebem em média cerca de 10.000 euros por corrida (SIC, Reportagem “Vermelho e Negro”Junho 2003).
- No total são vendidos 2600 touros (para Portugal, Espanha e França) pelas ganadarias portuguesas por ano, com lucro de ~2000 euros por animal (DN, Julho 2007).

Numa altura em que os lucros dos ganadeiros e dos toureiros são astronómicos e é raro as praças de touros estarem cheias, este tipo de eventos apenas subsiste pelos patrocínios que vai conseguindo e pelos apoios financeiros das Câmaras Municipais directamente para as festas ou para grupos de forcados e escolas de toureiros.

São estes os pilares de suporte deste negócio manchado pelo sangue daqueles que eles dizem "gostar" e "proteger".

Não é o apoio massivo do povo. Esse já percebeu há muito que nenhuma tradição justifica o desespero do touro quando este se asfixia no seu próprio sangue. Já percebeu também que nada justifica uma festa em torno da provocação e crueldade a um animal.

A comprová-lo está uma sondagem de opinião de 2007 que mostra que a maioria absoluta dos portugueses são efectivamente pelo fim das touradas.
A comprová-lo está também o cada vez maior desespero dos empresários tauromáquicos ao oferecer bilhetes e fazer descontos "generosos" aos mais assíduos.

Num momento que também nenhum partido político com representatividade dá a cara pelas touradas (apenas o movimento pela monarquia o faz abertamente) e em que as touradas estão a perder aficionados, resta saber quando será o funeral e quem ficará de luto.

Ao movimento pelos direitos dos animais cabe continuar o seu trabalho pela sensibilização e formação esclarecida e aberta de todos, pela criação de pontes e diálogo entre associações, pela promoção das alternativas à exploração animal e pelo respeito por todos os animais.

Hugo Evangelista