sexta-feira, 28 de março de 2008

Uma tragédia americana


As eleições americanas estão a despertar uma onda de entusiasmo que ultrapassa em muito as fronteiras do país. A perspectiva de pôr fim a 8 anos de cruzada neoconservadora e a real possibilidade de pela primeira vez uma mulher ou um negro chegarem à presidência são certamente ingredientes importantes.


Mas a questão central destas eleições, dentro e fora dos EUA, é a questão do Iraque e da política externa americana. Obama tem captado as atenções com o seu discurso de oposição à guerra do Iraque. No entanto as suas propostas não são completamente originais.


A revista Foreign Affairs convidou os candidatos a escrever sobre as suas propostas para política externa, o que quer Obama (ver aqui) quer Hillary Clinton (ver aqui) fizeram em longos textos que estão a servir de base para os seus programas eleitorais. Quem tiver paciência siga os links e leia os textos. Pode também dedicar-se à interessante tarefa de descobrir as diferenças entre os dois programas. Caso não tenha fica aqui o resumo: um regresso a um multilateralismo musculado que inclui o estabelecimento de conversações com Irão e a Síria para estabilizar o Iraque, a retirada "responsável" das tropas do Iraque mas salvaguardando a manutenção de uma força na região que permita atacar a Al-Qaeda sempre que necessário, e last but not least concentrar o esforço de guerra no Afeganistão para derrotar a Al-Qaeda. Este é o programa de AMBOS os candidatos.



De notar que as propostas dos candidatos democratas são tributárias das conclusões do Iraq Study Group que em Dezembro de 2006 causou algum embaraço a Bush. Este relatório começou a cimentar um consenso de oposição ao projecto neoconservador que foi agarrado com entusiasmo pelos democratas. Não é no entanto um consenso pacifista mas sim de tentar salvar o imperialismo americano de uma derrota calamitosa no Iraque. Obama faz parte deste consenso e ninguém deve alimentar ilusões sobre as suas supostas vacilações. A sua política está bem definida (como resumi acima) e o homem não se cansa de a propagandear por todo o lado. Os democratas vão mesmo tentar sair do Iraque, o que não significa de forma alguma uma política de paz.



Perguntarão: mas então preferes o John McCain? Bom, se fosse afegão talvez sim, pois saberia que McCain iria concentrar os seus esforços numa guerra perdida no Iraque. Se fosse iraquiano talvez preferisse um dos democratas que tentaria abandonar o meu país para ir massacrar os afegãos. Se fosse americano e tivesse participado na revolta de Seattle e nas manifs antiguerra sentiria certamente a angústia de ter que escolher entre candidatos que propõem continuar a matar iraquianos ou passar a matar afegãos. Uma angústia reforçada pelo facto de o voto nos democratas ir mais uma vez adiar aquele que é um problema americano velho de gerações: a criação de uma organização política que represente realmente as aspirações do movimento popular. Como português posso apenas agarrar-me a este ponto e fazer uso da lição da criação do Bloco de Esquerda que quebrou o monopólio da representação do movimento popular pelo estalinismo do PC e o neoliberalismo do PS. É mesmo isto que vale a pena.

quinta-feira, 27 de março de 2008

AGENDA

Dia 28, é preciso uma boa desculpa para faltar:








E isto tb deve ser interessante:






O Regresso do Mahdi

Há coisa de poucos dias a Guerra do Iraque fez 5 anos, é o conflito, a contradição mais determinante dos nossos tempos. Este brutal conflito não só vitimou mais de 4000 soldados ao serviço do Império (já para não falar dos serviçais civis e dos mercenários contratados, cujos números são menos conhecidos), não só deu origem ao maior movimento de refugiados dos nossos dias, não só se calcula que tenha vitimado cerca de um milhão de Iraquianos… Este conflito demonstrou que a marcha Imperial não será uma procissão triunfal a que a populaça assiste alegre atirando flores ao cortejo… Não, não só o mapa de um novo médio-oriente, a surgir, será em sentido oposto ao pretendido pelos EUA e Israel, mas também no resto do mundo se abre espaço para alternativas aos dictats de Washington, veja se o caso da América Latina.

Vivemos novos tempos, o “fim da história”, o “consenso de Washington”, a globalização feliz, pertencem já a outro momento… As contradições inerentes ao desenrolar do processo histórico irrompem ao rubro, regressamos a uma era de conflitos, o consenso já não é regra, o que é extremamente positivo é o sinal, é a prova, que existe esperança para além da inexorável caminhada rumo à Barbárie neo-liberal tutelada pelo Imperador na Casa Branca. Obrigado Resistência Iraquiana, obrigado Hezbollah (a histórica vitória da resistência Libanesa face a Israel foi também um momento decisivo dos últimos anos), obrigado Chavez, obrigado a todo o movimento popular que se manifesta do Nepal (maoistas derrubam monarquia absoluta), passando pelo Tibete, Paris(derrota do CPE e no referendo à constituição), Alemanha (nova esquerda dá cartas) e mais exemplos há! Veja-se o nosso cantinho também, muito se pode fazer haja vontade e unhas para tocar guitarra! Bom claro que com análises como a que abaixo cito não vamos a lado nenhum:

A esquerda tem sido derrotada. Desiluda-se quem, constatando esta derrota, procura para ela um alibi restringindo esse recuo à Europa e pretendendo que, na América Latina ou na Ásia, se erguem novos contingentes de combates iluminadores. A situação nesses continentes é provavelmente pior do que na Europa, dada a violência da ofensiva e a fragilidade das condições da resistência. A Argentina serve de exemplo: onde a tradição do movimento operário era mais enraizada, onde a esquerda revolucionária era mais organizada, onde a revolta popular deu origem a movimentos de auto-organização que determinaram o colapso de sucessivos presidentes, foi onde o recuo se instalou mais depressa. No Brasil, onde a possibilidade de mudar a relação de forças era mais óbvia, a capitulação do PT fez a esquerda recuar uma geração.

A esquerda tem sido derrotada pela globalização realmente existente. Pela estratificação do desemprego e pela precarização da estrutura do trabalho, pelo avanço do liberalismo, pela unipolaridade mundial do supra-imperialismo, pela consolidação das instituições que transformam a Europa num Estado fechado contra a democracia e os direitos sociais. Mas talvez impressione mais que essa derrota tem sido marcada pela falta de combate ideológico, pela falta de ambição para a redefinição de um programa socialista, pela falta de ideias e de debate sobre os caminhos de resposta e de contra-ofensiva. A esquerda está prostrada.

Francisco Louçã, O sectarismo, um fantasma que ameaça a esquerda

Louça é o maior Tribuno da República, sem duvida a figura política que mais tem contribuído para um virar de página no actual regime, mas (e os amigos não são só para prestar vassalagem…) de momento anda estrategicamente desorientado, não se vislumbram no seu pensamento respostas para o momento actual, nem lucidez na sua análise. É pena, contudo também acho que nenhuma personagem isolada (ou mesmo movimento) tem o monopólio da razão. Espero sinceramente que consiga recuperar o seu faro político, se não então que do mal, o menos e que o movimento não fique tolhido devido aos “vacilanços” do seu mais estimado líder.

Voltando ao centro das convulsões, o Iraque, chamo a atenção que para além da propaganda, de facto, os EUA, por várias tácticas têm conseguido gerir melhor o problema, no entanto o vespeiro onde se meteram e criaram é de tal forma poderoso que rompe por vários lados! Se não são os Sunitas e o pau para todas as justificações, a Al-Quaeda, é a difícil escolha entre Turcos e Curdos. Podem escolher apoiar-se no Xiismo oficial mas esse xiismo é telecomandado a partir de Teerão. O Mahdi, o Messias islamo-nacional-populista é o que mais independência tem de Teerão, mas também de Washington… O Império encontrou uma equação de resolução deveras complicada se não parte de um lado fractura do outro. Pensando ter acalmado suficientemente a insurgência sunita, os EUA e seus fantoches (espera mas os fantoches nem são deles! São do Irão lol) viram-se para o alvo nº 2, o movimento do Mahdi. Veremos qual o desfecho… Uma coisa é certa os EUA só livrarão a face se tiver grande colaboração de os vizinhos do Iraque, Irão, Síria, Turquia, Arábia Saudita, Jordânia, Kwait, mas primeiro têm de ter vontade de fazerisso e pagar o preço, segundo mesmo que queiram vai ser difícil conciliar interesses tão dispares, lá voltamos à tal equação difícil…

Mesmo que a suposta estabilidade resultante do reforço das tropas fosse permanente, esta guerra já produziu consequências que afectaram o processo histórico de maneira decisiva. Mas os sinais indicam que a procissão ainda vai no átrio…



PS - People metam etiquetas nos vossos Posts e Rui quem é que preferias ter na Casa Branca daqui a uma ano?
Um falcão na onda Reagan, ou o Obama? Eu não tenho dúvidas, quero alguém que vá vacilar e que na pior das hipóteses seja uma fraude relativamente à vontade popular e a manter a ocupação que o faça de forma ilegitima. O pior neste momento era dar carta branca e caução popular ao militarismo made in USA. Nos momentos críticos a legitimidade não é tudo, mas conta muito mais do que muitos pensam...

quarta-feira, 26 de março de 2008

Eles andam aí

O Washington Post publicou em Outubro de 2007 uma lista dos conselheiros para a política externa de cada um dos candidatos a candidato à Casa Branca. De notar que os dois gurus da supremacia imperialista americana Henry Kissinger e Zbignew Brzezinski, estão a dar conselhos respectivamente a John McCain e Barack Obama. A lista é uma leitura que dá que pensar, sobretudo para que pensa que a eleição pode trazer alguma nova era na política externa da Casa Branca. Isto é só para abrir o apetite. Em breve publicarei mais informação sobre as políticas dos candidatos democratas. Sobre John McCain não vale a pena, já se sabe que é o continuador da linha neoconservadora.

terça-feira, 25 de março de 2008

Marinho e Pinto


Está neste exacto momento na TV, SICNOTICIAS.
AH Ganda Márinho !!!!

A história das eleições americanas

Cartoon tirado da ZNet.

A bombar



A bombar = "deitar bombas, lançar granadas."
Pois é, entre ler o blog e colocar mais uma posta apareceu outra que não era minha.
Isto está mesmo on fire !!!

segunda-feira, 24 de março de 2008

A pensar (I)


Aqui mais no nosso umbigo, temos a importante questão da política de coligações.
Hoje, na edição do público vem André Freire mais uma vez sustentar a questão: Estará a esquerda disponível para soluções responsáveis de governo, tal como esteve a direita PSD-CDS ?
Pôr a questão nestes moldes é já uma posição e uma resposta.
Temos 12 meses para lhe responder.

Tibete: Por uma alternativa Marxista ?

Caro Faustino: Concordo com quase tudo o que disseste.
O quase que falta para o tudo é o que diz respeito ao penúltimo parágrafo: Usas jargão que sabes que marca terreno ideológico. Mas eu penso que respeitar a autodeterminação dos povos é mesmo isso: respeitar. Não nos cabe a nós dizer qual a receita para o Tibete, eles têm uma organização política própria, eles deverão poder escolher se querem ser apenas uma provincia autónoma da China ou uma país completamente independente, mesmo com o risco de virem a ser um protectorado. Aceitar os principios da autodeterminação não pode ser sucedido pela palavra "todavia". Ou se aceita ou não se aceita. ponto.

We don't do body counts


“Não contamos cadáveres” foi a política anunciada pelo general Tommy Franks em 2002 no Afeganistão. Nessa altura a ocupação do Iraque estava ainda na sua fase preparatória mas a política de Franks iria ser aplicada com todo o rigor no novo cenário de guerra. Hoje ninguém sabe com exactidão quantos iraquianos já morreram mas há estimativas que apontam para um número superior a um milhão. Quando os cadáveres não são importantes a única coisa que se pode fazer é estimativas sobre o seu número. Sejam quais forem os seus resultados elas são reveladoras da catástrofe que George Bush fez abater sobre o povo do Iraque. Mas isto é certamente resultado de uma estrutura mental limitada pelos dogmas da extrema esquerda.
José Pacheco Pereira, também general mas de sofá, não perde tempo com estes detalhes no seu incansável combate pela liberdade dos iraquianos e alerta contra essa nefasta prática de contagem de cadáveres, desonestamente instigada por gente do Bloco de Esquerda, e que obscurece os sucessos da ocupação.

Outro coerente general, José Manuel Fernandes, deixou passar o aniversário da ocupação sem nos brindar com o seu pensamento estratégico. No editorial do Público de dia 18 de Março JMF exalta as virtudes da vida no campo, a 19 aproxima-se mais de Washington e fala dos sucessos do ensino da matemática nos EUA (não fica claro se aprendem a contar cadáveres), a 20 zurze o governo por não privatizar os hospitais e pôr Portugal a um passo de se transformar numa República Popular. Estará a fraquejar nas suas convicções? Ou preferiu deixar a Pacheco Pereira o trabalho sujo de defender o indefensável?



Digo Eu (Rack): Pensava que ele estava no Iraque

sexta-feira, 21 de março de 2008






O camarada Jerónimo parece preocupado com os jogos olímpicos de 2008, a realizar no maior país capitaliopscomunista do mundo. Segundo o camarada, líder DO PARTIDO, os Tibetanos, esses grandes marotos, estão a aproveitar o evento para aumentar a tensão em relação às questão Tibetana.

De que lado está o PCP afinal ? Da liberdade de um povo que, como o timorense, tem o direito a ver-se livre do libélo duma ditadura baseada na escravidão e na pena de morte, ou do lado dos seus "camaradas" chineses, que construiram o país onde o capitalismo atinge a sua máxima brutalidade?

É claro que os Tibetanos, que não nasceram ontem, fazem como todos os bons políticos e também como fez o PCP antes e depois do 25 de Abril: aproveitam, e bem, os momentos históricos de maior tensão e conflito para fazer passar a sua mensagem, que é uma mensagem de liberdade e de confronto com a potência colonizadora.

Para quem está sempre tão preocupado com a consituição portuguesa, Jerónimo devia ler novamente a parte em que se diz que Portugal é contra o colonialismo. É que foi com os votos do partido dele que tal menção foi aprovada.

O imperialismo cega mesmo, e Roma (Beijing) não perdoa aos seus traidores.

quarta-feira, 19 de março de 2008

América alternativa

Bombardeámos Hiroshima, bombardeámos Nagasaki, matámos muito mais do que os milhares que morreram em Nova Iorque e no Pentágono e ne sequer pestanejámos. Apoiámos terrorismo de estado contra os palestinianos e os negros sul-africanos, e agora estamos indignados porque aquilo que fizemos lá fora está a ser devolvido aqui às nossas portas. O feitiço americano voltou-se contra o feiticeiro.



São estas algumas das palavras da última polémica das primárias democratas. Foram proferidas pelo padre Jeremiah Wright pouco depois do 11 de Setembro, são um verdadeiro ultraje para o politicamente correcto americano e têm sido trazidas para a comunicação social para embaraçar a candidatura de Obama. Obama não se deixou embaraçar, denunciou qualquer comentário que possa denegrir a Nação e Wright afastou-se (ou foi afastado, não se sabe ao certo) do grupo dos apoiantes da sua candidatura.







Quem não deixa impressionar com os ataques ao bom nome da Nação é Cindy Sheehan, a mãe de uma soldado americano morto no Iraque e que após a morte do filho se tornou uma das mais importantes activistas do movimento anti-guerra. Num interessante texto dá o seu apoio às palavras do padre Wright. O texto é ainda mais interessante porque Sheehan decidiu candidatar-se ao Congresso americano nas eleições de Novembro concorrendo contra Nancy Pelosi, a actual presidente da Câmara de Representantes.

terça-feira, 18 de março de 2008


O Governo rosa, que está extremamente preocupado em resolver os reais problemas no nosso país, quer proibir as tatuagens e piercings a menores de 18 anos e a proibição total de piercings em alguns locais do corpo como a língua e boca.

A ser aprovada esta proposta, aos 16 anos já podemos pagar impostos e chamados para ir para a guerra, mas não podemos fazer uma tatuagem no ombro e nunca na nossa vida poderemos colocar um piercing na bochecha.

Assim, o Governo acha que pode e deve limitar a maneira como nos apresentamos, como usamos o nosso corpo, como nos sentimos melhor.

Fazem por não entender que os piercings e tatuagens são feitos sempre de livre vontade pelos seus intervenientes (quem os coloca e quem os recebe), ao contrário do que se passa em Portugal, por exemplo, com animais de criação.

Porque é que o incómodo de quem vê um piercing na língua vale mais que a minha liberdade? Porque é que o trabalho de não olhar vale mais que eu poder fazer com o meu corpo aquilo que quero, sem colocar o corpo dos outros em risco?

Quem manda no meu corpo sou eu!

Ainda a Manif dos Prof's


O povo é sereno, mas desta vez não é só fumaça ...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Estrondoso suceso da ocupação!



Ao fim de 5 anos, a ocupação do Iraque começa a dar os seus frutos. Os resultados são palpáveis e só esquerdistas obstinados os podem ignorar. A notícia é oficial, está no site do Department of Defence, o ministério da defesa americano. Na localidade de Abu Lukah a produção dos aviários da terra regressou a niveis semelhantes aos da época pré-invasão.

A imagem ao lado é uma foto do Pentágono de ternurentos e autênticos pintainhos iraquianos gratos pela estabilidade que finalmente regressou ao país.

Ruptura Democrática de Esquerda

O país "não pode estar condenado a alternância sem alternativa" dos Governos do PS e do PSD e, por isso, defendeu a criação de "uma ruptura democrática de esquerda" que reúna as forças políticas descontentes com a actual política em Portugal, independentes e forças sociais.

Pois é o Jerónimo de Sousa já se anda a mexer e no sentido certo!!! É obvio que necessitamos de uma plataforma/programa comum em torno do qual a esquerda se polarize para dar uma alternativa real ao país.

Amanhã é tarde demais, já para não falar daqui a 10 ou 20 anos!!! (como inacreditavelmente ouvi da boca do principal dirigente do Bloco) A alternativa a apresentar é AGORA. AGORA é que a direita está desbaratada, AGORA é que o PS oficial está desgastado, AGORA é que as massas estão abertas a acolher uma proposta deste género. Não ter para AGORA uma alternativa real que tenha a capacidade de resolver pela esquerda as contradições da sociedade portuguesa é, no mínimo, andar a dormir na formatura. Os tempos que vivemos já não são os dos anos 90, não estamos em 99 quando se formou o BE. AGORA exige-se mais.


A curto médio prazo temos a responsabilidade de apresentar uma alternativa de governo, a médio prazo a direita vai se organizar em torno de um programa claro e radical que responda aos problemas e contradições actualmente existentes. Se ficarmos a ver vamos ter uma reedição dos dez anos Cavaquistas mas numa versão mais Hard Core. Se ficarmos a ver a alternativa para o BE vai ser a marginalidade ou ser forçado a servir de muleta ao PS para afastar o perigo da direita Dura... Antes disso a esquerda à esquerda desta governação tem de se unir e polarizar o descontentamento "difuso", neste momento o Bloco sozinho não o consegue, o PCP sozinho não o consegue, a ala Alegrista (sentido lato) não o consegue e para mais não tem uma estratégia clara. Só reunindo todas estas hostes, e mais elementos que existem no campo social, é que será possível apresentar um programa com força para vencer na sociedade.
Não precisamos de mais 2 ou 3 deputados, não precisamos de mais 5 ou 6 novos militantes. Precisamos de ganhar o governo do país!!! Precisamos de um movimento popular de massas que defenda o programa dessa plataforma!!! Menos do que isso é entregar o ouro ao bandido!
Camaradas de todos os matizes, é altura de dispensar o acessório e concentrarmo-nos no essencial e o tempo não está do nosso lado, os amanhãs que cantam soam melodias de um pesadelo neo-liberal autoritário!

Camaradas era bom se o Bloco fosse lentamente crescendo até se tornar no plano social e eleitoral o pólo de atracção de todos os que se opõe ao actual regime e que fosse a organização que liderasse o processo de ruptura e superação do status quo. Camaradas isso não vai acontecer, não há tempo para isso e a história não funciona assim. E sinceramente que melhor meio para o Bloco crescer que estando no centro de um movimento amplo de massas? Porquê o medo da diluição? Temos medo das nossas convicções? Temos medo da nossa militância não captar mas ser captada? Temos medo de não ter uma linha clara no seio desse movimento e por consequência sermos levados na corrente? Camaradas se há esses medos então resolvamos estas questões, resolvamos as questões e lancemo-nos neste projecto.
Não subestimem a importância do momento histórico a que assistimos.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Obama, Medo e Esperança


Obama não é o novo Lenine, Obama também não era, dos possíveis, o melhor candidato para liderar uma mudança progressista de políticas nos EUA, como já o tinha dito o meu candidato seria John Edwards.
De qualquer das formas à que não menosprezar o potencial da sua candidatura e sentido geral da sua campanha. Primeiro no que concerne às medidas concretas propostas há que fazer a comparação com o estado actual da política Norte-Americana e não qualquer mundo ideal imaginário. A pergunta não é se Obama rompe com todas as contradições da sociedade dos EUA pela esquerda, já sabemos que não. A questão é se consegue abrir campo para essas transformações? Creio que sim, pelo menos muito mais do que se fosse Mcain a ganhar as eleições…
Dito de outra forma, não é indiferente Barak Hussein Obama ser negro, filho de imigrante e ter votado contra a intervenção dos EUA no Iraque. Não é indiferente propor mudanças no sistema de saúde, não é indiferente mobilizar vastas camadas populares (sobretudo jovens) que estavam antes alheadas da política, não é indiferente ancorar a sua campanha na Esperança.
Aliás a Esperança é para mim a base de qualquer projecto progressista, a Esperança de que é possível mais e melhor e não estamos condenados ao status quo, bem diferente do medo, um dos principais aliados da reacção e das classes possidentes, o medo do diferente, do comunista, do terrorista… Claro que o medo é um sentimento poderosíssimo e a direita não detém o seu copyright, aliás em determinadas circunstâncias históricas, tal como na vida, é mais do que justificável… Foi o medo sentido pelos Franceses, nomeadamente os parisienses, justamente fundado na declaração do Duque de Brunswick que impeliu o povo para uma das mais épicas e determinantes jornadas da história da humanidade, que culminou no fim do feudalismo e na emergência da modernidade. Foi também o medo de Kornilov primeiro e do regresso da servidão depois que colocou a população russa firmemente do lado da Revolução de Outubro. Mas o projecto pelo qual quer Jacobinos (num sentido lato), quer Bolsheviques se bateram era de emancipação e esperança, esperança num outro mundo, esperança de que era possível organizar a vida de outra forma mais Justa, Livre e Igual. Que não tem nada a ver com o amedontrar a população com espantalhos para que esta não se mobilize e ponha em causa os interesses instituídos. Yes we can, não é de menosprezar e para manter a veia heterodoxa bem viva, não resisto a aconselhar este bom texto de, sim o belzebu de uma certa extrema-esquerda, Daniel Oliveira.

Dito isto e voltando ao início, não será Obama, qual Prometeu, que entregará a tocha da sabedoria e com ela irá iluminar o povo a caminho do socialismo. Será o movimento popular, o movimento contra a guerra, os cidadãos em luta por condições mínimas de vida, os movimentos de imigrantes e trabalhadores, que poderão impor a paz e outro tipo de políticas. O que é certo é que uma vitória de Obama daria alento a esses sectores e deixaria uma porta aberta para, então sim, reais mudanças. A questão é saber depois aproveitar essa brecha…
Se estivesse nos EUA saberia em quem iria votar.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Fallon's fall




O Almirante William J. Fallon demitiu-se ontem do seu cargo de comandante das tropas americanas no Médio Oriente. Mais exactamente abandonou a direcção do "Comando Central", uma das seis áreas em que os Estados Unidos dividiram o mundo para organizar a sua presença militar. Fallon despediu-se depois de vários meses de divergências públicas com George Bush, tendo a sua oposição a um eventual ataque ao Irão ganho especial relevância na comunicação social. Para além disso defende também uma redução das tropas no Iraque. Mas atenção, o Almirante não é nenhuma pomba. O seu objectivo é reforçar a presença americana no Afeganistão para combater os guerrilheiros Talibã. Curiosamente, é exactamente a mesma política que Barack Obama, para muitos a pomba mais vistosa do firmamento político americano, defende para o Médio Oriente.

terça-feira, 11 de março de 2008

domingo, 9 de março de 2008

O Governo Treme


100 000 Professores &Cª nas Ruas de Lisboa, o governo está nervoso e a Rua começa a condicionar os gabinetes. Esta hora é de saudação aos professores e a todos que têm vindo a contribuir para um desenrolar em crescendo desta luta. E especialmente a Mário Nogueira, tem estado à altura das responsablididades, pelo menos até ver.


Obama e a Palestina: o homem que não vai mudar coisa nenhuma



Já alguns jornalistas independentes americanos andavam a avisar que Barack Obama parecia ter um ponto fraco na sua falta de entusiasmo na defesa do apartheid israelita. Recentemente o candidato fez uma afirmação que é um verdadeiro crime de lesa-pátria para o lobby sionista:


"Penso que há uma corrente entre a comunidade pró-Israel que diz que quem não adopte em relação a Israel uma inabalável atitude pró-Likud então é anti-Israel e essa não pode ser a medida da nossa amizade com Israel. Se não podemos ter um diálogo honesto sobre como atingir estes objectivos, então não haverá progresso."

Mas a bem da elegibilidade o candidato não tardou a emendar a mão. Numa entrevista recente clarifica o seu ponto de vista: levará para a Casa Branca "um compromisso inabalável com a segurança de Israel", algo que aliás faz parte de um monolítico e "forte consenso bi-partidário" ao qual o candidato se orgulha de pertencer. O consenso já tem barbas mas Obama explica novamente para mostrar que estudou bem a lição: "Israel tem que ter confiança numa liderança palestiniana comprometida com a paz e capaz de honrar esse compromisso". Ou seja, Israel pode anexar e sequear os territórios palestinianos e ainda exigir que os dirigentes palestinianos se portem como capachos. É assim um presidente em construção.